Fiquei muito lisonjeada com o convite do Adriano Kanashiro para conhecer o Momotaro. Há algum tempo ele disse que acompanhava o blog e, confesso, não levei a sério. E o curioso é que ele é de Londrina e eu morei muitos anos nessa cidade. E mais: conheci o pai dele, mas não ele. Desencontros e encontros. Claro que também estava muito curiosa sobre essa cozinha mais contemporânea. Quem lê o blog pode pensar que sou conservadora. Não é bem assim. Inovar envolve riscos, mexer em uma receita consagrada é como uma cirurgia plástica, se não for boa, acaba desfigurando.
O restaurante é muito bonito, com 3 ambientes e em breve, o segundo andar vai ser aberto com apenas 12 lugares para o menu degustação.
A vantagem de ir durante o dia é poder desfrutar da vista do jardim no salão dos fundos. O cardápio do almoço é um “teishoku desmontado”. Foi a solução encontrada para atender com maior agilidade. A refeição começa com salada, misoshiru, uma fritura, sunomono (salada avinagrada á moda japonesa), edamame e kakiague. Em seguida vem fatias de salmão com pupunha, fatias de atum tataki, temarizushi de atum (sushi em formato redondo) e uramaki de salmão. O cliente poderá escolher entre mignon grelhado teriyaki e mostarda, frango empanado (chicken katsu) com vegetais, salmão grelhado com purê de abóbora, lombo de porco com molho agridoce e batatas fritas ou yakisoba de legumes e cogumelos. Durante a semana o almoço é servido das 12 às 15 horas.
Bem, fui paparica. Provei pratos que estão no cardápio do jantar. Começando com salmão marinado em shoyu e mirim (que aliás, melhora muito o sabor e a textura do peixe) com tomate momotaro e folhas novas de alface (baby leaves).
O tempura (Uni Tempura, R$16,00) de shiso, peixe branco e ouriço com molho cremoso de limão é delicioso. O empanado não é crocante, é estaladiço. Aliás, fritar bem um tempura já é difícil. Mais difícil ainda é fazer um tempura de peixe de carne branca. O peixe pode perder textura com facilidade ou a massa ficar molenga. E vou dizer uma coisa: não gosto de shiso nem sou muito fã de ouriço, mas comi com prazer. Por outro lado, senti-me tremendamente frustrada. Meu tempura não é tão crocante. Ainda tenho que melhorar muito.
Ostra fresca (Hitokuchi Sugaki, R$4,00) com um toque de pimenta, gelatina de sake e ponzu. Um delicioso equilíbrio entre cítrico e mar.
Shake Wrap (R$31,00): Salmão com tiras de palmito pupunha, ovas de mujol, molho de wasabi e limão siciliano. Bonito, interessantes texturas, sabor equilibrado.
O que mais gostei: atum com vieira grelhada, abobrinha em fatias finas, hijiki e molho de yuzu (Maguro Hotate, R$39,00). Sabor, apresentação, textura, frescor.
Tuna Tartar (R$12,00): Tartar de atum com figo e molho teriyaki. Foi um prato surpreendente. Principalmente se levarem em conta que eu não ligo para figo e que achei a combinação ótima.
Para quem acompanha o blog sabe que amo ovos. Este prato é quase pornográfico. Deep Fry Yude Eggu (R$18,00): Ovo mole empanado sobre purê de batata e cogumelos. Por cima, umas ovas de salmão. E ainda o Adriano me explicou como faz. Estou perdida.
Tezukuri Yudofu (R$13,00): Tofu (zarudofu) talhado com limão, com edamame, tomate, cogumelo, dashi e um pouco de lâminas de bonito seco. É uma interpretação de uma maneira de se comer tofu em casa, o tofu ainda quente e fresco.
