Shimokawa e o Talharim

Verduras Shimokawa

Nem sempre nos damos conta do quanto a nossa terra é rica e diversa. Vou sempre à feira, quase sempre vejo as mesmas coisas de outros dias nas bancas e acabei acostumando-me. Noutro dia fui ver a área de embalagens de verduras da Shimokawa. Caixas e caixas de vegetais, muitas mulheres trabalhando na seleção e embalagem e ainda tinha gente descarregando. O barulho da embaladora me fez sentir saudades dos tempos em que trabalhei em uma indústria de alimentos. Fiquei tentada até a testar a embaladora manual e ver se eu ainda sou rápida.

Ganhei ainda uma caixa cheia, uma feira completa, muito mais do que costumo comprar. Espalhei em cima da mesa e fiquei surpresa com o que tinha: beterraba, abobrinhas, chuchu, tomates, pimentões coloridos, quiabo, jiló, beringela, cenoura, vagem, abóbora e pepino. No Japão, não era raro eu comprar 2 tomates, 2 ou 3 beringelas, 1 pimentão, 1 brócoli, 1/2 repolho pequeno ou 1/4 de acelga e talvez algumas batatas por semana. Por serem caros, eu comprava o mínimo necessário e usava com cuidado. Se faltasse, corria ao supermercado e comprava mais um pacote. E lá era raro eu encontrar beterraba, chuchu, quiabo vinha em um maço com uns 10 e jiló não existe…

frutas da ceagesp

Por outro lado, as frutas no Ceagesp sempre me surpreendem. Ainda fico assombrada ao ver abacaxis, laranjas, bananas em montanhas. Da última vez que fui lá, trouxe pêssegos brancos, uvas sem caroço e lichia. Essas últimas estavam muito doces e a um preço bom.

E para aproveitar os vegetais que ganhei, fiz um talharim do desespero. Não creio que seja invenção minha, não é de hoje que misturam vegetais diversos em um prato de massa. Fica pronto em meia hora (incluindo a fervura da água) e é um prato bem balanceado. Para 2 pessoas:

Talhariam da Horta

200 a 250 gramas de talharim
1 lata de atum (prefiro sólido e no óleo, aproveito o óleo para o prato; se não tiver, adapte: use bacon ou não use nada)

1 dente de alho picadinho

1 cebola pequena em pétalas

1/2 pimentão vermelho ou amarelo em tirinhas

1/2 maço de brócoli

1/2 abobrinha menina (a abóbora nova, de pescoço, já vi chamarem de paulista), cortada em fatias finas

Folhas de manjericão

Sal, pimenta, azeite

Leve a panela ao fogo com bastante água, para cozinhar o talharim.

Frite o alho em um pouco de óleo, até levantar cheiro. Junte o brócoli e refogue até quase ficar macio. Junte o pimentão e a abobrinha. Quando estiver quase pronto, junte o atum em pedaços, tempere com sal e pimenta.

Cozinhe o talharim, escorra e misture tudo. Junte folhas de manjericão rasgadas e um fio de azeite.

PS: Eu costumo fazer esse prato com o que tenho à disposição. Poderia ter usado cenouras em tiras finas, ervilhas tortas, aspargos. Uso atum porque é o tipo de coisa que costumo ter para as emergências. Além do mais, confesso: gosto.

 

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13 Responses to Shimokawa e o Talharim

  1. LuMa diz:

    Que abundância, Marisa. Lamento que aqui tbém sinto falta de quiabo, chuchu e jiló. Encontro o quiabo congelado, ainda que raramente, de qualidade quase anã, nas lojas de produtos marroquinos. Já o chuchu é nas importadoras chinesas, proveniente do sudeste asiático, de qualidade arredondada e clara. O sabor com o brasileiro? É tão diferente qto o é entre cenoura e pepino! Realmente não há nada em comum, nada mesmo. Ah, o jiló, que saudade…Taí a razão porque sonho todos os dias com a comida mineira. Nunca falta um jilozinho no meio,rs.
    Qto ao talharim da receita, é bem o que faz um italiano. As combinações, bem como improvisações de ingredientes são infinitas! Abraços!

    • Marisa Ono diz:

      O que me causa espanto, LuMa, é que, segundo pesquisas, o brasileiro come pouca verdura e frutas. Nos últimos anos, menos ainda. A dieta brasileira mudou muito na década passada. O consumo de refrigerantes cresceu, assim como o de bolachas e biscoitos. Fatores como menos tempo e menor consumo de gás influenciaram essa mudança, sobretudo em famílias de baixa renda.

