Washoku: Considerações Finais

Primeiro, a vinda do Primeiro Ministro foi positiva, sobre vários aspectos. Certamente, para mim, foi interessante a divulgação do Washoku. Sei que muita gente se irrita quando digo que a grande maioria dos restaurantes japoneses não oferece comida japonesa e sim uma cozinha adaptada ou uma cozinha nipo-americana. Agora que ela é considerada um patrimônio imaterial, espero que as atenções se voltem alguns aspectos da cozinha japonesa, como técnica, sazonalidade, umami, apresentação e atendimento cordial.

As técnicas culinárias japonesas são bem diferentes das ocidentais. Apresentei algumas no blog, ao longo desses 7 anos. O chef Masayoshi Kazato comentou que alguém que já tem experiência, aprende a amolar uma faca com perfeição em 2 dias. Pode parecer muito, não? Eu digo que é pouco. Trabalhei muitos anos em indústrias diversas. Uma pessoa sem treinamento costumava gastar 3 meses para ter prática suficiente para trabalhar sem supervisão. E mesmo assim aconteceram alguns acidentes. No caso da cozinha japonesa, lembrou o chef Shinya Koike, o que é mais difícil não é aprender a técnica, o mais difícil é aprender o sabor. É preciso provar, provar, provar.

Obviamente, para quem realmente quer aprender mais sobre comida japonesa, teria que ir ao Japão. Quando cheguei lá, fiquei chocada com a diferença dos sabores. Cresci achando que comia comida japonesa. Depois percebi que a cozinha lá evoluiu e que haviam receitas e variações regionais. Que meus avós e pais tiveram que adaptar algumas coisas. E que no começo do século passado, muitos ingredientes não eram acessíveis para a maioria da população e, portanto, não eram habituais também para meus antepassados.

Não quero dizer que a comida dos imigrantes seja “errada”. Gostaria que fosse reconhecida como comida brasileira. Sim, o yakisoba que comemos por aqui é característico do Brasil. Assim como existem diversos curries em diferentes países e ninguém estranha. Não é porque é leva molho de soja, tem um nome estranho que é comida japonesa.

Infelizmente, nem textos, nem fotos, nem vídeos passam sabor e cheiros. Então, comer é uma experiência pessoal. É verdade que não é todo mundo que pode ir ao Japão ter sua própria experiência. Mas espero que daqui para adiante as pessoas passem a procurar lugares que ofereçam outras coisas além de sushi e sashimi, com boas opções de pratos quentes, por exemplo.

E busque informação. Eu acredito que a informação é essencial para a evolução não só do paladar, mas do indivíduo.

Abaixo, algumas imagens desses dois dias.

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Balinhas em formato de sushi.

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Sushis que participaram de um concurso, promovido pela All Japan Sushi Association

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As facas da cozinha japonesa.

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Curiosidade, pude assistir do telão que havia, porque os câmeras estavam bem em cima dos palestrantes.

E eu estou também no Facebook como Marisa Tiemi Ono, no Twitter como @marisaono e no Instagram como marisatono. Nem sempre publico todas as fotos aqui no blog, seja por conta do assunto, seja por conta da pressa, mesmo.

 

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Sushi, Técnica e Arte

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No domingo passado houve um seminário sobre sushis, com o chef Masayoshi Kazato, no Sakagura A1 do chef Shinya Koike. Foi um evento direcionado mais para os profissionais da área e com muita informação.

Como no dia anterior, ele falou sobre a higiene no manuseio de alimentos crus. Lembrou que os restaurantes e peixarias japonesas usam muita água. Por isso são construídos de maneira que se possa lavar o chão e deixar a água escorrer. Pelo que me lembro, elas dispunham de uma canaleta que corre ao longo da cozinha. E é bem comum ver o piso das peixarias sempre molhado. Hoje muitas tábuas de cozinha foram substituídas por plástico. Ele usa um que tem uma textura macia, que não danifica tanto o fio de suas facas. As mãos de um profissional devem estar sempre limpas. Lembrou que luvas não são sinônimo de higiene, podem ser contaminadas também. Lembro-me que nos tempos que trabalhei em uma indústria de alimentos, costumávamos higienizar as luvas com álcool e com grande frequência. Ou seja, na verdade, as luvas serviam para impedir que algum contaminante presente nas mãos não iria passar para a comida mas não significava higiene.

