Todo mundo já falou, escreveu, fotografou no Mocotó. Menos eu. Porque só hoje? Os motivos são muitos. Primeiro porque não tinha companhia. Afinal, é um bar e acho que seria meio estranho ir sozinha, pedir um prato e sair. Segundo, porque é longe e eu detesto dirigir. Sim, meu sonho é ficar rica e ter um motorista particular. Mas acabei indo. O caminho é menos complicado do que pensava – segui o mapa do site deles, cruzei a ponte da Vila Guilherme e segui pela avenida Conceição. Bem, tive um pouco de ajuda do navegador, uma das facilidades desta vida.
Cheguei cedo, o outro compromisso da manhã terminou mais cedo do que eu esperava. Cheguei antes das 11 e fui a primeira da fila. Conversei um pouco com dois funcionários que me explicaram que aos sábados a fila cresce um pouco mais tarde, aos domingos já tem gente esperando o bar abrir às 10:40. Conversa vai, conversa vem, conheci outro casal que costuma ir ao Mocotó com mais frequência. Minha companhia chegou, entramos às 11:30 e, enfim. pudemos fazer os pedidos. Conversando, o tempo passou rapidinho.
Começamos com caldo de mocotó, sarapatel e favada. O caldo de mocotó é bem amarelo, creio que leve açafrão-da-terra, é bem temperado e vem com pedaços gelatinosos de mocotó. O sarapatel, para minha surpresa, não é tão estranho assim. O fígado de porco é um pouco arenoso, o pulmão é meio sedoso e tudo estava bem temperado. Como são vísceras, têm um sabor forte de ferro. Ficou bem bom com o molho de pimenta da casa. E as favas estavam bem cremosas, com os grãos grandes sem estourar, muito bom. Para quem quer experimentar, as porções mini são bem convenientes.
Depois fomos para a Costelinha de Porco à Moda do Engenho, recheada com uma patê de pernil, acompanhada de abacaxi grelhado e mandioca amarela bem macia. Muito macio e suculento. A farofinha de torresmo deliciosa e o purê de mandioquinha bem cremoso e liso estavam ótimos. A carne seca desfiada, puxada na manteiga de garrafa, com cebola fatiada foi comida com o baião-de-dois. Ninguém podia beber, todos ao volante, então fomos de tubaína. Sobrou comida. E comida boa, bem temperada, equilibrada no alho, cebola, coentro com moderação. Terminamos com café Pessegueiro coado. Fiquei tentada a pedir uma sobremesa, mas pensei no caminho de volta (cerca de 70 km) e no sono que iria sentir. Desisti.
Saí de lá lamentando não ter outro estômago para provar os torresmos, o escondidinho, os doces. Bem, parece que terei que ir novamente lá.
Quanto aos preços (sempre perguntam…) eles estão no site:
http://www.mocoto.com.br/decomer.html
Acho melhor ir com um grupo de amigos, para poder provar os pratos e não ficar só nos petiscos. Os pratos geralmente vêm em porções generosas, dividindo, fica bem em conta. Não posso falar das bebidas, uma pena, no calor que fazia uma cerveja até que cairia bem. Fomos atendidos pelo Antonio, que explicou tudo, respondeu nossas perguntas, aconselhou que pedíssemos menos (ahahahahahaha) e até nos explicou algumas curiosidades da comida nordestina.
Não tem ar-condicionado. Havia música, mas num tom que eu ignorei quase que completamente. Tem valet. E eu esqueci de pegar algo no empório (vendem farinhas, doces, cachaças, etc). Nos finais de semana lota. Quando saímos (pouco depois das 13 horas), havia uma fila em frente e alguns comiam e bebiam nos bancos em frente da casa. Como é um bar, o “giro” pode demorar, tem gente que fica mais tempo.
Para mim valeu a experiência, mesmo sem beber. Confesso que não sei nada do Nordeste (não passei do Rio de Janeiro nesta vida) e gostei de tudo que comi. É um lugar que gostaria de voltar, de preferência com amigos. E dizem que não dá para fazer amizade bebendo leite, mas dá para fazer amizade bebendo tubaína. Enquanto esperava para entrar, conversei com um casal, acabamos sentando na mesma mesa para continuar a conversa.