Semana Mesa SP 2013 – Conclusões Finais

Quase uma semana pensando no que era relevante. Tudo deveria ser relevante, não? Todos os palestrantes são pessoas consideradas “formadores de opinião”. Cada um apresentou a cozinha brasileira conforme sua visão. Alguns focam no produto. Outros, um pouco mais na técnica. Um tanto está preocupado com a questão ambiental e social, outro se agarra às suas raízes.

Vou então escrever sobre o que mais chamou minha atenção. É uma questão bem pessoal.

Felipe Schaedler trouxe cogumelos da Amazônia. Mas mais que isso, contou que muitos índios deixaram de come-los porque foram convencidos de que comida boa era comida de branco. Agora estamos tentando resgatar um hábito que eles foram incentivados a abandonar. Irônico? Um pouco. Mas nada disso tira o valor da pesquisa de Noemia Ishikawa. Espero ver cogumelos nativos cultivados não só na Amazônia mas em todo país. Porque gosto de cogumelos, porque sei que existem técnicas que permitem o cultivo de várias espécies, porque gosto da diversidade e porque pode gerar uma renda para pequenos produtores.

Manu Buffara contou que acabou preferindo pagar para um pequeno agricultor produzir para ela. Pelo que entendi, um valor mensal, independente do quanto ele produza. Para quem está à procura de produtos orgânicos, creio que a garantia está em obter com o produtor. Olho com desconfiança tanto produto em supermercados e mercearias. Tenho uma horta, sei que não é fácil colher em uma terra não-mecanizada, sem o uso de inseticidas e outras coisas. Quantidade não é a maior virtude de uma produção orgânica. Mas creio que esse gesto, mais do que obter produtos de qualidade, envolve em apoiar a agricultura familiar e (pelo menos um) pequeno produtor.

Fermentados estão na moda. Estiveram no prato de Christian Puglisi. Estão na moda há alguns milênios, aliás. Para mim, a moda é que tem muita gente querendo saber o que come e os fermentados são uma opção para se obter um sabor, aroma e texturas diferentes. Só tenho receio que a onda passe antes que meia dúzia domine uma série de técnicas e acabe voltando para o domínio da indústria.

Conheci o Gabriel Vidolin, do Leão Vermelho. Não conversamos tanto sobre comida. Ou melhor, pratos. Falamos de plantas, de flores comestíveis, de horta. De certa forma invejei a juventude e toda a vontade de fazer tudo sozinho que ele tem. Quem quiser saber mais sobre esse pequeno restaurante de uma mesa só, pode acompanhar no Facebook:

https://www.facebook.com/pages/O-Le%C3%A3o-Vermelho/334774973266586?fref=ts

E Atala parecia estar preocupado com o futuro. Confesso que estava com medo. O futuro é incerto, sempre. Quando ele e o D.O.M virarão história? Para ele o futuro pertence a essa nova geração que está aí, se destacando.

E, para finalizar, gostaria mesmo que boas ideias e intenções gerassem mudanças. Não sei o que de tudo isso irá influenciar nosso comer, produzir e consumir.

 

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Soylent Green Também É Gente

Não conhecem o filme? É de 1973, não sei quantas vezes assisti na tv. Aliás, cresci, entrei a adolescência e idade adulta assistindo a filmes apocalípticos. Em alguns pintavam o fim do mundo destruído por uma hecatombe nuclear. Noutros, um mundo árido. Nesse, no ano de 2022, Nova Iorque terá 40 milhões de pessoas se espremendo. A grande maioria ganhava umas barras ou biscoitos chamados “Soylent Green”. Comida fresca, mesmo, só para os ricos.

Lembrei desse filme quando assistia a apresentação do André Mifano no Mesa Tendências e do Magnus Nilsson. Um acredita que o mundo vai acabar em breve. Pintou um panorama sem energia elétrica e sem muita comida. Outro apontou dados sobre o aumento do consumo de carne bovina e a produção de grãos. Comparando com a quantidade de energia necessária para produzir outros alimentos, consumir carne bovina seria uma insensatez.

Não creio que a solução seja parar imediatamente de consumir carne bovina. A curto prazo isso causaria uma explosão populacional. Em seguida, a médio prazo, talvez a extinção das vacas. São animais que hoje não teriam mais condições de sobreviver por conta própria. Aliás, a maioria dos animais domesticados dependem demais de nós, exceto, talvez, os gatos.

