Há algum tempo fiz essa pergunta no Facebook. Alguns riram, outros disseram que só haviam meia-dúzia de pessoas, não me apontaram uma fonte segura, ninguém que eu deva ler com mais cuidado.
A entrevista que li esta semana do Alex Atala me respondeu a esta pergunta. O titulo é “O pior inimigo da cozinha brasileira chama-se Alex Atala” e pode ser lido aqui:
http://www.publico.pt/mundo/noticia/o-pior-inimigo-da-cozinha-brasileira-chamase-alex-atala-1626319
Não dá para negar que Alex Atala é o nome mais influente da gastronomia brasileira. Há quem o idolatre, quem o ame ou quem o odeie. Mas quase todo mundo tem uma opinião a respeito dele. O nome dele está em todos os cantos, quase todo mundo já leu, viu ou ouviu algo dele. E, claro, ele é muito copiado. Ou, como preferem dizer uns, serve de inspiração.
Mas e além dele?
Não vou responder. Espero que o tempo responda. Cozinha é evolução, o que é tradicional hoje, há muito tempo foi inovador. Duvida? Não tínhamos café, nem cana, nem arroz. O nosso arroz-com-feijão veio de fora, assim como tantos ingredientes e maneiras de prepara-los. E isso acontece em todo mundo. A cozinha coreana, conhecida pelo seu kimchee ardidíssimo, não era nada disso até os portugueses levarem as pimentas daqui da América Latina para o resto do mundo. É só um exemplo.
Eu acho que ainda estamos engatinhando nessa área. Morei por 16 anos no Japão e a cultura da comida é bem diferente. Um funcionário de uma indústria automobilística tem sua confeitaria favorita e ainda recomenda: quando for a tal lugar, não deixe de provar o sorvete de melão da barraquinha que fica em frente da caverna. A alta gastronomia, aqui e lá, não é coisa acessível para a grande maioria. Mas sempre existe boa comida. Mesmo em uma cidade pequena. Mesmo em um bairro afastado. E todo mundo quer descobrir um lugar que sirva algo especial, nem que seja uma portinha do lado de uma oficina de motos.
Mas precisamos mudar nossa maneira de ver a nossa comida. Sugiro primeiro abolir o termo “comidinha”. Isso não existe. Tem comida boa e comida ruim. Comidinha não é comida “de verdade”. Não sei o que é. Sou mais o pensamento do meu pai, que dizia: Se é para comer, é comida.
Fica aqui algo para se pensar neste feriado.
Sou da mesma opinião, Comida sendo boa é SEMPRE COMIDA em maiúsculo sem diminutivo.
o lugar o cheiro de alimento feito na hora com esmero mesmo q simples isso sim nos remete a vontade de compartilhar do sentar junto de brindar! ah delícia mesmo, sem pressa, com preço justo é pq.isso na tal falada ”alta gastronomia” não existe, abs
mercedes
[Translate]
O diferencial de Alex Atalla,na minha opinião, é uma característica que geralmente está em falta:inteligência.
[Translate]
“Mas sempre existe boa comida. Mesmo em uma cidade pequena. Mesmo em um bairro afastado”
É isso que eu gostaria que tivesse mais por aqui. É isso uma das coisas que gosto muito do Japão.
De que adianta termos nomes famosos aumentando ano a ano se o que encontramos por aí é comida feita a base de molhos prontos, se o que encontramos nas padarias são produtos a base de misturas prontas e com chantilly falso.
É um exagero o uso de essências, daqui a pouco vai vamos encontrar nos restaurantes feijão com essência de feijão e churrasco com essência de churrasco.
[Translate]
Pois é, gastronomia é uma coisa que não chegou ao público em geral. Para a maioria, é uma ideia abstrata, que só existe nas páginas das revistas especializadas. Muita gente olha para o próprio prato e não pensa naquilo como comida brasileira. Há até (já me interpelaram no Twitter) quem acredite que comida brasileira é exclusivamente a indígena, como se fosse conhecida de todos os brasileiros. Esquecem da diversidade que temos seja de origens, seja de ingredientes. O arroz com feijão é brasileiro, assim como o pastel de feira e o pão com manteiga. E hoje são poucos que tratam desses (e outros, claro) pratos do cotidiano com carinho. Feijão de caixinha ou temperado com algum pó, arroz idem, pastel feito com massa industrializada rescendendo a sorbato, pão feito de mistura pronta.
[Translate]
Assino uma revista de panificação, mais para ficar de olho em equipamentos mas reparo que é tudo mistura pronta ou semi pronta, pães, mistura para bolos/pudins/panetones e caldas das mais diversas, com suas cores fosforescentes e o quase unânime nas padarias e confeitarias do Brasil, chantilly falso, que aguenta temperaturas mais altas.
Daí você faz um chantilly verdadeiro, da maneira como se deve fazer o chantilly verdadeiro e chega uma pessoa, que está quase se formando em gastronomia, que come e acha “pesado”.
Pow, quer adorar feijoada enlatada? tudo bem, mas saiba diferenciar uma enlatada de uma verdadeira.
[Translate]
Panificação no Brasil está uma tristeza. Não encontro pãozinho bom, aliás, pão em geral é uma frustração. A confeitaria também. Literalmente, dá para dizer que é tudo farinha do mesmo saco, seja pre-mix de pão ou de bolo. Ultimamente tenho me irritado com coisa que não tem nada de especial sendo comercializado como “gourmet”. Exemplo: brigadeiro bem comum, enrolado em granulado de açúcar barato. Gourmet? Só no preço.
[Translate]
Háhá tiveram que colocar o GOURMET porque TODO mundo faz doces FINOS e bolos ARTÍSTICOS!
[Translate]
De tanto que usam o termo “gourmet”, Christopher, daqui a pouco vai ter tanta credibilidade quanto o “100% garantido”.
[Translate]
Ainda não vi todo o blog, mas ja adicionei como favorito,amei o jeito da Marisa Ono.
[Translate]
Obrigada, Celeste. Indique para os amigos!
[Translate]