“Você precisa ler esse livro”. “Você precisa conhecer Michael Pollan.” Ouvi isso algumas vezes e, creia, até vi o autor uma vez, pessoalmente, numa situação inusitada. Troquei duas frases com ele.
Passei a semana lendo o último livro dele: Cozinhar – Uma História Natural da Transformação. De fato, ele conseguiu reunir uma série de pensamentos e questionamentos que tenho.
Já aviso que crudivoristas poderão ficar irritados com alguns comentários por lá.
Cozinhar durante muito tempo foi uma atividade importante para o ser humano. Consumindo alimentos cozidos, ficamos a salvo de parasitas, aumentamos a quantidade de energia ingerida, reforçamos laços familiares, criamos uma cultura. No entanto, nas últimas décadas, comer tornou-se um ato secundário. Eu mesma reconheço que não é raro comer diante da TV, por exemplo.
Cada vez mais pessoas deixam de cozinhar e passam a consumir mais e mais produtos industrializados. Poderia-se dizer que seria mais racional deixar a cozinha para quem tem aptidão e comer só em restaurantes. No Japão isso é até comum, existem muitos restaurantes populares e lojas que vendem pratos prontos, feitos no dia. E com tantos lugares baratos para comer, além dos refeitórios das empresas, universidades, repartições públicas, muita gente prefere não cozinhar. Ainda mais se considerarmos que há muito mais gente vivendo sozinha e em apartamentos realmente pequenos.
Se formos ir mais adiante na lógica, talvez fosse mais sensato ainda parar de cozinhar e ingerir “comida de astronauta”, preparados balanceados que até já existem. Uma lata ou um sachê e pronto. Pouco lixo, nenhum desperdício, pouco tempo gasto.
Mas cozinhar e comer não é só alimentar. Não é só ingerir calorias e nutrientes. Para mim, cozinhar tem mais com agradar outra pessoa. Sim, eu posso comer praticamente qualquer coisa, sem queixas. Na maior parte do tempo cozinho para outra pessoa. Comer tem mais a ver com uma identidade – sou do grupo de humanos que come carne de porco, que gosta de arroz branco, que come pasta de soja fermentada, que come “de pauzinhos”, etc -, com cultura, com grupo social e outros fatores que vão além da nutrição.
Outra coisa interessante no livro é o capítulo sobre fermentados. Eu fermento coisas porque faz parte da minha cultura, dos meus hábitos e por conta da minha curiosidade. No entanto ele acredita que o fato de termos deixado de consumir produtos não-pasteurizados tem influência direta na nossa saúde. Questões a respeito de probióticos e prébióticos, Não vou discutir isso, faltam-me dados para sequer começar. Gostaria que lessem com atenção.
Recomendo o livro para quem se perguntar porquê cozinhamos.

Ola Marisa,
Gostei! Mas erá que encontro este livro aqui no interior ou terei que pedir em algum sait em especifico?
Obrigada mais uma vez
Dilza
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Talvez seja até mais fácil comprar através de um site. Há algum tempo fui em uma livraria e não tinham em estoque, Dilza.
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Oi Marisa, por falar em cozinhar, você tem algum curso programado para este ano????
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intenção sim, programado ainda não. Planejo organizar algo a respeito dos doces japoneses e massas recheadas (gyozas, etc), Sandra.
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