Feijão Doce

O feijão faz parte da nossa dieta. No entanto, quase sempre cozido e salgado. Infelizmente, muita gente ainda abomina a idéia de que feijão possa ser doce, inteiro ou em pasta. E no Japão, o feijão salgado e com carnes e gorduras, parece ser simplesmente nojento. Hábitos e cultura.

Como filha de descendentes e nascida no Brasil, acho normal ambas. Gosto de uma feijoada e gosto de doce de feijão. Em comum, é que ambos dão um certo trabalho para preparar. Para os brasileiros, o feijão é um alimento que nutre, que sustenta (e, infelizmente, dizem, está sumindo das mesas e sendo substituído por outros ingredientes de preparo mais rápido…). Para os japoneses, também tem a fama de fortificante. Mas os japoneses não consomem apenas feijão doce. Na verdade, leguminosas estão presentes quase que diariamente na mesa nipônico. Porque o soja também é uma leguminosa. Tofu, age (tofu frito), natto (feijão soja fermentado), yuba (película que se forma na superfícia do leite de soja), okara (resíduo do soja, depois que o leite é retirado), edamame (soja verde, cozido, consumido muitas vezes como aperitivo), gammodoki (bolinho frito feito com massa de soja e legumes diversos, picados).

A receita de hoje é o Amanato, que antigamente era chamado de Hamananatto (existe um lago chamado Hamana a leste de Hamamatsu, mas não tenho certeza se o nome tem algo a ver com esse lago). Nada mais é que feijão, cozido lentamente, em calda açucarada. O interior dos grãos se torna tenro e adocicado. Para alguns, a consistência lembra jujuba. Para outros, lembra castanhas portuguesas. Um docinho bom para se beliscar e que dura algumas semanas na geladeira.

Amanato

1/2 quilo de favas brancas
1 quilo de açúcar
Deixei as favas de molho em água fria por horas (o tempo vai variar, favas novas, velhas, temperatura ambiente…). Depois levei para ferver por uns 10 minutos em fogo baixo. Joguei metade da água fora, cobri com mais água fria, tornei a cozinhar por mais 10 minutos e tornei a jogar metade da água e tudo novamente mais um a vez. Tudo para que o caldo do cozimento das favas não contivesse amido demais e nem cor. Tirei a espuma que se formou na superfície com uma concha. Aí deixei cozinhar em fogo brando – para que a película dos grãos não se rompessem e as favas mantivessem o formato.
Cozidas e macias, mas ainda mantendo o formato, juntei meio quilo de açúcar, deixei levantar fervura e desliguei. Porquê? Para que o açúcar penetrasse no feijão. Não havia mais necessidade em cozinhar os grãos. E depois de frio, tornei a juntar mais meio quilo de açúcar, deixar romper a fervura, para logo em seguida desligar o fogo. Tornei a reaquecer mais umas duas vezes, até que os grãos estivessem impregnados de açúcar. Para saber o ponto, partia um grão (na verdade, comia meio grão) e via se estava branco como uma batata no meio ou ligeiramente transparente.
Resista à tentação de ferver continuamente as favas. Eu experimentei e quando a calda engrossa, a água de dentro dos grãos escapa e o feijão fica duro. Mantenha a calda rala e os feijões totalmente cobertos com ela.
Escorra. Sobrou bastante caldo e as favas não tinham muito brilho. Então fervi a calda até engrossar ligeiramente. Testei o ponto entre os dedos. A calda deslizava, um pouco mais branda que mel. Despejei sobre as favas e tornei a escorrer.

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