Shimeji No Quintal

Quem acompanha o blog já está acostumado com a idéia de que eu e a senhorinha que mora comigo gostamos de ter comida no pé, literalmente. A horta não é grande, mas conta com uma certa variedade, mérito mais da minha mãe que meu.

Mas nem sempre foi assim. Quando morávamos no Rio de Janeiro, a comida vinha principalmente da feira e do supermercado. Na Ilha do Governador ainda comi algo tirado da praia, não muita coisa, é verdade. Principalmente porque eu achava que siris eram brinquedos e não comida.

Tivemos uma horta em Londrina. Tiramos batatas-doces, chuchu e cebolinha, que nos alimentaram em tempos bicudos dos quais não tenho saudades. Depois nos acostumamos a ter gengibre sempre fresco, salsa, alguns carás.

Quando fui morar no Japão, tentei ter algumas plantas na sacada dos apartamentos. Nem sempre tive muito sucesso. O frio, o sol excessivo, o calor irradiado pelo concreto às vezes matavam minhas plantas. Tive manjericão, alecrim, menta.

E cogumelos? Bem, não sou louca de arriscar a vida e comer um cogumelo selvagem. Existem muitos  cogumelos tóxicos e saber quais são comestíveis é coisa para especialistas. Mas não resisti à idéia de ter um saco de composto cheio de micélio no meu quintal.

Tudo começa com um saco plástico cheio de palha tratada, descontaminada. As “sementes” do cogumelo são colocadas lá e o cogumelo se desenvolve, formando uma rede, uma trama por dentro. É preciso manter na sombra, livre de correntes de ar e é regado, para manter a umidade.

Depois de algum tempo (não sei quantos dias) o cogumelo começa a brotar.

A partir de certo momento, eles crescem numa velocidade espantosa.

Dependendo das condições do clima, a colheita chega a ser diária.  O “buquê” de cogumelos que colhi hoje tinha 200 gramas! É o que aparece na foto. Ontem à tarde, ainda estava pequeno.

Resolvi fazer um clássico: shimeji bata-yaki. Quem costuma frequentar izakayas e restaurantes orientais, já deve ter visto, é muito popular até mesmo aqui no Brasil. É muito, muito fácil. Basta dividir o cogumelo em pequenos ramos, eliminando a parte mais dura da base, que é muito fibrosa. Refogue em um pouco de manteiga. No começo, vai parecer muito seco, o cogumelo age como uma esponja. Mas depois que começar a cozinhar, vai soltar um pouco de líquido. Quando estiver cozido, cheirando bem e com alguns pontos dourados, junte um pouco de molho de soja, misture e sirva. Como alguns molhos são mais salgados que outros, vai variar a quantidade.

Servindo em porções individuais em uma tigela bonita fica ainda mais charmoso.

 

 

 

 

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16 Responses to Shimeji No Quintal

  1. Nossa, que maravilha isso!!!!!!

    SHimeji, amo, e o maior respeito por vc que o cultiva em casa : )
    Beijo, blog lindo!
    Lena

    • Marisa Ono diz:

      Helena, o maior mérito é da Akemi e do Paulo Yaegashi, de quem comprei os sacos e que têm todo o conhecimento sobre o cultivo. Quando a Akemi disse que me venderia, não resisti. Queria ver os cogumelos crescendo dia-a-dia.

  2. Daniel diz:

    Que coisa mais maravilhosa! Adoro cogumelos, fiquei com vontade de ter também… Mas não hahaha, acho que as galinhas devem vir primeiro.

  3. Mariana diz:

    Marisa,

    Será que elas vendem para outras pessoas? Fiquei tão interessada…

  4. sonia lopes diz:

    Marisa, a Akemi venderia para nós? iriamos adorar ter cogumelos frescos…
    bjs.

  5. Maria Helena diz:

    Que lindo, Marisa.
    Também gosto de ver crescer o que plantamos. É gratificante ter uma horta em casa e acompanhar o desenrolar da natureza.
    É meu “sonho de consumo” encerrar a vida de correria em São Paulo e poder começar essa outra vida de olhar devagar. Você me inspira com essas publicações tão mimosas. Bjs

    • Marisa Ono diz:

      Maria Helena, ter esse estilo de vida que levo tem seus custos. Não só financeiros. Tenho que aceitar certas restrições e limitações. Por outro lado, também tem suas compensações. Em outra época da minha vida talvez eu corresse disso tudo. Hoje, vou levando como posso. Curioso como o tempo muda nossas necessidades, nossos anseios. Se vier esse período para você, aproveite.

  6. Debora Correa diz:

    Marisa, que coisa linda! Eu amo shimeji! Até pouco tempo era impossível encontrá-los em Goiânia. Toda vez que eu ia pra São Paulo, voltava com um monte de bandejinhas… agora, ter isso em casa, no quintal, deve ser maravilhoso!!! Beijos

    • Marisa Ono diz:

      Alina, Debora. Pois é, nem é pelo fato de comer cogumelos em si. Deixei-me levar pela curiosidade, pelo encantamento de ter algo crescendo (mais uma coisa!) aqui no quintal. É caprichoso, um dia tenho muito, agora parece que o crescimento estancou. Não sei se estou dando água demais ou o frio dos últimos dias afetou. Mas tem sido mais uma distração…

  7. Alina diz:

    Olá Marisa, fui invadida por saudosismo lendo seu post! No interior do Paraná , o meu pai produzia shitake inoculado em tronco de Donguri, para consumo doméstico, e sempre acompanhávamos a evolução desde o brotamento até consumi-los. Entrarei em contato com a Akemi Yaegashi pra ver se ela me vende, e ter produção e momento nostalgia no quintal de casa, acho que o “barato” é o acompanhamento.Um Abraço

  8. Ola Marisa! parabens pelo blog e seus maravilhosos temas e assuntos..adorei a informacao e vou tentar entrar em contato com a akemi…orbigado e parabens mais uma vez….

  9. gabriela ferreira diz:

    hummmmmmm!!fiquei morrendo de fome ,eu amo comida japonesa!obg pelo depoimento merisa ono adoreiiii!!!!11

  10. Marcio diz:

    Adoro shitake e shimeji e recentemente estou interessado no cultivo para consumo proprio para ficar longe dos agrotóxicos.
    Será que você teria alguns contatos para me indicar que vendam esses kits ou que vendam o produto direto do produtor (moro em Cotia).
    Muito obrigado pela atenção.

    • Marisa Ono diz:

      Eu conheço a Akemi e o Paulo, ficam na estrada entre Ibiúna e Piedade, do lado direito para quem vai para Piedade, há uma placa indicando a venda de cogumelos. O telefone é (15)9721-1828. Também há um produtor de cogumelos de Cotia, com banca no Varejão do Ceagesp, do lado par, mas não tenho o endereço dele, Marcio.

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