Cará Roxo e o Yama-kake

Ganhei há cerca de um ano um lindo cará (provavelmente Dioscorea trifida) roxo da Antonia PadvaikasNão confundam com o inhame, taro, que tem folha em formato de coração. Esse pode ser comido cru, sem sustos, embora por aqui a gente costume cozinhar. Foi plantado, cresceu. Não tanto quando devem de crescer na região amazônica. Talvez por conta da falta de sol, talvez tenha faltado adubo. Ficaram menores mas a cor se manteve.

A cor não é totalmente regular, em alguns pontos ficou mais clara, noutras mais intensa.

Assim como o cará branco que encontramos nas feiras, esse também solta uma “baba”. Teria mais se eu tivesse ralado e batido bem. A textura do tubérculo em si é crocante. O sabor é suave.

Pois então, os japoneses adoram textura babenta, viscosa, mucilaginosa, que pode ser do natto (soja fermentada), do quiabo (que eles não cozinham com vinagre e que cortam depois de cozido em rodelinhas e batem bem para formar mais baba) e do yama-imo (Dioscorea japonica) ou naga-imo (Dioscorea opposita) , que são da mesma família do cará. Comem por que gostam, comem porque tem fama de fazer bem para a mucosa do sistema digestivo. Ralam, temperam, jogam em cima do arroz quente, podem adicionar pedaços de peixe marinado ou ovo ou algas ou… Enfim, são diversas as combinações. A isso chamam de yama-kake (yamakake don seria uma tigela de arroz com cará ralado e talvez mais alguma coisa; yamakae udon ou soba é quando ele vai sobre uma porção de macarrão de trigo ou de trigo sarraceno).

Eu, particularmente, não sou fã de coisas viscosas, mas estou tentando superar isso. Não ralei, cortei em tirinhas finas. Temperei com um pouco de dashi (caldo à base de kombu e bonito seco) e shoyu, misturei e despejei sobre o arroz. Não é ruim, não, na verdade, estava até gostoso. Achei mais macio que o cará comum e sem aquele gosto de amido cru que de vez em quando sinto.

Sei que não é o prato mais atraente do mundo, mas faz parte dos hábitos alimentares japoneses.

A Neide Rigo escreveu sobre esse cará roxo:

http://come-se.blogspot.com.br/2008/02/car-roxo.html

E o contato da Antonia, do Empório Poitara é:

Tel. 11-7310-5024 ou 8344-4040  toni.ginger@gmail.com

PS: Aqui no Brasil os descendentes consomem cará cru ralado, sim. Não precisa ser desse roxo, claro, é o de polpa branca mesmo.

 

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3 Responses to Cará Roxo e o Yama-kake

  1. fernando diz:

    oi, senhora…estou louco pra plantar cará roxo. há cerca de 30 anos eu plantava, mas perdi a espécie.
    Por favor, me arrume alguns para plantio…pode ser pequenos. Eu pago pra senhora

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