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Ele também contou um pouco da história do sushi. Começou com uma conserva, feita com arroz e peixe de rio. Essa conserva ainda existe, chama-se funazushi e, segundo ele, tem um cheiro muito forte. Depois surgiu um sushi prensado, o hakozushi, que não vemos por aqui com muit frequência. Lembrou que no hakozushi os ingredientes não são crus.

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O nigirizushi que conhecemos hoje é bem diferente de quando surgiu. Era grande, do tamanho de um onigiri (ou seja, mais ou menos do tamanho de uma mexerica). Era comida de rua, rápida. E ironizou: já havia fast-food no Japão antes do Mac Donald’s.

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No que se refere aos preparos dos peixes, algumas técnicas podem parecer surpreendentes para a maioria dos cozinheiros. A primeira é o tinuki, ou seja, a extração do sangue. Assim que o peixe chega ao restaurante, ele é lavado. É aberto e lavado. E lava-se mais ainda caso ele não esteja muito fresco e as vísceras estejam em mau estado. Paradoxalmente, tanta água não prejudica a cor da carne do atum, por exemplo. E o cheiro se suaviza. Isso se deve ao fato das vísceras e sangue serem os primeiros a estragar. A carne resiste bem mais tempo.

IMG_4857Nem sempre o peixe vai fresco para o sushi. Pode ser marinado de diversas maneiras, dependendo do tipo de peixe e condição da carne. Atum pode ser marinado em molho de soja, sake e mirin antes de ser fatiado.

Salmão ele sugere salgar, deixar descansar por algum tempo para eliminar o excesso de água, lavar e passar rapidamente no vinagre. Segundo ele o sabor e aroma melhoram muito.

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A cavala, depois de filetada, deve ser marinada em vinagre gelado. É que o vinagre a temperatura ambiente dissolveria a pele. Essas técnicas são comuns na cozinha japonesa. Enquanto que por aqui muitos recomendam não lavar o peixe, não salga-lo com antecedência, dependendo do peixe eles passam por esse procedimento. Alguns são preparados com a pele, o que exige que ela seja escaldada com água fervente. Alguns, como o bonito, são rapidamente tostados em chama bem alta por fora.

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Lembrou que os principais temperos da cozinha japonesa (sake, vinagre, mirin, miso e shoyu) são derivados do arroz e que também são excelentes conservantes. Isso possibilitou o povo japonês consumir peixes crus mesmo antes da invenção da geladeira.

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A folha de sassa (um tipo de bambu) é utilizado tanto como decoração como pela propriedade bactericida de sua seiva. Na falta delas, ele sugere o uso de folhas de bambu, apesar de serem mais estreitas.

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A prática leva à perfeição. Em segundos ele recorta folhas de sassa para fazer elaboradas e delicadas decorações. Demonstra a técnica de corte em pepinos, nabos, gengibre.

No caso do arroz, ele recomenda lavar muito bem os grãos, para a eliminação do óleo que existe sobretudo no farelo. Isso deixa o arroz com um aroma melhor e uma textura mais pegajosa. Depois deixa escorrer por meia hora antes de cozinhar. Admite que trocou as panelas de ferro por panelas de cozimento de arroz à gás. Salientou que o arroz deve descansar por 15 minutos depois de cozido, para que o amido fique na textura certa sem que os grãos grudem demais uns nos outros. Ou seja, mesmo o preparo do arroz, que parece ser simples, exige cuidado nos detalhes.