Sim, seria mais sensato consumir mais animais de pequeno porte. A conversão de alimento em proteína é mais eficiente e a área exigida é bem menor. Por outro lado, vemos que animais que não comemos ou não tem algum valor para nós (nem que seja sentimental, como os cães e gatos) correm o risco de extinção. O caminho mais seguro para preservar uma espécie é… comendo-a. Daí a criação de queixadas, jacarés e outros animais que já foram consumidos como caça. Sim, de certa forma, somos egoístas e cruéis. Mas a morte acontece. Dez minutos assistindo a qualquer programa sobre a vida selvagem basta para vermos que a morte vem para o bebê gnu como para o velho elefante. A morte acontece também para o peixe, para a ostra, para a alface.

Mas minha cabeça começou a viajar em opções mais bizarras, como a carne feita de excrementos (isso mesmo, fezes) humanos

http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI241874-17770,00-CARNE+FEITA+DE+FEZES+HUMANAS.html

E na “reciclagem” humana proposta no filme. Sim, soylent green é feito de gente, mesmo.

Não, não creio que as duas opções sejam adotadas. O tabu contra excrementos é forte e comer gente implica entra em choque com uma série de princípios morais. Até mesmo usar cadáveres para qualquer fim que não seja pesquisa científica não é aceitável na nossa sociedade.

Só pensei nisso por conta de toda discussão sobre desperdício de recursos. Se formos a extremos, ou iremos viver de vento e sol ou iremos transformar os cadáveres em adubo.

E vale lembrar que não importa o que façamos, o planeta irá sobreviver. Já passou por diversas transformações, algumas bem mais dramáticas que outras, como as eras glaciais. E a vida sempre voltou. Até o nosso sol queimar seu combustível, temos alguns bilhões de anos. Quem corre risco mesmo de acabar é a raça humana, mesmo.

 

 

 

 

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Semana Mesa SP 2013 – Parte 2

Na quarta-feira, logo após a apresentação do vídeo sobre a comunidade japonesa, Mari Hirata falou sobre raízes, tubérculos, rizomas japoneses (ou que os japoneses consomem). Para deleite da platéia, ela trouxe wasabi fresco e o rizoma passou de mão em mão, junto com o ralador de pele de tubarão, para que cada um pudesse sentir o aroma.

Ela também apresentou as características do kudzu. No slide, foto tirada em um produtor do amido. Ao contrário de muitos tubérculos que conhecemos, eles deixam o kudzu envelhecendo antes de processar. Esse período de cura da raiz pode levar mais de 2 anos. A raiz, por si, pode levar anos até atingir um tamanho considerável. Isso tudo explica o valor, que não é baixo, do amido puro.

Fora do auditório foi montada uma mesa onde todos puderam ver as raízes com mais calma. Ganhei algumas, não tirei foto porque minha mãe se apressou em plantar. E antes que me perguntem (de novo), não, não tenho kudzu em casa e não pretendo ter. Pelo que sei, é uma planta que se espalha muito, é invasiva. E eu não tenho tanto espaço assim na chácara.

Depois fui ver a conversa do Adriano Kanashiro (do Momotaro) sobre cafés especiais (e outras coisas).

Confesso que sou uma bebedora de café compulsiva. De manhã cedo preciso de uma xícara e bebo muito. Não tenho uma máquina de café expresso, fico no coador mesmo. E tive uma orientação de como degustar um café. Aprendi alguma coisa. Uma delas é sentir o aroma do café na palma da mão. É só cobrir a xícara com a mão, esperar alguns instantes e depois cheirar a palma da mão. Em um, senti um aroma de cereal tostado, por exemplo. Depois é que se sente o cheiro que vem da própria xícara. E claro, finalmente, sente-se o sabor na boca, com o café já morno. E sem açúcar. Os cafés eram da Nespresso e os chocolates, Callebaut. Foi bem interessante sentir como alguns chocolates combinam mais com determinados cafés.

Rogério Shimura falou da experiência de ir ao Japão e prestar consultoria para uma empresa que abriu duas padarias. Ele ficou surpreso com o fato dos japoneses consumirem quase tanto pão quanto aqui no Brasil e de como o nosso pão de queijo é amado por lá. No entanto, claro, diferenças existem. O pão doce não é tão doce, nem o salgado é tão salgado. A farinha é diferente, assim como tantos outros insumos. Curiosamente, ele fez por lá pães que deixamos de encontrar por aqui, como o pão sovado.

Confesso que a palestra que mais mexeu comigo foi a do Felipe Bronze, por motivos bem sentimentais. Ele falou de carioquices, coisas que provei, vivi e senti na minha infância, passada no Rio: chuchu com camarão, manjuba frita, biscoito Globo que nunca faltava quando íamos à praia, assim como o mate com limão. Lembrei do cheiro de maresia, da sensação de andar descalça na areia, do balanço da água, dos dias em que havia um Fla-Flu. Só faltou o sapoti, que existia em todo quintal que conheci.

