Não posso dizer que fui a muitos restaurantes. Sério. Em um período cheguei a almoçar ou jantar fora uma vez por semana, mas geralmente em restaurantes populares. No Japão existem muitos restaurantes que não são caros, com comida boa. Nenhum cliente repara na decoração. Alguns nem têm mesas, só o balcão. E em algum casos, nem cardápio, são casas especializadas em um único prato.
E o que eu comia nesses lugares? Lamen, udon, gyudon (tigela de arroz com carne cozida em shoyu, cebolas), tempura. Bife com fritas, espaguete, beef stew. Bibimbap, carne de porco refogada com o picante kimichee, churrasco coreano.
Mas há um que jamais irei esquecer.
É verdade que costumamos ser menos exigentes com culinárias que não conhecemos, principalmente pela falta de parâmetros. Mas é também fato que o exílio faz coisas curiosas com nossas vontades. Eu morria de saudade de pão de queijo, por exemplo. E por isso mesmo brasileiros acabavam, um dia, indo a um restaurante brasileiro no Japão. Geralmente churrascaria.
Não explico as circunstâncias que me levaram a tal lugar. Só digo que a sugestão do lugar não foi minha. Não conhecia o lugar.
Haviam muitas garrafas de Cidra Cerezer no balcão do bar. Desconfiei que algo poderia dar errado naquela noite quando passei pelo caixa e notei envelopes de Engov bem à vista.
Bem, comecemos pedindo algo para beber, não? Pedi um screw driver. O garçon não entendeu. Apontei no cardápio. Disse que iria ver se o pessoal do bar conhecia. Expliquei que era suco de laranja com vodka. Depois de muito tempo, recebi um copo com suco de laranja. Se tinha vodka, o suco de laranja foi apresentado rapidamente a ele.
Fui ver como era o arroz e o feijão. O arroz estava amarelado. Tive impressão que era sobra do dia anterior, requentada. Quanto ao feijão, não tive dúvida: era sobra do dia anterior. E era bem católico, tinha sido batizado vezes seguidas, de tão aguado que estava. Acabei desistindo do buffet quente. Aliás, só tinha costela e linguiça ensopada de opção, mesmo.
O buffet de salada consistia em milho enlatado, beterraba enlatada, azeitonas enlatadas, palmito enlatado, picles de pepino e de cebolinha (enlatado, claro). Nem uma alface ou tomate. Não resisti e acabei perguntando se era dia de folga da cozinheira. Ninguém à mesa riu. Não acreditei que estavam levando a sério aquilo.
Ah, as carnes. Secas, duras, esturricadas. Isso seria até aceitável. Ou melhor, o que eu deveria esperar de um restaurante que não consegue fazer sequer uma salada. O problema é que apareceu um casal japonês e eles receberam picanha ao ponto e foram servidos com muita atenção.
Vamos acabar e pedir o café? Ah, não tem café. Já fechamos a cozinha. Mas não dá para passar nem um café? Não, já lavamos a cafeteira.
E só para terminar, a casa estava quase vazia naquela noite. Apenas o grupo com o qual fui e o casal que chegou depois estavam lá. E, pensando bem, acho que tive sorte de não ter precisado do Engov oferecido no caixa.
Vai para a categoria “Tira isso da Boca, Marisa!” porque é uma experiência que eu não repetiria.
Lendo seu post fiquei aqui lembrando de algumas “churrascarias” no Japão que tive a infelicidade de conhecer. Tirando uma ou outra coisa eram todas iguais e serviam a mesma carne esturricada e horrível! Fui algumas vezes logo que cheguei para nunca mais voltar, com tantos bons restaurantes de steak e outras culinárias era bobagem deixar meu rico dinheirinho nessas espeluncas brazucas! rsss
Bjss
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É, Akemi, eu também fui a algumas, mas não por escolha própria. Em todas as vezes era aniversário ou jantar de confraternização. Eu achava um absurdo pagar para comer sobra do dia anterior. Menos pior eram algumas lanchonetes, de vez em quando almoçava um hamburguer…
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Nossa, com esse post me lembrei tbm das vezes que fui em restaurantes ruins no japão, eram brasileiros…. que eu me lembre foram 2, um de carne esturricada em handa e outra pizzaria tbm em handa que cobrou o preço total, sendo que as pizzas doces que estavam incluídas no rodízio iriam demorar mais de uma hora para sair porque estavam com “muitas encomendas” naquela noite…. ridículo…. não é a toa que brasileiro tem péssima fama…
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Outra coisa que achava graça lá no Japão era que muitos brasileiros insistiam em usar produtos brasileiros, como shampoo, detergente, colônia, cosméticos, com tantos produtos melhores em qualquer loja de conveniência. Quanto a restaurantes, haviam tantos, de tantas culinárias diferentes, para todos os bolsos, não? Mas sempre tinha um pessoal do trabalho que queria marcar um jantar numa churrascaria.
