Feliz 2010 a todos.

mochi

Algumas coisas não mudam aqui em casa, apesar dos anos. Uma delas é o osonai mochi, feito no último dia do ano. Não o comemos no dia primeiro, só mais adiante. Assim como algumas culturas oferecem pão aos antepassados, no Japão é o arroz. Muitas famílias nikkeis encomendam, existem lojas que vendem já embalado à vácuo em embalagem decorada. Poucos fazem em casa. Hoje em dia quase ninguém tem mais o pilão de madeira para sovar a massa de arroz. A máquina, parecida com uma máquina de pão, é bem prática e funciona bem, mas é um equipamento relativamente caro.

Outra coisa que continuamos a fazer é comemorar no dia primeiro com um almoço. Na verdade, a mesa fica posta o dia todo, para quem vier. Costumamos fazer os pratos preferidos da família. No entanto, depois da morte de meu pai e irmã, as opções diminuiram sensivelmente. Sempre tem inarizushi ou makizushi, um pernil assado (estamos no Brasil, o porco é prato de festa!), petiscos, doces, frutas. Antes não faltava o pudim de leite; este ano deixei passar.

Não seguimos algumas tradições japonesas. Muitos comem soba (desejando vida longa, como os fios do macarrão) e o ozooni (sopa de vegetais e mochi) no primeiro dia do ano. Não fazemos nem um nem outro. Costumavamos ir ao templo budista na manhã do dia primeiro, aqui no Brasil deixamos esse hábito de lado. Há um templo budista em Ibiuna, mas o fato de estar a alguns quilômetros daqui, por uma estrada de terra, desanimou um pouco. No Japão, na volta à visita ao templo, regalava-me ainda com um tai-yaki quentinho, que vendiam em barracas na rua.

Assistimos à festa de virada de ano no canal japones NHK. Artistas famosos e destaques do ano apresentam-se, em uma batalha entre o branco e o vermelho, os homens contra as mulheres. Como a transmissão hoje é ao vivo, assistimos na manhã do dia 31.

Ou seja, aqui em casa, começamos o ano comendo, divertindo, descansando e deixando as preocupações de lado.

Espero que meus leitores tenham um bom 2010 e gostaria de agradecer todas as mensagens carinhosas que recebi.

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7 Responses to Feliz 2010 a todos.

  1. Ceiça diz:

    Feliz Ano Novo! Que seja um ano de luz, de alegrias e muitos sonhos a serem sonhados. Também quero agradecer a sua generosida compartilhando do seu saber com a gente.
    Beijos.

  2. Dri Simizo diz:

    Em casa tb tomamos ozooni! Quando era pequena, fazíamos mochi na casa da minha vó com pilão e tudo. Mas depois que ele começou a soltar pedacinhos de madeira, foi aposentado. Hj compramos os mochis prontos. Dá bem menos trabalho, mas tb não tem aquele gosto de mochi fresquinho, que é bom comer puro!
    Feliz 2010!

  3. LuMa diz:

    Um bom início de ano pra vc tbém, Marisa! E espero que continue nos oferecendo sempre bons pratos, mas tbém de boas memórias das cozinhas de imigrantes.

    Pessoalmente, não tive acesso a nenhum destes pratos, infelizmente. Ao chegar da viagem, a primeira coisa que quis comer era um arroz branco, o gohan. A mistura podia ser qualquer coisa, mas um gohanzinho, hummmm… Creio que muitos entendem o que é a falta de arroz branco após dias e dias de comida estrangeira,rs. Abraços!

    • Marisa Ono diz:

      É, LuMa. Parece engraçado mas tem dias que fico contente por comer em um domburi, de hashi. Pode ser como hoje, um arroz, broto de bambu cozidinho, uma conservinha de nabo ou gengibre. Como explicar? Não tem explicação, é um prazer, como o de comer com as mãos (adoro petiscos e sanduíches também).

  4. Que mochizão bonito!
    É feito na máquina?
    No Brasil eu lembro de ajudar meus avós a socarem o mochi, com o pilão. Era uma festa. E coitados, para agradar os netos, socavam mochi toda vez que íamos visitá-los rs.
    E no ano novo era especial, fazíamos uma quantidade bem maior. Era só terminar o Kouhaku e todo mundo corria com os preparativos.
    Ontem comi um Taiyaki de blueberry! Gostoso. Estavam vendendo até Taiyaki com pasta de amendoim (e eu comi rs).

    • Marisa Ono diz:

      É, o mochi aqui em casa agora é feito na máquina. Nenhuma de nós duas tem energia para socar o arroz e nem temos um pilão. Aliás, nem sei se ainda alguém sabe fazer um pilão de uma tora de madeira maciça, com o buraco feito a fogo, de maneira lenta e controlada.
      O bom do mochi é que pode ser congelado e descongelado diretamente na chapa ou frito em muito óleo (a crosta fica crocante, mas é um tanto quanto gordurosa).

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