E quanto à técnica de modelar sushis, apesar de aparentemente simples, exige a prática. Um itamae deve preparar 10 sushis por minuto. Quanto menos tempo levar, menos calor das mãos irá para o arroz e o peixe. No caso dos makimonos (hosomaki, futomaki) eles não devem ser muito prensados, para não amassar os grãos. E quando cortados, devem ser rigorosamente da mesma altura.

Quanto ao mito de que as mulheres não devem fazer sushi, ele disse que não há nada que justifique isso. “Ademais, as mulheres de hoje em dia têm as mãos e o coração frio” – brincou.

Também pude provar um pouco de um bom nori. Ele é fino porém resistente, de cor bem escura e sabor e aroma mais suaves do que os que costumo comprar.

O vice-cônsul japonês fez um curto discurso. Disse que existem centenas de restaurantes de comida japonesa no Brasil mas que, infelizmente, são poucas casa que oferecem o autêntico washoku. Lembrou que senhoras, sobretudo no interior, ainda preservam uma cozinha tradicional mas que ele gostaria de ver isso também fora das comunidades e clubes nikkeis. E isso me fez bem, já que resolvi escrever mais sobre a comida doméstica e evitando o assunto sushi/sashimi.

Por fim, filmei algumas coisas. Quando eu editar, publico no Youtube.

 

 

 

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Palestra sobre Washoku da MAFF

IMG_4849 Os últimos dias foram bem intensos. Muita coisa aconteceu e espero atualiza-los sobre tudo isso. No sábado fui ao Tivoli Hotel na Alameda Santos para um grande evento. Junto com o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, vieram membros da MAFF (Ministry of Agriculture, Forestry and Fisheries) para divulgar a cozinha japonesa que foi considerada Patrimônio Cultural Intangível. A primeira parte consistiu em palestras dos chefs Masayoshi Kazato, Shinya Koike e Alex Atala, além do professor Eiji Tomimatsu. IMG_4862Chef Kazato, que é diretor executivo do All Japan Sushi Association apresentou aspectos da segurança alimentar e higiene no preparo de pratos crus. Voltarei a falar sobre isso com mais detalhes em outro post, com mais calma. Outro assunto sobre o qual ele tocou foi sobre a importância de uma faca bem afiada no preparo de sushis e sashimis. Na foto acima, uma imagem feita através de um microscópio. Uma boa faca, bem afiada, é capaz de cortes tão limpos quanto um bisturi. IMG_4865 O Chef Shinya Koike (Aizomê, Sakagura A1) falou sobre o umami. Muita gente pensa que umami é só glutamato, desconhecendo que um prato pode ser rico em umami sem utilizar um grão dele. A cozinha japonesa explora muito o umami, utilizando dashi (caldo que pode ser à base de algas, peixe seco) em quase tudo.

IMG_4871 Alex Atala falou sobre a primeira vez que foi ao Japão. Surpreendeu-se com o que chamou de “complexa simplicidade” do washoku, de como os ingredientes são tratados de maneira distinta para que o sabor de cada um seja valorizado, de como ficou encantado com o dashi e de como as técnicas são tão diferentes da cozida ocidental. IMG_4873 O professor Eiji lembrou que o Brasil também reivindica o título de Patrimônio Cultural Intangível para o ofício das paneleiras de barro de Goiabeiras, por exemplo.

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Shin Imura falou sobre os doces tradicionais japoneses. Eles não costumam ser consumidos no final das refeições e sim nos intervalos. O cansaço é uma boa desculpa para comer um docinho, já que no Japão o açúcar é tido como um revigorante. Apesar da maioria ser muito doce, a grande  maioria não leve nenhum tipo de gordura. Muitos são feitos com arroz, feijão azuki e gelatina de alga. Ou seja, mesmo alguém com restrições alimentares como os celíacos podem aproveitar de um wagashi. Outro aspecto é o visual. Os doces, assim como toda a cozinha japonesa, segue as estações. Vemos flores e brotos na primavera, nozes e castanhas no outono,  além de doces específicos em datas comemorativas.

