Folhas de Alho

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Não sei se existe para comprar. Para quem tem um quintal ou um espaço para uma floreira, pode plantar. Basta enterrar dentes de alhos brotados, deixando um espaço de alguns centímetros entre eles e cuidar. É melhor que não tomem muito sol e não esqueça de regar sempre que a terra ficar seca. Em algumas semanas, com alguma sorte, poderá colher folhas longas e verdes de alho, que são deliciosos.

As folhas mais jovens são macias e possuem um aroma mais suave de alho. Ficam boas em refogados.

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Por exemplo: refogue carne cortada em tiras em um pouco de óleo. Adicione um bom punhado de folhas de alho cortadas em pedaços de uns 5 centímetros (umas duas xícaras, murcham bastante) até murchar e junte meio pacote de moyashi (250 gramas). Refogue até o moyashi perder o gosto de cru mas continuar crocante. Tempere com sal, molho de ostras (ou shoyu) e pimenta do reino. Pronto. Simples, fácil e saboroso, sem a necessidade de usar muitos temperos.

Se não encontrar folhas de alho, pode usar nirá (chamado às vêzes de alho japonês). Não é a mesma coisa, as folhas de alho são levemente adocicadas, o aroma é mais delicado mas funciona.

Vai para a categoria “Cozinha do Desespero” porque vai poucos ingredientes, gasta pouco tempo para preparar os ingredientes e ficar pronto.

Rende uma porção bem generosa para 2 pessoas e comi com arroz e uma sopa.

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Conserva de Folhas de Daikon

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Cozinha doméstica não é gastronomia. Pelo menos dentro da ideia geral que quase todo mundo tem sobre gastronomia, não? Não são pratos lindos, servidos em louça fina, com ingredientes nobres, técnica complexa e apurada. Na maioria das vezes é algo rápido, feito com ingredientes acessíveis e a uma das últimas preocupações é com a apresentação. Afinal, comer em casa implica em nutrir, economizar, aproveitar o que tem na geladeira ou dispensa… E é isso tudo que mais gosto. Fico me perguntando sempre o que as pessoas de países que não conheço jantarão hoje.

A conserva de folhas de nabo é considerado um prato de pobre. Eu enxergo de uma maneira bem mais simpática. O daikon (nabo japonês) é um vegetal que é aproveitado integralmente e de diversas maneiras. É um dos poucos vegetais disponíveis durante o inverno rigoroso. Pode ser comido cru, cozido, pode ser desidratado, transformado em conservas. O daikon alimentou e alimenta gerações, tanto em épocas de fome e guerra quanto em tempos de paz e prosperidade.  Olho para ele com carinho. E o engraçado é que quando criança, odiava.

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Pode ser feito com folhas de nabo (sim, aquelas que são descartadas, quase que sempre, nas feiras). Ou, para quem tem um punhado de terra, basta semear e esperar que cresçam. Em dado momento será necessário tirar algumas para “rarear” e sobrar espaço para que os outros cresçam. Os que sacrificamos, são lavados, picados e salgados. Amassamos um pouco com as mãos, coisa de 1 ou 2 minutos. No dia seguinte começamos a comer. É um pouco amargo, um pouco picante e muito bom com arroz.

 

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Abaixo Assinado a Favor da Horta Comunitária

Peço ajuda dos leitores. Uma horta comunitária na Lapa corre o risco de ser destruída, transformada novamente em um pedaço de terra abandonado, um ponto de descarte de entulho. Eu estive lá. Não é um jardim de Versailles, é um pedaço pequeno de terra com plantas medicinais, ervas aromáticas, flores, hortaliças.

A função de uma horta comunitária não é só produzir comida. Ela desestimula o descarte irregular de lixo, o que ajuda a evitar a proliferação de mosquitos e também tem uma função social, já que os vizinhos participam, se conhecem e interagem. De certa forma, ajuda a melhorar a segurança na rua também.

O apelo vem da Neide Rigo e a matéria toda está aqui:

http://come-se.blogspot.com.br/2015/03/abaixo-assinado-para-manter-horta.html

O link para o abaixo-assinado é este:

https://www.change.org/p/jos%C3%A9-ant%C3%B4nio-queija-libera%C3%A7%C3%A3o-das-hortas-em-pra%C3%A7a?recruiter=101838135&utm_source=share_petition&utm_medium=email&utm_campaign=share_email_responsive

Obrigada

 

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Pão de Miso, Melado e Figo Seco

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Parti de uma massa de pão bem conhecida no Japão, o Butter Roll (Baata Rôru, como dizem por lá). É um pão macio, levemente adocicado, pequeno, que se assemelha ao nosso pão de leite. É um pão para o café da manhã, embora possa até acompanhar uma refeição. A ele adicionei miso para dar um aroma diferente, melaço por conta da cor e figos secos, pela doçura e textura. Ficou bom com requeijão, no lanche. Mas estou pensando em outras combinações. É um pão fácil, não precisa de uma máquina de pão ou batedeira, só um pouco de sova.

