Não existe nada como a comida da mãe, não? Todo mundo ama uma comida caseira. Será? Talvez as pessoas da minha geração sim, mas não posso dizer o mesmo das gerações posteriores.
Apesar do interesse pela gastronomia ter aumentado – e muito – nos últimos anos, apesar de eu receber muito e-mails sobre alimentos em geral (reportagens sobre alimentos contaminados, algumas bobagens sobre alimentos funcionais, etc), apesar do inúmeros programas de tv falando sobre comida (não só receitas, mas também sobre saúde, nutrição, consumo consciente e tudo mais o que imaginar em torno do prato), não é isso que vejo.
Pelas pesquisas, o brasileiro está cada vez mais comendo fora de casa. Em alguns casos, esse gasto chega a 37% do salário, segundo a ABRASEL:
http://www.abrasel.com.br/index.php/noticias/1236-260312-comer-fora-de-casa-vira-habito.html
E quando vou ao supermercado, acabo vendo o que as pessoas colocam em seus carrinhos de compra. Já repararam que a seção de congelados dos supermercados aumentou? Em alguns casos, ocupa tanto espaço quanto a de horti-fruti, ou até mais. Se formos juntar a seção de enlatados e a de refrigerados então, o espaço destinado à comida pronta é enorme.
E estava pensando nos motivos desse aumento. Acabei encontrando uma pesquisa já feita, bem completinha, sobre as preferências e tendências aqui:
http://www.abic.com.br/media/EST_PESQFoodTrendsl.pdf
E vejam só: as pessoas consomem congelados e produtos industrializados porque GOSTAM. Chocante? Um pouco, embora faça sentido. Não é muita gente que come o que não gosta, menos ainda compra. A marca conta muito e o preço, para minha surpresa, não conta tanto assim. Claro que a opção de escolher um produto industrializado se baseia na praticidade e conveniência e poucos se preocupam com o bem-estar.
O curioso é que esse público consumidor se considera informado ou bem-informado a respeito da importância dos alimentos na sua saúde, dieta, etc. E onde a maioria busca essa informação? Ainda na tv. A opinião de médicos e de familiares não conta muito. Ou seja, parece que muita gente deixou de ouvir os conselhos da mãe.
Eu sou uma pessoa meio “Let it Be”. A humanidade está caminhando para esse lado, não importa se concordo ou não. Parece que no futuro teremos mais gente assistindo programas de culinária que pornografia. E comendo lasanha congelada, diante da tv. E alguns lembrarão que havia uma marca de lasanha congelada que a mãe sempre comprava e que sumiu ou mudou a receita, uma lástima.

Marisa já disse milhões de vezes que tv e o ópio do ser humano para bem e mal, fazer o que né. eu pouco entendo de congelado nem micro ondas tenho e não ligo forno para isto então aqui não há consumo de congelados já falei pros meus filhos e neto se depender de mim muitas empresas tinha quebrado. Marisa já comprou sua batedeira? se me fale bjs.
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Pois é, há algumas décadas as pessoas pediam opinião de outras pessoas. Hoje em dia confiam cegamente na tv, o que acho ruim, considerando a péssima qualidade de muitos programas. Para mim, tv é ENTRETENIMENTO, não fonte de informação. Mas não estou de todo pessimista, não. A indústria já percebeu que não pode matar seus consumidores. No Japão e em outros países estão surgindo produtos com menos sódio, sem corantes, sem conservantes e uma série de outras coisas. Mas isso depende também do público. Se a gente cobrar, reclamar, não comprar, vai ter mudança.
Ah, comprei a batedeira, sim. Peguei uma promoção, um desconto bom e frete grátis.
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“A indústria já percebeu que não pode matar seus consumidores” é a coisa mais acertada que já ouvi a respeito do novo comportamento da indústria. A gente reclamar não adianta muito não, a não ser que um concorrente que consiga não ser sufocado venha oferecer opção. Só vejo funcionar um pouco é a pressão do governo, preocupado com a despesa para tratar do contribuinte doente de tanto comer errado. Mas, se morrem os consumidores… Acho que é isto mesmo.
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A indústria pesquisa e muito, Gilda. Já farejou uma tendência no público de controlar o sal e as gorduras. Creio que também irão reduzir o uso de corantes. Conforme o poder aquisitivo aumenta, mais exigente fica. Mas a grande questão mesmo é o fato das pessoas estarem deixando de cozinhar. Um dia escrevo sobre isso com mais detalhes.
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