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Donuts: passo-a-passo

donuts

O primeiro episódio de azia do qual me lembro ocorreu poucos minutos  após eu comer o meu primeiro donut.  Madrugada num vôo econômico com meia dúzia de escalas e conexões entre Nova Iorque e San Francisco num longínquo e gelado dezembro de 1976. Talvez um prenúncio do que seria o estilo Gol de voar: uma comissária cansada literalmente atirando rosquinhas embrulhadas em celofane no colo dos passageiros, à guisa de refeição.

Por todo aquele inverno, a despeito da azia iminente, consumi irresponsavelmente uma montanha deles. Eu gosto de doces. Eu gosto de frituras. Ora, um doce frito parece uma formula perfeita que o diabo inventaria caso me quisesse como inquilino.

Muito desapontado com os indecentes donuts de quiosques (e um que inadvertidamente comi no Extra enquanto fazia compras, e que carinhosamente apelidei de rosquinha-de-satanás, com duplo sentido), adaptei essa receita bem fácil que resulta numa quantidade de donuts pra nenhum Homer Simpson botar defeito.

Costumo usar a máquina de fazer pão como masseira (excelente fim), mas qualquer batedeira que tenha pás para massas densas, ou mesmo sova manual vai apresentar o mesmo resultado final.

 

– 1 xícara de leite (240 ml)

– 5 colheres de sopa de açúcar (65g)

– 1/2 colher de chá de sal(2g)

– 2 ovos

– 5 colheres de sopa de manteiga ou margarina (75g)

– 1 colher de chá de essência de laranja ou baunilha (opcional)

– 4 xícaras de farinha de trigo (500g)

– 2 colheres de chá de fermento biológico instantâneo (ou 1 tablete pequeno de fermento fresco)

– 1 colher de chá de melhorador de farinha (opcional)

donuts-massa

Ponha os ingredientes na cuba ou na tigela pela ordem acima e ligue a máquina. Dê uma espiada depois de 5 minutos e veja se a massa tem a consistência desejada: mais macia que pão mas não grudenta (1). Corrija com bocadinhos de farinha caso ela esteja muito mole. Não precisa sovar com muita paixão e nem deixar a batedeira ou a máquina torrar meia Itaipu em energia elétrica. Ajeite a massa na cuba/tigela , cubra com filme plástico e deixe crescer por 1 hora e então verifique se a massa dobrou mesmo de tamanho. Caso contrário, deixe mais uns minutos (2).

 

Enfarinhe levemente uma superfície, retire a massa da maquina, ajeite em uma bola e parta-a em duas para facilitar. Polvilhe farinha e abra com altura entre 1/2 cm  ou um pouco mais mas nunca mais que 1 cm.(3, 4 e 5).

donuts-corte

Corte com o cortador de donuts ou use alternativamente dois copos (no caso, um de uísque, por exemplo, para as bordas, e um de vodka ou licor para o centro, 6, 7 e 8 ). Rejunte as aparas e abra a massa de novo.  A forma toróide, ou de “rosquinha” faz sentido na hora de fritar para que a massa não fique crua no centro. Se quiser fazer como sonhos, deixe a massa mais fina e o óleo menos quente.

Ponha os donuts cortados em uma bandeja polvilhada e deixe crescer por uma 1/2 hora ou até que quase tripliquem de espessura (9). Faça a cobertura abaixo enquanto a massa cresce. 

Aqueça o óleo a uma temperatura menor que a habitual para frituras – 170°C – (teste com um pedacinho da massa: não deve borbulhar muito) e com uma espátula vá colocando os donuts, poucos por vez, e virando até que estejam corados. Escorra e ponha em muito papel absorvente.

Deixe esfriar completamente numa grade antes de por a cobertura (10 e 11).

donuts-preparo

donuts-coberturas

Cobertura (ganache).

– 300g de chocolate meio amargo picado.

– 250g de creme de leite espesso. O de caixinha para chantilly com 35% de gordura é bom (Parmalat de caixinha cor-de-rosa). Ou use o fresco (ui!). Se for usar porcaria bagaceira “light” de 17% estilo Batavo ou Shefa, só acrescente 125 g ao chocolate.

 

Derreta o chocolate em banho-maria ou microondas e bata levemente com o creme de leite. Mantenha aquecido.

Mergulhe o topo dos donuts no chocolate (12). Se quiser, polvilhe castanhas, confeitos ou granulado (13).

Espere esfriar completamente antes de servir para o chocolate ficar firme.

Alternativamente você pode polvilhar com açúcar de confeiteiro misturado com canela (14, inclusive cortei algumas rosquinhas em menor tamanho), ou pincelar geléia, fondant ou o que lhe der na telha (com doce de leite em barra amolecido com um pouquinho de água…hmmm).

 Quase todas as receitas de donut caseiro que vi ao longo dos anos pediam fermento químico por motivos práticos e que as fazem semelhantes ao prosaico bolinho-de-chuva. As com fermento biologico são infinitamente superiores ao meu ver, embora ambas exijam de mim uma dose de ENO geladinho para acompanhar. Muitas pedem uma marca obscena de noz-moscada ou baunilha.

Eu particularmente não gosto muito de exagerar nesses perfumes. Noz moscada em excesso faz qualquer coisa ter gosto de gaveta de avó.

O negócio divertido é dar um toque diferente. Use o sabor que lhe convier na massa e na cobertura guardando as proporções dos ingredientes acima.

Qualquer dúvida é só perguntar!

LP

Gostou dessa receita? Talvez queira conhecer o donuts okinawano

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