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Na segunda parte os chefs demonstraram técnicas e pratos. O senhor Masayoshi Kazato preparou o arroz, demonstrou como amola suas facas e a técnica de modelar os nigirizushis. Retorno a esse assunto em outro post, já que houve outro evento onde tudo isso ficou melhor demonstrado.

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Shinya Koike preparou o dashi com alga kombu e bonito seco. Explicou que como nem sempre temos katsuobushi de boa qualidade, nesse caso é preciso ferver o caldo depois de pronto por 5 a 10 minutos, em fogo bem baixo, para eliminar o cheiro forte. Bardana (gobo) ele cozinha em água com arroz, para que fique com sabor mais suave e com uma cor mais clara. Em muitos cozidos, os ingredientes são cozidos primeiro em água e depois vão para dentro do dashi, para que o caldo não fique turvo. Preparou também uma cavala que foi maçaricada antes de ser cozida.

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Alex Atala explicou a influência do Japão em alguns de seus pratos. No caso de um demi-glace vegetariano, por exemplo, lembrou que o shoyu é rico em sabor e leva trigo tostado, soja e sal. Faz um molho rico com vegetais tostados e cozidos lentamente. Na sobremesa que leva banana, gelatina e extrato de priprioca, disse que não teria chegado à textura certa dos discos de gelatina sem a ajuda da chef pâtissière  Saiko Izawa. Mas, para mim, a surpresa é que em um dos pratos ele acrescentou alho negro e contou a história de como tivemos nosso primeiro contato: eu enviei uma amostra de alho negro em uma caixinha, com uma carta, pedindo que provasse e, se possível, desse uma opinião. Para minha surpresa, ele pegou no telefone e falou comigo. No auditório, com mais de 100 pessoas ilustres da gastronomia, entre chefs, restauranteurs, críticos e jornalistas, fui pega de surpresa e, certamente, me encolhi na cadeira. Sim, sou jeca e tenho pavor de chamar a atenção em público. Prefiro que algum ingrediente meu brilhe, que meu texto faça as pessoas pensarem ou, pelo menos, se divertirem mas eu mesma gostaria de ser invisível.

Abe Maff

A terceira parte foi a mais tensa. Foi uma degustação com a presença do Primeiro-Ministro japonês Shinzo Abe. Claro que havia toda a tensão da segurança e organização. O curioso é que fui sentar na mesa ao lado dele e até apareço em algumas fotos. Estou lá, no fundo, sem óculos, de azul-marinho.

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No discurso, ele lembrou que o Brasil e o Japão irão completar 120 anos de amizade. O Japão tem se empenhado em divulgar não só seus  produtos, mas sua cultura, como sua cozinha e artes. Mas o que achei feliz foi ele ter lembrado que “washoku” não envolve apenas comida, apresentação e ambiente. Também requer hospitalidade. Um restaurante japonês deve oferecer um atendimento cordial e atencioso.

Com certeza esse post é muito curto para contar tudo o que aconteceu nesse seminário. Recomendo que leiam o que for publicado na imprensa. Se puder, vou copiar uns links para algumas matérias.

Em dado momento percebi que se alguém tivesse dito que um dia eu iria estar em um evento que contava com a presença do Primeiro-Ministro japonês, cercada de pessoas notáveis da gastronomia e que ainda receberia um elogio de um dos maiores chefs do planeta, certamente eu riria dessa pessoa.

Foi um bom momento. Aprendi algumas coisas, vi que, finalmente, a cozinha tradicional japonesa está ganhando o merecido destaque e que nesses 7 anos de blog, não tenho escrito muita bobagem.

No próximo post irei escrever sobre técnicas no manuseio e preparo de peixes, sobre sushi e sobre higiene.

 

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Edamame ao Alho e Óleo

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Edamame é moda no mundo todo. Virou um petisco saboroso e saudável. E, claro, também virou prato em restaurantes. Por enquanto quase ninguém planta essa variedade de soja verde. Não, não é qualquer soja verde, não. Existem algumas variedades que são mais indicadas, pelo sabor, maciez, doçura sutil. Na falta, o jeito é recorrer aos congelados que estão aparecendo em lojas e mercearias orientais.

