Outro dia me perguntaram assim, na bucha, se eu achava que o chef Alex Atala merecia toda a atenção que recebe da mídia.
Vamos por partes. Conheço-o mas não tanto. Conversamos algumas vezes, poucos minutos. Nunca tive uma conversa longa, tardes calmas, café na caneca, pé no chinelo, muitos cigarros. Quem já veio aqui em casa entende. Sou uma pessoa que gosta de conversar e (espero que muitos concordem) que gosta de ouvir.
Também nunca fui ao D.O.M. Não tenho dinheiro nem roupa para isso. Fui uma vez ao Dalva e Dito mas não comi a comida dele e sim a do Thiago Castanho. O que provei em aulas, palestras, etc é só um pequeno vislumbre da cozinha dele. Acho que não dá para dizer muita coisa em cima disso.
Quando me perguntaram sobre a importância dele, veio à minha mente não só ele, mas muitos.
Sim, acho merecido. Pode até não ser pela comida (a afirmação irá indignar muita gente, eu sei). Mas pela influência que ele é.
Como muitos sabem, vivi muitos anos no Japão. Quando se falava sobre o Brasil por lá, as imagens que as TVs japonesas exibiam eram do Carnaval do Rio, da floresta Amazônica, dos jacarés do Pantanal. Povo e natureza exuberantes. E só. Mesmo quando Carlos Ghosn assumiu a Nissan, as TVs se recusavam a admitir que ele era brasileiro de Porto Velho.
E um dia vejo uma jornalista japonesa entrar no D.O.M, provar a sobremesa que leva chocolate e curry. Queria saber mais desse lugar que estava listado entre os melhores restaurantes do mundo. Também vi em outro dia ele no Japão, provando caldos feitos com alga kombu, bolando combinações com ingredientes brasileiros. Só por isso já acho que ele fez muito pela imagem exterior do Brasil.
Também é inegável a influência na gastronomia brasileira. Estamos vivendo o momento do ingrediente. Tem gente pesquisando cogumelos amazônicos, tem gente dando novos usos aos frutos do cerrado, tem gente usando mel nativo. Tem também muita gente usando PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Ou seja, já que ele colocou formiga no prato, todo mundo se animou a morder, provar e usar ingredientes que saem da floresta, do “mato”, do quintal. Nenhum ingrediente é menos nobre. E eu estou gostando dessa diversidade, dessa curiosidade toda.
Recentemente ele recebeu o prêmio de Personalidade do Ano do “Pintou Limpeza”, prêmio das rádios do grupo Estadão (Eldorado e Estadão) por conta do instituto ATÁ e seu comprometimento com a biodiversidade, sociodiversidade e agrodiversidade.
Por tudo isso eu disse “sim”. Porque é possível que um dia as atenções não estejam mais focadas nele. As coisas mudam, modas, costumes. Mas ele já deixou uma marca.
Marisa tai gostei,bem balanceada o comentário,Eu não sou muito de comida cheio de firulas,até por ignorância minha mesma,que sou muito capirona ainda,gosto de coisas mais Simples, e que não preciso vestir para festa pra ir ao restaurante.Frequentei muito Kinoshita, quando era na Gloria depois que mudou nunca mais fui.Hoje comida virou moda e assunto de todas as conversas.Mais o bom da cozinha e quando se diz fulano é meu amigo de entrar na cozinha de minha casa e tomar café,e ficar horas de conversa,a comida tem o dom de agregar.
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Para mim amigo tem a ver com intimidade, que vem com a confiança, que é algo que não dá para cobrar, exigir.Em outro nível, existe o “colega” ou “conhecido”. No Japão eles separam bem essas categorias, o japonês faz poucos amigos ao longo da vida, embora possa ter muitos colegas…
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