Washoku: Considerações Finais

Primeiro, a vinda do Primeiro Ministro foi positiva, sobre vários aspectos. Certamente, para mim, foi interessante a divulgação do Washoku. Sei que muita gente se irrita quando digo que a grande maioria dos restaurantes japoneses não oferece comida japonesa e sim uma cozinha adaptada ou uma cozinha nipo-americana. Agora que ela é considerada um patrimônio imaterial, espero que as atenções se voltem alguns aspectos da cozinha japonesa, como técnica, sazonalidade, umami, apresentação e atendimento cordial.

As técnicas culinárias japonesas são bem diferentes das ocidentais. Apresentei algumas no blog, ao longo desses 7 anos. O chef Masayoshi Kazato comentou que alguém que já tem experiência, aprende a amolar uma faca com perfeição em 2 dias. Pode parecer muito, não? Eu digo que é pouco. Trabalhei muitos anos em indústrias diversas. Uma pessoa sem treinamento costumava gastar 3 meses para ter prática suficiente para trabalhar sem supervisão. E mesmo assim aconteceram alguns acidentes. No caso da cozinha japonesa, lembrou o chef Shinya Koike, o que é mais difícil não é aprender a técnica, o mais difícil é aprender o sabor. É preciso provar, provar, provar.

Obviamente, para quem realmente quer aprender mais sobre comida japonesa, teria que ir ao Japão. Quando cheguei lá, fiquei chocada com a diferença dos sabores. Cresci achando que comia comida japonesa. Depois percebi que a cozinha lá evoluiu e que haviam receitas e variações regionais. Que meus avós e pais tiveram que adaptar algumas coisas. E que no começo do século passado, muitos ingredientes não eram acessíveis para a maioria da população e, portanto, não eram habituais também para meus antepassados.

Não quero dizer que a comida dos imigrantes seja “errada”. Gostaria que fosse reconhecida como comida brasileira. Sim, o yakisoba que comemos por aqui é característico do Brasil. Assim como existem diversos curries em diferentes países e ninguém estranha. Não é porque é leva molho de soja, tem um nome estranho que é comida japonesa.

Infelizmente, nem textos, nem fotos, nem vídeos passam sabor e cheiros. Então, comer é uma experiência pessoal. É verdade que não é todo mundo que pode ir ao Japão ter sua própria experiência. Mas espero que daqui para adiante as pessoas passem a procurar lugares que ofereçam outras coisas além de sushi e sashimi, com boas opções de pratos quentes, por exemplo.

E busque informação. Eu acredito que a informação é essencial para a evolução não só do paladar, mas do indivíduo.

Abaixo, algumas imagens desses dois dias.

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Balinhas em formato de sushi.

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Sushis que participaram de um concurso, promovido pela All Japan Sushi Association

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As facas da cozinha japonesa.

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Curiosidade, pude assistir do telão que havia, porque os câmeras estavam bem em cima dos palestrantes.

E eu estou também no Facebook como Marisa Tiemi Ono, no Twitter como @marisaono e no Instagram como marisatono. Nem sempre publico todas as fotos aqui no blog, seja por conta do assunto, seja por conta da pressa, mesmo.

 

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