Shizuoka

No post anterior, comentei sobre o eki-ben e a paixão por pratos regionais. O japonês, quando planeja uma viagem, não se preocupa apenas com acomodação, atrações turísticas e comodidades. Procuram informa-se sobre as iguarias locais. Se eu disesse que iria viajar, sempre havia alguém com alguma sugestão. E não era raro demonstrarem desapontamento caso eu não tivesse experimentando uma especialidade (meibutsu).

Eu morei por mais de dez anos na província de Shizuoka, bem no meio do caminho entre Tokyo e Osaka. Falar em Hamamatsu, é falar de enguia (unagi). Vários restaurantes – tanto na cidade quanto nas proximidades do lago Hamana – são especializados nesse peixe. O doce oficial da cidade é o unagi pie, um biscoito tipo palmier, feito com farinha de ossos de enguia. Os morangos, cultivados em estufas, também são famosos (as variedades akihime e benihope). É comum, durante o inverno, o ichigo-gari. Pagando uma entrada, o visitante pode ver as plantações e comer quantos morangos puder, como na foto acima, retirada do site do Fruits Park.

Já a região em torno do Monte Fuji é famosa pela água. Quem passa por lá, raramente escapará do soba (dizem que a qualidade da água influi muito na produção de uma boa massa), do wasabi e das trutas, cultivadas em rios de água limpa e gelada.

Conheço gente que era capaz de dirigir horas pela Route 1 até Izu, para comprar shirasu (um minúsculo peixe) , sakura ebi (uma espécie de camarão) ou um madai (uma espécie de pargo). Meu ânimo era menor e eu só ia até um porto próximo a Omaezaki, onde encontrava atum fresco e muita lula. Pena que nunca fui a Shimizu. Recomendaram-me muito o udon acompanhado de kakiage em um restaurante, perto do porto. Nunca soube o nome do lugar, mas disseram que era fácil de encontrar, pela fila de clientes na porta! Fui a Mikkabi, próximo de Hamamatsu, famosa pelas tangerinas (mikan). São deliciosas, mas o lugar é um tanto quanto desapontador. Cidade minúscula, que vive quase que exclusivamente da agricultura. Já Kakegawa produz melões (que podem custar, facilmente, 100 dólares a unidade) e kuzu (um amido retirado da planta de mesmo nome, que tem fama de ser terapêutica e é empregada em alguns doces típicos japoneses).

Já a capital é conhecida pelo oden – uma espécie de cozido. Diferente do resto do país, o Shizuoka oden leva carne ou tendões de boi e o caldo é bem mais escuro e forte, um tanto quanto ácido. Raspas de bonito seco (katsuo-bushi) cobrem a tigela.É um bom prato de inverno e nem sempre é uma refeição; é bem mais comum pedir um oden para acompanhar uma cerveja.

A província toda é famosa pelo chá. A primavera é a melhor época para comprar chá, tanto direto do produtor, como em lojas especializadas. Existem vários doces com chá verde: bolos, biscoitos, yokan, gelatinas, pudins, sorvetes, manjus… Esses podem ser comprados em confeitarias, nos quiosques das estações de trem ou em lojas, ao longo das rodovias. Outro produto que faz a fama é o arroz koshihikari. Dizem que é o melhor tipo para fazer sushi. Isso não impede de aprecia-lo puro ou enrolado em bolinhos (onigiri). Como a qualidade da água é importante no cultivo de arroz, alguns apontam para Tenryu-shi, banhada pelo rio de mesmo nome, por suas águas limpas. Outros recomendam campos próximos ao monte Fuji.

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