Agora o fresco sumiu, é uma cultura de verão. Prepara-lo é fácil, expliquei aqui como cozinha-los:

http://marisaono.com/delicia/?p=3026

No caso do congelado, é só joga-lo em água fervente, direto do pacote, sem descongelar.

Mas se estiver enjoado(a) de comer edamame do mesmo jeito, vai uma sugestão, que não tem nenhuma inspiração japonesa. Afinal, é um vegetal e pode ser preparado de diversas maneiras, não?

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Depois de escaldado, corte as pontas de cada vagem. Vai dar trabalho, use uma tesoura. Mas é que assim vai entrar um pouco de gosto dentro dela.

Depois, frite alho em azeite, junte as vagens e refogue. Tempere com sal e pimenta e deixe aquecer. Pronto, o petisco de soja verde com alho e azeite está pronto. Para comer, é só colocar na boca e puxar o grão entre os dentes. Vai precisar de guardanapos, suja os dedos mas fica muito, muito bom. Combina bem com cerveja.

 

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Champignon: Substrato e Cogumelo

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Estou devendo uns posts. Ando escrevendo pouco ultimamente. Em parte por desânimo, em parte porque estou envolvida em algumas pesquisas.

Uma das pesquisas é ligada a cogumelos. Quem acompanha o blog sabe que eu tenho uma curiosidade imensa sobre eles. São organismos fascinantes. Por sorte encontrei esse saco de substrato com cogumelos crescendo, na banca de cogumelos do Sr Yamada (fone (11) 4703-5268), no Varejão do Ceagesp. Expliquei que estava preparando uma aula sobre cogumelos e que precisava de material para fotos. E ganhei. Ainda explicou-me que eles precisam ficar em lugar escuro e molhados com spray. Estou tratando deles e tirando fotos.

Há um tempo havia combinado uma aula sobre cogumelos e algas no Sehr. Seria uma aula bem mais estruturada e com muita informação. O Espaço Sehr tem uma estrutura muito boa e um dos sócios, o José Eduardo Delfim havia me c0nvencido que era hora de expor meus conhecimentos de outra forma, mais pessoal.

Só que, infelizmente, ele faleceu há alguns dias. Fiquei surpresa, porque eu havia conversado com ele pouco tempo antes. E, claro, também fiquei um pouco triste. Embora o conhecesse pouco, estava bem animada em trabalhar com ele, que tinha uma grande experiência em treinamento, orientação, método de ensino. Por uns dias fiquei bem desanimada, confesso.

No entanto, os projetos continuam. Continuo com as pesquisas e falta pouca coisa para acertar a aula lá. Aguardem novidades.

 

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Sakes Hakkaisan

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Não é raro alguém me escrever perguntando sobre fazer sake em casa. Geralmente respondo que não é tão simples assim. Há uma semana tive a oportunidade de saber mais sobre o processo de produção de um bom sake com o mestre de produção dos sakes Hakkaisan, sr Shigemitsu Nagumo e o  Diretor do Sake School of America, sr Timothy Sullivan.

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Primeiro: sake é composto, na maior parte, de água. Cerca de 82% de uma garrafa de sake é água. Então, para um bom sake, é preciso de uma água boa. Alguns produtores usam águas ricas em minerais, outros não. Obviamente, é preciso que a água seja limpa. No caso da Hakkaisan, é água de degelo, vinda de uma região protegida por leis ambientais. A quantidade de mineirais da água interfere na fermentação, tanto para o bem quanto para o mal. Mas isso depende também de outros fatores.

O arroz. Para a fabricação de sake existem variedades específicas, diferentes das que consumimos para comer. Não sei se no Brasil alguém planta essas variedades. Além da qualidade do grão, o arroz pode ser polido até restar apenas seu núcleo, rico em amido. Isso vai depender muito do tipo de sake que se quer produzir.

