Continuando Sobre Shojin Ryori

Toshio Tanahashi começou falando que os seres humanos, como outros animais, precisa comer para viver. Mas, diferente de vários outros animais, precisa cozinhar para poder comer. E aí que surge a culinária, como uma atividade que exige do intelecto humano. Pouco falou de técnicas culinárias. Dizia maravilhado com a variedade, a fartura do mercado municipal. Cozinhar, para ele, é uma atividade terapêutica, meditativa. Concentrar-se tão profundamente em uma ação, como moer gergelim torrado, é uma forma de meditação. “Os vegetais me salvaram”.

Eu tenho idade o suficiente para me lembrar de uma época em que cozinhar não era uma atividade nobre. Juro que já ouvi: “Minha filha não cozinha, tenho empregada para isso!” Eu comecei a cozinhar por necessidade, mesmo, alguém precisava fazer a comida, lavar panelas, ir à feira. Havia um prazer de preparar algo especial para os finais de semana ou quando reunia amigos. Claro que o tempo passa e a gente vai aprendendo que também precisa fazer escolhas, equilibrar necessidades do organismo com o gosto pessoal e também vai aprendendo coisas novas.

Tudo isso foi se seguindo como um curso natural. Confesso que nunca pensei muito no assunto e filosofia não é a minha área. Saí de lá vendo que cozinhar tem a ver com observar as estações, partilhar, buscar o conhecimento sobre nutrição, estar atento ao próprio corpo e suas necessidades, maravilhar-se com a natureza e saborear. Vi também o quanto sou limitada. Meu repertório de receitas com vegetais é muito limitado e jamais pensei em montar uma refeição com 30, 40 vegetais diferentes.

Ele terminou dizendo que não criticava culinária alguma. Cada povo tem sua cultura e seus hábitos. No entanto, ele não sentia necessidade de ingerir proteína animal e que raramente comia peixe.

Eu não pretendo tornar-me vegetariana. Tenho meus motivos e preferências. Mas estou muito disposta a explorar mais o reino vegetal.

E convido a todos para gastar mais tempo cozinhando, indo à feira, perguntando ao feirante de onde veio o produto…

 

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3 Responses to Continuando Sobre Shojin Ryori

  1. Diulza Angelica dos Santos diz:

    Oi Marisa adorei o texto é isto mesmo, hoje tudo vem pronto,o pessoal me diz que sou louco por fazer o meu pão geleia, qdo. da até a manteiga, gosto disto,tenho saudades dos domingos em casa c tdos. em volta da mesa, minha mãe começava no sabado a cozinhar hoje todos sempre com pressa, e dizendo que não tem tempo p/ cozinha, é uma pena,tudo esta muito mudado, bjs.

    • Marisa Ono diz:

      É, Diulza, há muito penso no quanto a indústria de alimentos tem moldado nosso paladar e não nossas mães, madrinhas, vizinhos, etc. Reconheço que está difícil ter tempo para cozinhar, mas fico preocupada com o fato que muitos estão deixando a responsabilidade de escolher o que come para os outros.

  2. Marisa Lima diz:

    Olá Marisa ( chará)

    Fiquei muito feliz por encontrar voce.
    Sou terapeuta em medicina tracicional chinesa com especialização em acupuntura japonesa.
    A alimentação é de suma importancia no tratamento da medicina energética. E claro é de suma importancia para o Ser.
    Estava buscando uma receita sobre fermento natural, encontrei aqui, mas ja dei uma olhada em tudo que está postado, e adorei.
    Espero fazer-mos grandes trocas de figurinhas heheheheh

    bjus
    Marisa Lima
    Sorocaba-SP

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