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280 gramas de farinha de trigo

6 gramas de fermento biológico seco instantâneo

20 gramas de leite em pó

1 ovo

1 1/2 colher de miso (cuidado: adicione 1 colher e prove, pode ser que o seu miso seja muito salgado e a 1/2 colher não seja necessário)

2 colheres de sopa de melado

2 figos secos grandes, bem picados

Cerca de 130 ml de água

20 gramas de manteiga sem sal

1 gema para pincelar

Misture a farinha, o fermento e o leite em pó em uma tigela. Quebre o ovo em uma tigela, adicione água, misture bem e adicione 1 colher de miso e o melado. Adicione à mistura de farinha e misture.

Prove a massa. Se achar que falta sal, adicione mais 1/2 colher de miso.

Sove por cerca de 10 minutos. Se a massa estiver muito dura, adicione mais um pouco de água. Se estiver mole demais, um pouco de farinha. A massa deverá ser bem macia e até um pouco difícil de sovar mas não desista.

Forme uma bola, coloque em uma tigela e cubra com um filme plástico. Deixe crescer.

Divida em 6 ou 8 porções de massa (se preferir pães menores). Forme bolinhas e deixe descansar por uns 10 minutos.

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Abra a massa em formato ovalado. Distribua pedacinhos de figo picado sobre a massa, deixando a ponta mais estreita sem, para grudar melhor na hora de enrolar.

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Enrole formando bisnaguinhas. Deixe crescer em uma assadeira levemente untada, deixando um bom espaço entre cada uma delas.

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Depois de bem crescido, pincele com uma gema batida, para dar uma cor dourada bem bonita.

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Asse em forno bem quente, até dourar. É importante que o forno esteja já aquecido. Como o pão é pequeno, tem que assar rápido para não ficar seco.

O pão fica com uma cor um pouco bege por dentro, bem macio, só um pouco adocicado.

E se não quiser fazer com miso, melado e figo, tire tudo e adicione um pouco de sal. Vai ser um pãozinho de leite com um cheirinho amanteigado muito bom.

 

 

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Tai-yaki Croissant ou Croissant Tai-yaki?

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A modinha no Japão é o tal do “doce híbrido”. A idéia é pegar dois doces e juntar em um. No caso, um tai-yaki feito com massa folhada ou massa de croissant. A aparência é japonesa, o recheio idem mas o crocante da crosta, rico em manteiga, é ocidental.

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É só abrir a massa (que pode ser daquelas prontas, congeladas ou feita em casa), rechear com pasta doce de feijão (no caso, usei pasta de castanha, outro doce muito apreciado no Japão no outono), aparar o excesso e levar o fogo até dourar.

IMG_5536Foi a minha primeira tentativa. Ainda espero melhorar. Espero usar uma massa menos rica em gordura, porque a manteiga escorreu da forma e fez uma bela sujeira no fogão.

E quanto aos outros doces híbridos? Bem, pelo que li, já tem rocambole de tiramissu, scone recheado com biscoito, bagel folhado, rabanada de pão-de-ló (aliás, não existe algo assim em Portugal?) e continua aparecendo novidade.

 

 

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Epi Pan com Fermento Natural

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Eu já escrevi sobre esse pão, tão comum no Japão. Por aqui ainda não apareceu mas acho que é algo que faria sucesso. Trata-se de um pão baguete recheado com bacon e mostarda, cortado em de maneira a formar espigas destacáveis.

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No caso fiz a receita do livro do Luiz Américo, o Pão Nosso. É só espalhar um pouco de mostarda (no caso, usei mostarda caseira, fica a seu critério) e uns pedacinhos de bacon.

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Depois de enrolado, é só deixar o pão crescer, cortar com uma tesoura na diagonal, sem separar as partes…

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E puxando um pouco para os lados, temos a espiga de pão.

Com a massa de fermento natural, o pão ficou mais pesado, sim, mas com mais sabor. Os epi pan japoneses são bem crocantes, mas com o miolo bem macio. São pães para serem comidos no dia mas podem ser reaquecidos no forninho elétrico.

 

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Chuka Goma Dango. Ou Bolinhos Chineses de Gergelim

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É uma receita fácil, rápida e gostosa. Tão boa que nem sei porque nunca fiz em casa. No Japão existiam, se não me falha a memória, até versões congeladas, para fritar em casa. Tirando a pasta doce de feijão azuki, que é trabalhosa, o resto fica pronto em instantes. E já vi essa pasta doce em algum empório da Liberdade. Se não quiser fazer com pasta de feijão, não se acanhe: existem versões desse doce em quase todo o Extremo Oriente, com recheios que variam da pasta de semente de Lótus, feijão mungo e até cocada de colher. E existem até versões salgadas, com recheio de vegetais, carne e cogumelos

Farinha de arroz glutinoso (também conhecido como mochi-ko)

Um pouco de açúcar; pouco mesmo, mais ou menos 1 colher de sopa (rasa) de açúcar para cada 100 gramas de farinha

Um pouco de água

Um fio de óleo

Pasta de feijão azuki (anko) para o recheio

Gergelim branco

Óleo para fritura

Misture a farinha de arroz glutinoso com açúcar, adicione água aos poucos, até formar uma massa maleável. Por fim, um fio de óleo. Misture bem.