Koji: é arroz maltado ou seja, um arroz cozido no vapor que foi contaminado com esporos de um fungo (Aspergillus Oryzae) e mantido em condições específicas para que ele se desenvolva. Esse fungo produz enzimas que convertem o amido do arroz em açúcares. Mas também produz outras enzimas. Por exemplo, uma que quebra proteínas em aminoácidos. Cada enzima é ativada em determinada temperatura. Ou seja, durante esse processo é preciso observar a umidade e a temperatura do local. E saber o ponto certo para parar, já que quando o fungo começa a liberar esporos também começa a produzir um ácido, o ácido kójico, que dá um sabor ácido e desagradável. Um bom koji tem um aroma agradavel e um sabor adocicado. Mesmo hoje em dia, a experiência de um profissional é fundamental, mesmo em grandes fábricas de sake.

Além disso, é preciso um fermento, que irá converter o açúcar do koji em álcool. Essa fermentação pode durar de 2 a 4 semanas, ser em diferentes temperaturas mas, geralmente, são no frio (no caso da Hakkaisan, em torno de 7 °C ). A mistura de koji, fermento e água é misturada 2 vezes por dia, para arejar. Alguns produtores ainda usam o método manual, outras automatizaram parte da produção. Muitos sakes recebem a adição de álcool extra.

Completada a fermentação, o líquido é coado (por gravidade) ou prensado. Isso também vai depender muito do tipo de produto se quer obter. Segundo me explicaram, um sake coado tende a ser mais límpido que o prensado.

E então esse líquido vai para tanques de maturação. Pode receber mais água para baixar o teor alcoólico, pode ser filtrado novamente, pode ser pasteurizado ou não.

O último passo é o engarrafamento.

Ou seja, apesar dos poucos ingredientes, a produção de um bom sake envolve muitas sutilezas, detalhes, cuidados e experiência. Em casa posso até fazer um sake (ruim, na verdade), apenas pela diversão de experimentar e testar. E, caso dê tudo errado, acabo com vinagre de arroz.

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Muita gente pensa que sake só combina com comida japonesa. Não é bem assim. Hoje muitos restaurantes estão oferecendo sakes para acompanhar os mais diferentes pratos. No caso dos sakes que provei, eles são secos mas claros, ou seja, não têm um sabor tão persistente. Entre um bocado e outro, refrescam o paladar. Obviamente, não são todos assim. Já provei sakes muito aromáticos e com sabores persistentes e que seriam difíceis de harmonizar com pratos. É o tipo de bebida eu iria preferir depois da refeição. A quantidade e qualidade dos sakes que podem ser encontrados no Brasil é bem razoável. Como são produtos importados, não são muito baratos, não é raro que sejam mais caros que alguns vinhos. No entanto, creio que é algo que precisa ser provado, pela experiência em si.

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Isso tudo e mais um pouco fiquei sabendo nessa conversa que aconteceu na Adega de Sake. Os petiscos são do restaurante Aizomê. O convite veio da Zendai e reuniu tanta gente que entende de sake que eu fiquei quieta, para não falar besteira.

 

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Agenda: Kare Udon, Tanabata e Festa do Imigrante

Amanhã tem Comida de Rua, Né? do Sakagura A1 (rua Jeronimo da Veiga 74). A partir das 12:30 até às 16 deste sábado duas barracas montadas em frente do restaurante irão oferecer kakiage soba e karê udon a R$18,00 e chop Heineken a R$5,00. É a pedida, já que a meteorologia prevê um sábado frio.

Amanhã e domingo no bairro da Liberdade acontecerá o Tanabata Matsuri. As ruas ficam decoradas e haverão apresentações na praça da Liberdade.

E nos dias 20, 26 e 27 acontece a feira do imigrante no complexo da hospedaria do Brás. Serão muitas atividades e apresentações. Confiram a programação aqui:

http://museudaimigracao.org.br/festa-do-imigrante/

 

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Eringi Na Manteiga e Shoyu

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Acabou a Copa, vamos voltar ao ritmo de sempre?  Nos últimos dias andei lendo um pouco mais a respeito de algas e cogumelos e pensando em receitas com eles. No caso do enokitake, cheguei à conclusão que prefiro algo que seja simples e direto. É muito rápido e fácil de fazer.

