Engraçado como a gente muda o nome das coisas para elas ficarem menos assustadoras, não? Cérebro vira miolos, tubarão vira cação, estômago vira dobradinha… A gente enfeita no nome, enfeita na apresentação e vai enganando a coisa. Sim, é parte de um bicho. Não deixa de ser comida. Comida rica em vitamina C, niacina, riboflavina, selênio, vitamina B12, ácido pantotênico e fósforo. E também em colesterol portanto, não dá para abusar.
Na minha infância e adolescência ouvia minhas colegas de escola comentarem que havia comido miolos. É uma coisa que nunca havia entrado em casa. Porém parecia muito comum para os descendentes de italianos, alemães e poloneses. Só comi miolos ou cérebro uma vez, de boi. Nunca havia feito na minha vida. Esses são de porco, ainda crus.
O passo seguinte foi cozinhar em muita água com um pouco de sal, suco de limão e suas cascas. Cozinhei por uns 15 minutos, como orientou o Edson Croce do Shopping da Roça. Aliás, foi ideia dele de me fazer cozinhar miolos.
Cozido fica um pouco mais firme. A seguir tirei os veios maiores, limpei as peças.
Fatiado, é assim. Sem sangue, sem corpos estranhos, só uma massa clara e meio cremosa.
Depois foi cortar em cubinhos, temperar com sal e pimenta do reino, empanar e fritar. Acho que faltou um pouco de tempero, talvez alguma erva fresca.
Bem, à milanesa, qualquer coisa fica bom. Pelo menos era o que dizia meu pai, que afirmava que seria possível comer até cadarço empanado. Tirando a casquinha dourada e o sabor do pão dourado, o miolo em si tinha textura de tofu e sabor suave, sem cheiro estranho nem nada. O sabor remetia um pouco ao tutano e com muito umami. Para um desavisado, seria um pouco difícil saber o que é.
Acho que para mim faltou um pouco de hábito e um pouco de tempero.
Minha mãe cresceu comendo cérebro de boi à milanesa. Diz que é uma delícia. Eu nunca provei, apesar de ter vontade.
Alías, lá em casa, fomos criados comendo de tudo: coração, rins, fígado, estômago, moela…
E os gaúchos tem a tradição, desde cedo, de comer coraçãozinho de galinha (hoje, bem popularizado) no espeto como aperitivo do churrasco.
Antigamente, nos churrascos, fazia-se rins de porco enrolados com fatias de bacon, colocados em um espeto e assados na churrasqueira… hoje é praticamente impossível encontrar isto!
Na fronteira gaúcha com o Uruguai e Argentina, ainda comem nos churrascos (às vezes, até testículos de boi também).
Lá em casa, dois dos meus favoritos são: o coração de boi recheado com presunto e queijo (que meu pai faz) e o patê de fígado de galinha da mãe (este, fiz pela primeira vez nesta semana).
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Nunca comi rins. Em casa comíamos muito moela, coração e fígado de galinha, além de fígado de boi. Dobradinha com certa frequência, era bem barato, assim como língua. Lembro que vendiam testículos, rins e outras partes nos açougues. Agora, pode procurar, é difícil e se encontrar, vai estar congelado.
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Quase 1 da madrugada aqui no Qatar e depois de ler Esse post to com desenho de comer cerebro de carneiro…aqui escaldo os cerebros- bem fresquinhos- com limão , sal, sementes de coentro e água fervendo, 10 minutos, em seguida na água com gelo. Tiro veias e membranas, pico aleatoriamente, e refogo rapidinho com alho, pimenta do reino, quase nada de azeite de oliva. Comemos a temperatura ambiente, com limão e folhinhas de coentro picado. É bom demais.
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Uia, Lu, vou experimentar. Estava pensando em fazer um curry porque sou louca por curries. Mas com alho deve de ficar muito bom!
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Marisa boa tarde, voçê me fez lembrar de mãe, ela fazia o cérebros frescos com sal e enrolados na palha de milho e assava no forno a lenha ficava uma delicia,
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Cérebros assados? Interessante, ainda não havia ouvido falar deles.
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Nossa!!!! o que gosto na gastronomia é a imensidão de “gostos” que há por este mundo…coração de galinha em espetinho como…um figado de boi acebolado bem torradinho também aprecio…mas cérebro!!! nunca jamais teria coragem de degustar, admiro quem o faça.
Marisa parabéns pelo seu blog acompanho sempre…conheço vc virtualmente desde o tempo do falecido orkut. Abraços fraternos.
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Marisa, aqui em casa comemos cérebro de boi a milanesa desde que me entendo por gente.
Testículos tem que encomendar. Ou ser amigo de veterinários, que sempre arranjam em épocas de castração.
Cozinho até ele “abrir”. Aí é só retirar a membrana, temperar, empanar e fritar.
Do boi, só não comi rim e o mugido.
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