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Pegue uma pequena porção de massa, abra na mão e recheie com a pasta doce. Forme um bolinho, fechando bem.

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Passe pelo gergelim e cubra-o inteiro.

Frite em bastante óleo não muito quente, até dourar bem e começar a estufar. Sirva quente (porque depois de frio fica meio engordurado, mas continua comestível).

 

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Pão Nosso

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Tem gente que gosta de fazer pão. Eu, por exemplo. A Neide Rigo. A Nina Mori. E o Luiz Américo Camargo.

Porquê?

O prazer de amassar, dar forma, ver crescer talvez justifique. O aroma de pão assando, a crosta crocante do pão quente, o sabor dele fresco também. Mas isso pode ser conseguido com um fermento industrializado.

Fermento natural. Porquê?

Para uns, pelo sabor diferente. Pela textura mais firme. Pelo aroma cheio de personalidade. Mas também o fracasso está no caminho. Nem sempre o fermento funciona, o cheiro fica estranho, trabalho jogado fora. Frustração.

Então porquê?

Não sei quanto aos outros, só posso dizer sobre mim. Porque eu preciso saber. Eu preciso saber os passos para fazer surgir um fermento. Que cheiro tem um fermento bom ou ruim. Quanto tempo leva para um pão crescer. Mais um pouco? Demais ele desaba. Que farinha? Mais água num dia seco? Quanto? E também o prazer de fazer algo com as minhas próprias mãos, do zero. Para quem já me acompanha sabe gosto de pesquisar e fazer coisas que muitos deixaram de fazer em casa, como misos, shoyu, vinagres.

Perdi a conta dos fermentos que criei, que perdi, que matei. Mas sabe? Não lamento. Tenho dois que gosto e estão bem vivos. E o próximo vai ser melhor.

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Estou aprendendo a lidar com outro fermento, o que o Luiz Américo ensina. Está meio desanimado porque tirei da geladeira para a foto. O livro, quase comprei. Numa livraria disseram-me que não havia em estoque e sugeriram que eu comprasse através do site. Acabei ganhando e com dedicatória.

Para quem também quer saber os comos e porquês da fermentação natural, o livro é ótimo. E também pelo fato de ser bem escrito, a leitura é gostosa.

 

 

 

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Castanha do Pará Dentro e Fora da Casca

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Para registro. A castanha do Pará (ou do Brasil?) sai de dentro de uma bola dura chamada de “ouriço”. Que vem coberta com uma camada mais macia, fácil de se arrancar com as mãos. No topo, um pequeno buraco e nada mais.

Para conseguir tirar as castanhas, depois de algumas tentativas frustradas de serrar e cortar com um facão, minha mãe descobriu que basta dar uma boa martelada. O tampo de cima cede.

 

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Tamago Dofu

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Errei no tempo de cozimento, o tamago dofu ficou com bolhas mas fica a foto. Serve de registro de como não deveria ficar.

Tamago dofu, ao pé da letra, seria “queijo de soja de ovo”. Não vai soja, não é queijo mas vai ovo. É um flan salgado, parente do tchawan-mushi, mas sem coisinhas dentro. Costuma ser feito em uma forma retangular, com divisórias, para render porções quadradas. Mas como quase ninguém tem isso em casa, pode ser feito em potinhos ou formas pequenas.

É muito simples de ser feito:

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1 xícara de dashi (caldo feito à base de bonito seco e algas; pode ser também feito com água fervente e o dashi industrializado, seco) frio

2 ovos (se forem caipiras, a cor será mais bonita)

1 colher (de chá) de mirim (bebida licorosa à base de arroz ou, na falta, um pouco de açúcar); além da doçura, o mirim proporciona um aroma melhor e cor mais viva

1 1/2 colher (de chá) de shoyu

Sal à gosto

Quebre os ovos dentro do caldo frio. É importante que o caldo tenha sido fervido para eliminar o oxigênio livre; caso contrário o tamago dofu formará muitas bolhas. Misture bem para dissolver os ovos. É melhor bater os ovos dentro do caldo, eles irão misturar melhor. Se bater os ovos antes de adicionar o caldo eles também formarão bolhas. A intenção é ter um creme liso.

Tempere com o mirim, o shoyu e sal. Não exagere no sal, há quem prefira adicionar umas gotas de shoyu na hora de comer, lembre-se disso.

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Divida em 2 porções e cozinhe no vapor. Mas tome cuidado: assim que a água levantar fervura, abaixe, deixe por uns 2 minutos e desligue o fogo. Vapor quente demais e por muito tempo irá também… formar bolhas. Deixe por uns 4 minutos a mais e não tire a tampa de imediato.Apenas deixe uma pequena fresta para escapar o ar quente aos poucos.

Há quem goste dele até gelado. Eu prefiro morno para quente. Um pouco de sansho em pó por cima ou cebolinha picada ou gengibre irá deixar com um aroma bom.

 

 

 

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