Basta partir o enokitake com as mãos. Os menores dividi em dois, maiores em quatro. Não lavo cogumelos porque são muito porosos e absorvem muita água, alterando a textura e sabor. No máximo passo um pano neles.

Depois é só refogar em uma frigideira com um pouco de manteiga. Os cogumelos irão absorver a manteiga mas não é preciso juntar mais, não. É só esperar que eles irão dourar. Mexa de vez em quando. Quando estiver dourado e cozido, regue com um pouco de shoyu, mexa e sirva.

Pode ser servido como uma entrada ou acompanhando a refeição.

 

 

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Sequilho de Araruta

sequilho de araruta

A fécula de araruta praticamente desapareceu. Lembro que havia, lado-a-lado, nos mercados, há muito tempo. Hoje quase ninguém planta.

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Pouca gente deve de conhecer essa raiz. Ela cresce com uma fina cobertura, como papel, que sai depois que lavamos, expondo a raiz muito branca e que se parece com uma lagarta de pau podre. Depois de triturado e lavada com água, o bagaço foi descartado e deixei a água descansando. No fundo do balde acumulou-se o amido.

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A fécula de araruta é muito branca, mais branca que a de batata ou de milho. Na foto acima ainda está úmida, precisei secar por uns dias antes de empregar. A safra desta vez rendeu cerca e 600 gramas de fécula, suficiente para fazer uns biscoitos.

E vale a pena? Vale. Os sequilhos ficaram muito delicados, quebrando a um leve toque, desmanchando na boca. São biscoitos “finos”, como se dizia antigamente.

Para quem quiser comprar araruta e experimentar essa receita, há uma empresa que comercializa. Copiei o link do blog da Neide Rigo, de quem ganhei a primeira muda. Eles vendem o amido e mudas de araruta.

http://ararutadabahia.loja2.com.br/308427-Araruta-Pacote-de-1Kg

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100 gramas de manteiga

1 xícara de açúcar

2 gemas

5 xícaras de fécula de araruta

1 colher de chá de fermento em pó

Creme de leite (algumas colheres, até dar o ponto)

Bata a manteiga com o açúcar e as gemas, até formar um creme.

Adicione a fécula misturada com o fermento em pó. Misture.

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Adicione creme de leite e vá amassando, até formar uma massa macia, que não gruda na mão.

Modele em rolinhos e asse em forma forrada com papel impermeável ou untada e polvilhada com farinha, em forno quente, até dourar na parte de baixo. Assam bem rapidamente; tome cuidado.

PS: Não testei essa receita com outro amido (polvilho doce, amido de milho ou fécula de batata). Portanto, não sei como ficariam com a substituição.

 

 

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Agenda de Cursos

Que tal aprender a fazer pão com fermento natural? E aprender a fazer um pão de qualidade mesmo no forno doméstico? São dois dias (19 e a0/07), num total de 10 horas.

Curso Básico de Pães Artesanais (clique na foto para vê-la na versão ampliada):

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Mais informações na página Um Toque de Chef no Facebook:

https://www.facebook.com/umtoquedechef

Ou pelo telefone (11) 9 9992-0450.

Mario Portella volta a São Paulo com seu curso de charcutaria. Eu comentei aqui:

http://marisaono.com/delicia/?p=7285

Vai ser no dia 21/07. Mais informações pelo e-mail:

mariocharcutaria@yahoo.com.br

E para quem curte o Instagram, uma promoção que concorre a um workshop com o chef Adriano Kanashiro do Momotaro:

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É só ir ao Momotaro (Rua Diogo Jacome 591), fotografar qualquer prato e publicar no Instagram com a hastag  #workshopmomotaro . Os autores das 10 melhores fotos participam de um workshop com o chef no primeiro sábado de setembro.

 

 

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