Eu nunca fui à ilha ao norte do Japão. No entanto, se fosse para citar referências culinárias, teria que incluir Hokkaido na lista. Meu pai nasceu próximo a Sapporo e meus avós maternos viveram algum tempo lá, antes de embarcarem para o Brasil.
Nas histórias familiares, Hokkaido é lembrada sempre como uma ilha de invernos rigorosos, nevascas e dias em torno de um aquecedor que queimava carvão. Minhas avós trabalhavam muito durante o final do verão e todo o outono, abastecendo o porão da casa com víveres: eram carroças de peixe (que era limpo, salgado e estocado), abóboras e batatas-doces. Mochi era feito, cortado em pedaços e estocado em barris. O porão era um congelador natural.
Minha avó paterna ainda colhia uvas silvestres e fazia um tipo de vinho, que ela guardava em potes de cerãmica. Se houvesse caça, também estocavam. Comiam urso e lebres, mas não era frequente, sobretudo urso, já que poucos tinham perícia e coragem para caçar um animal tão grande e perigoso.
Hokkaido ainda é lembrada por seu inverno rigoroso. Hoje é uma província produtora de batatas, milho, trigo, trigo sarraceno (soba) e gado leiteiro. Os frutos do mar também são famosos, sobretudo o salmão e os caranguejos. De igual aos tempos do meu pai, ficou o peixe salgado e seco -das vezes que comprei, o de Hokkaido era mais salgado que o de Shizuoka, por exemplo – e a qualidade das abóboras de lá, em especial, a kuri-kabocha, de formato triangular e sabor delicado, que lembra castanhas (kuri em japonês significa castanha).
Come-se batatas, cozidas no vapor ou assadas, com manteiga ou uma mistura de manteiga e ovas de peixe. O milho pode aparecer no lamen ou em friturinhas (kakiage). Peixe ensopado (nabemono), temperado com miso e leite, também não é incomum (e, creia, pode parecer estranho mas é delicioso). Turistas que vão a Hokkaido, raramente deixam escapar a oportunidade de comer caranguejos gigantes ou o lamen de Sapporo. E um prato típico de Hokkaido também é conhecido no Brasil: o Gengis Khan. Mas, enquanto que por aqui usamos carne bovina, lá é feito com carneiro, que é cortado em fatias, marinado e grelhado na forma que lembra um capacete. Já o Sukiyaki de Hokkaido costuma levar carne de porco, ao invés de carne de boi.
E uma marca de lá é nossa conhecida: a cerveja Sapporo. Mas não se iludam, a empresa hoje tem fábricas espalhadas no Japão e é possível que tenha tomado cerveja Sapporo produzida em Shizuoka…
Hokkaido também é terra da minha avó materna. Próximo a Sapporo? Minha avó é de Sunagawa.
Já tive a oportunidade de ir 2x a Hokkaido: uma no inverno e uma no verão. Vale a pena ir conhecer Hokkaido… e não deixar de comer Kani, Lamen, Gengis Khan,… rs
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Eu sempre pensei em ir a Hokkaido com a família toda. Mas, infelizmente, meu pai sempre se recusou a ir. Um dos motivos dele era a saude, que não era tão boa e ele não se animava a longos passeios. Hoje, a família diminuiu. Lamentei não ter ido a Hokkaido, além de outros tantos lugares. Mas, quem sabe? Já estive em tantos lugares que nunca pensei em ir, talvez um dia, eu vá a um lugar que quero conhecer.
E Claudio, não me fale em kani! Eu fico salivando quando vejo o “Pesca Mortal” na Discovery… 😀
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Meu marido é nascido em Hokkaido,veio para o Brasil aos 8 anos hoje aos 51 anos ,tem como um dos prazeres a culinária japonesa e adora matar saudades assando suas carnes devidamente temperadas a moda Gengis-Khan…maçã ralada,gengibre,alho,cebola,shoyu,açúcar,…e claro suco de laranja!!!
Ele até encomendou a grelha em formato de capacete!!!!!!
E não é que fica saboroso…vale a pena experimentar !!!!!
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Curiosamente, o Gengis Khan não é muito popular fora de Hokkaido. Eu encontrava a carne já fatiada e marinada, comercializada em pacotes pequenos, para grelhar em casa, mas não vi em restaurantes. A carne favorita, pelo que me disseram, era o carneiro. Vi na tv japonesa que o carneiro e o cordeiro estão na moda e é provável que o Gengis Khan apareça nos cardápios de casas de yakiniku.
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