  2. Diulza diz:

    Bom dia Marisa,não entendo por que as verduras que compramos la fora não tem gosto, pareçe isopor(rsrsr)marisa meu nabo ja está no saque vamos ver como fica,outro dia fui ao mercado, e vi o jiló gosto dele frito no omelete na farofa,até no amburguer. ja fiz cortado bem fininho, mais quando vi o preço do kg, meudei risadas, pois estava c$4,00 achei muito caro será que o consumo aumentou pois pouca gente gosta de jilóem goias alem do jilo temos um palmito amargo, e a gariroba, tb amarga, mais o jiló de hoje não tem amargor nenhum.bjs até

    • Marisa Ono diz:

      Bem, nem todos os vegetais que comi lá no Japão eram ruins. O nabo de lá era bom, há variedades próprias para cozinhar, fazer conserva, etc. Frutas como morango, peras, pêssegos, melões, eram ótimos, mas tinham o seu preço. Mas devido ao clima, não há a variedade e muita coisa não está disponível em boa parte do ano. E tudo era vendido em pacotinhos, porções pequenas, não era o exagero que vemos no Brasil

  3. Marina diz:

    Oi, Marisa! Bom dia!!
    Acompanho seu blog há algum tempo e fico aqui quietinha, mas, adoro!!
    Essa mistura de massa com vegetais é um dos meus pratos preferidos na vida!!
    Já busquei muitas dicas aqui no seu espaço e foram muito, muito úteis no meu dia-a-dia!!
    Mas, minha vinda aqui é pelo seguinte: experimentei num restaurante japonês, no Rio, o sorvete de shoyu e simplesmente, amei!
    Tenho procurado receitas, mas, até agora, nada…
    Você teria alguma dica de como fazer esta delícia???Muito grata!
    Um abraço

    • Marisa Ono diz:

      Marina, há alguns anos virou moda misturar salgado nos doces, pelo menos lá no Japão. Já existe, há muito tempo, doces feitos com um pouquinho de shoyu ou miso. Mas algumas sobremesas típicas de verão ganharam um toque de sal, como o choux, sorvetes e até alguns bolos. Pelo que vi, acrescentam uma quantidade mínima de shoyu à massa de sorvete de creme. Outros fazem uma calda com açúcar e shoyu e despejam sobre o sorvete. Vou fazer umas experiências e se ficar bom, publico.

  4. Que lindas as lichias ainda no galhinho!
    Acredita que nunca fui ao ceagesp? Aliás, já fui, mas faz muitos anos que não vou, fui quando era pequeno.
    O que vai fazer (ou já fez) com o giló?
    A propósito, não te encontrei online antes então vai por aqui mesmo, bom natal atrasado e bom ano novo pra você e pra dona Margareth 🙂

    • Marisa Ono diz:

      A feira do Ceagesp de sábado é muito boa para comprar frutas. Há muita variedade e de boa qualidade, mas é bom conferir, há também muita diferença de banca para banca, tanto no preço quanto no produto. Também tem boas ofertas em pescado, flores, mudas, queijos, mel… Vale a pena ir conferir. Boas festas aí também, Daniel.

  5. Comentando o comentário…sorvete de Shoyu?
    Que loucura!
    Marisa, em Ikebukuro, Tokyo, tem uma sorveteria em um prédio muito famoso, o Sunshine Building.
    Vende sorvetes bem estranhos. De língua de boi, wasabi, lula, polvo, pimenta.
    Experimentei o de alho e o de hamburguer. Experiência única e que pretendo não repetir hehehe.

    • Marisa Ono diz:

      Sorvete com shoyu não me parece tão estranho. Gosto de mochi com shoyu e açúcar, dango com shoyu e fiz até uma experiência por aqui. Daqui uns dias tiro umas fotos e publico o resultado.

  6. Marina diz:

    Oi Marisa!
    Estive fora uns dias e somente hoje consegui ler sua resposta sobre o sorvete de shoyu!!
    Enquando você faz experimentos por aí, vou tentar misturar o shoyu no sorvete de creme para ver no que dá… =)
    Um abraço e agradeço muito!

  7. Vanessa diz:

    Marisa
    Adoramos essa receita,( Meu filhinho de 2 anos adora brócolis e macarrão ) então foi a combinação perfeita pra ele! Já fiz pra ele mas não com atum. Ele está aqui encantado com a foto me pedindo pra fazer mama igual a esse. rsrs
    Vou ter que atender o pedido do meu baixinho!
    Bjsss

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