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Levei alguns japas e americanos em restaurantes brasileiros… pelo menos nas vezes em que fomos, deu pra “quebrar o galho” =)
Lembro de um americano que só faltou chorar quando viu beterraba no buffet de saladas e de um japonês que ficou horrorizado ao saber do que era feita a rabada.
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Olá Marisa!
Quanto tempo! Tudo bem? (^_^)
Infelizmente os enlatados continuam em muitos buffets dos restaurantes brasileiros aqui do Japão! (-_-) Sem esquecer da maionese japonesa empacotada.
Para não passar vergonha, prefiro cozinhar em casa para os amigos japoneses/estrangeiros. Não faço nada de extraordinário, mas nada melhor que comida caseira e feita com carinho! =)
Quando a vontade de comer churrasco realmente aperta, apelamos p/uma churrascaria aqui da cidade, nem tão boa e nem tão ruim. =P
Mas o bom do Japão é a oportunidade de conhecer novas culinárias! (^_-) Tem churrasco japonês ( sem ser aqueles de self-service, horríveis e com carne parecendo “retalho”! ) churrasco coreano, steak australiano…
Abraços!
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Oi Marisa
Estive 6 vezes no Japão com vários colegas e tivemos a oportunidade de comer muito bem em churrascarias brasileiras. O problema é a qualidade da carne que tem por lá !!!
Muitos cosméticos brasileiros estão entre os melhores do mundo………
Presumo que vcs não tem muita sorte, ou não sabem escolher.
Abs,
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João, morei 16 anos lá, morei em 4 cidades diferentes, em 3 províncias diferentes. Carne boa há, depende do quanto quer pagar. Até carne orgânica, da Nova Zelândia. A não ser que prefira carne zebuína a taurina. Fui a 3 restaurantes brasileiros e nenhum deles foi sequer satisfatório.
Quanto a cosméticos, também não concordo. Não faz sentido usar um produto que foi desenvolvido para um clima tropical no Japão. Sem falar na qualidade de produtos como Shiseido, Kanebo, que são encontrados em qualquer loja de departamento. E por um preço que equivale aos produtos brasileiros que são exportados.
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Tá falando de comida ou cosméticos não entendi, esta coisa de brasileiro abrir negócio quando sai do país sem ser do ramo é ruim em qualquer lugar do mundo, não só brasileiro cada macaco no seu galho né não sô, quanto aos cosméticos, eu sou das antingas só leite rosa e cremin nivea e ta bão de mais bjs Ma fui.
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Pois é, Diulza. O mesmo diria de construção civil. Tem gente que pensa que qualquer um pode ser pedreiro, passa em um bar e leva para a obra meia-dúzia de sujeitos que mal sabem empunhar uma pá. Depois reclama do serviço. Cozinha não é diferente, tem dono de restaurante que pensa que qualquer um sabe fazer churrasco…
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Agora conta o nome do restaurante. Rsrsrs. Ou pelo menos dá umas pistas. Só conheci duas churrascarias no Japão, o Barbacoa, onde morri de comer coxinha, e uma pequena que fui em Yokohama, xexelentíssima, da qual esqueci o nome.
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Ah, não vou contar porque creio que já nem existe mais. Aliás, Fabiola, tenho dificuldade em falar mal de restaurante. Prefiro não falar nada. Pode ter sido um dia ruim, um acidente.
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Também, passei por experiência semelhante, em uma churrascaria, quando estive no Japão.
Fui levada por outras pessoas, senti vergonha da “qualidade”.
Os cosméticos japoneses, são maravilhosos! Não sou comsumista, mas, não vivo mais sem eles.
Beijos,
Claudia
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Claudia, sou alérgica a muitos cosméticos. Sinto saudade de umas linhas de lá, hipo-alergênicas e até mesmo à base de água. Não encontro por aqui…
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Marisa,
Muito obrigada pela resposta.
Uso produtos japoneses para pele sensível, estou super satisfeita, provarei, quando possível, os produtos à base de água. Torço para que consigas “importar” pelo menos o essencial para a tua pele. Quem conheçe, sabe do que estamos falando e sentindo. Compro os meus aos poucos.
Uma otima semana,
Claudia
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Correção: CONHECE
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