Temarizushi com atum bati, vieira e pérolas de shoyu (feitas com kanten; conversando vi que dá um belo trabalho e provavelmente não farei). Isso não estava no cardápio…
Sobremesa Momotaro (R$12,00). O Adriano Kanashiro disse que pensou, tentou, precisava fazer algo doce com o tomate que dá nome ao restaurante. A sobremesa leva tomate confitado (com um pouco de cravo?), creme de maracujá e queijo mascarpone com tofu. Não é muito doce (acho que estou batendo nessa tecla sempre, adultos deveriam gostar de doces com menos açúcar, precisamos preservar os dentes que nos restam). Sou suspeita, no Japão eu comia tomates com açúcar demerara e gosto de sobremesas.
Esqueci de fotografar o batera sushi (oshi-zushi, sushi prensado, coisa que raramente vemos por aqui) maguro spicy (com um pouco de pimenta). E também fiquei tão entretida na conversa que não fotografei o Adriano nem a Agnes. Enfim, podem me demitir como jornalista.
Nos finais de semana o restaurante funciona com um horário diferenciado: Das 12:30 até às 0:30 sem intervalo. Ou seja, se acordou tarde e resolveu almoçar às quatro, tudo bem.
O cardápio tem muito mais coisas, claro. Porções de saladas, porções pequenas para quem só quer beber e petiscar, porções maiores para quem está com fome, pratos vegetarianos, fritura (que eu amo). É o resultado de vários anos de experiência. Ele me explicou que ainda há muita coisa que o brasileiro ainda resiste. O curioso é que não há nigirizushis.
Falando em petiscar, conferi a carta de bebidas. Tem sake e sochu de diferentes regiões do Japão, vinhos, cerveja, drinques. Vi inclusive um nigori sake que, ao contrário dos que costumamos ver nas lojas, é turvo.
É recomendável fazer reserva para o jantar.
Bem, para mim, muitas vezes, o talento de um cozinheiro é medido pela capacidade de me fazer comer e gostar de coisas que normalmente não como. Não gosto de shiso, de uni, não sou tão apaixonada por peixe cru (por favor, não riam), incluindo nisso as ovas. Hoje deixei de lado um bom punhado de preconceitos e de “deslikes”. Saí de lá rolando, encarando vários ingredientes de uma outra maneira e pretendo voltar para o almoço.
Momotaro
Rua Diogo Jácome 591 – Vila Nova Conceição
Fone: (11) 3842-5590
PS: O pessoal no Facebook ficou espantado com a quantidade de coisas que comi. Pois é, sou boa de boca, sim. E alguns pratos vieram em porções reduzidas em relação ao que é servido normalmente.
Que delicia hein? O lugar é muito bonito,os pratos parecem obras prima, mas sabe o que me afasta desses restaurantes “premium”? O valor da conta.
Ou eu estou muito pobre mas eu acho quase um assalto uma refeição chegar a 3 dígitos por cabeça. Sei dos custos de manter um lugar assim, da qualidade da matéria prima e tal mas mesmo assim, eu acho injustificável.
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Isso lá é, Itaim Bibi e Vila Nova Conceição são conhecidos pelos preços, digamos… proibitivos para boa faixa da população. Mas o almoço está bem em conta: R$43,00.
Para mim, foi uma ótima experiência: louça primorosa, comida que parecia uma pintura, algumas combinações incomuns… Por enquanto, os meus rendimentos só comportam mesmo o almoço de lá.
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Marisa Ono:
Sempre venho aqui bisbilhotar. Seu blog é delicioso!
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Obrigada, Lili. Indique para os amigos… 😉
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oi, Marisa tb sou louca por Ovos, ainda bem que vc tem a receita depois passe para gente,concordo com o Eduardo, certos restaurante assusta pelo preço,como disse a Neide Rigo mais barato e prazeroso comer em Paris,mais neste restaurante pelo q
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Diulza, quando escrevi o post, não coloquei os preços. Depois recebi uma cópia dos cardápios e resolvi colocar porque muita gente (como eu) tem receio de ir a um lugar e acabar tendo que hipotecar a casa. Conversei com o Adriano e ele me disse que a intenção não era de ter uma cozinha nem nos moldes dos rodízios e nem também uma coisa tão “top” ou “AAA”. Talvez quando ele abrir o segundo andar com menu degustação, lá seja diferente.
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Ops, quero terminar a frase, pelo que você postou até ta de bom tamanho. bjs
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