André Miffano foi o mais entusiasmado. Tentou viver um mês sem energia elétrica. Reconheceu que não aguentou duas horas sem tv ou internet, mas sobreviveu sem geladeira. Passou a curar carnes (e estragou muita coisa antes de procurar informação), fazer conservas e maturar queijos. Estava animado com a transformação de textura, sabor, aroma que a fermentação proporciona. Também falou do aproveitamento total do alimento, que nós temos a responsabilidade pelo que consumimos.

Magnus Nilsson falou das implicações do aumento do consumo de carne bovina. Produzimos mais cereais, ocupamos mais espaço, o impacto no meio ambiente é maior. Terminou a palestra exibindo o abate de um cavalo.

Alex Atala terminou o Mesa Tendências, falando do início do D.O.M, sobre alguns ingredientes que ele foi descobrindo e explorando, como algas, coco germinado, formiga. Comentou que ele, Redzepi e Chang saíram na capa da Times e confessou que estava assustado. A pressão é grande, o futuro é incerto.

Aproveitou a oportunidade para agradecer a equipe e, em especial ao seu sub-chef, Geovane Carneiro.

No último dia do Mesa ao Vivo cheguei tarde. Tive problemas com o carro e perdi boa parte das aulas. Assisti a do Mário Portella, sobre embutidos. Na verdade, o tempo foi curto para falar sobre tudo: manipulação de carnes, conservação, insumos. Ele fez uma linguiça com lombo quase sem sal e um prosciutto. Aliás, se alguém quiser ver umas receitas dele, comprem a Gula, ainda deve de estar nas bancas.

Paula Labaki falou do uso do açúcar em conservas salgadas, como chutneys, relishes e defumados. Afinal, açúcar também é um conservante.

Aqui no blog não cabe tanta foto. Mais fotos eu publiquei no Facebook, são 68 fotos, ilustrando o que vi, comi. Sobre o que conversei e o que eu tiro desse congresso, comento amanhã.

https://www.facebook.com/marisa.ono.9/media_set?set=a.10151741509458483.1073741829.524438482&type=3

 

 

 

 

 

 

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Semana Mesa SP – Parte 1

Esta semana não escrevi nada nem aqui e muito pouco no Facebook por um bom motivo: estive no Senac Santo Amaro acompanhando os eventos Mesa Tendências e Mesa ao Vivo, da Prazeres da Mesa.

O tema deste ano foram “Raízes”. Videos foram produzidos pelo Slow Food, apresentando depoimentos de descendentes de índios, africanos, italianos, portugueses, árabes e, claro, japoneses. Esses videos ainda não estão disponíveis no site do Slow Food nem no Youtube. Espero que subam com eles em breve, foram produções bem-feitas, independentemente do fato da autora deste blog aparecer em um deles.

Não pude acompanhar todas as palestras do Mesa Tendencias, tanto por conta do trânsito – nesses dias gastei em média 6 horas dirigindo – quanto pelo fato que aulas no Mesa ao Vivo aconteciam também nos dias 6, 7 e 8. Recomendo que comprem a próxima edição da revista Prazeres da Mesa.

Roberta Sudbrack falou da experiencia de trabalhar sem energia elétrica no restaurante, no foco no trabalho artesanal, manual.

Ana Luiza Trajano contou um pouco da trajetória de seu restaurante (Brasil a Gosto) e do trabalho para o livro Cardápios do Brasil. Ela acredita que a pesquisa é fundamental e chegou a passar um mês em uma tribo indígena para conhecer os hábitos, o modo de vida, ingredientes e pratos.

Felipe Schaedler falou de um assunto que me interessa muito: cogumelos. Ele não é pesquisador, os cogumelos que ele coleta já foram pesquisados e classificados pela Noemia K Ishikawa, do INPA. Por enquanto, são 34 cogumelos comestíveis só na Amazônia. Mais animador ainda é que existem espécies que poderão ser cultivadas, desidratadas e comercializadas dentro de poucos anos.

A Lentinula raphanica tem um aroma bem intenso. Pena que não pude provar. É forte candidato para ser cultivado em madeira de debaste de castanheiras.

O phallus já existe seco, vindo da China, na Liberdade. Vi, mas não comprei. É algo que vou experimentar um dia desses.

Cogumelo da família das tremellaceaes também foi identificado e também pode ser desidratado.

Mas gostaria de saber mais, gostaria de saber quais cogumelos poderíamos encontrar e consumir aqui mesmo e na região da mata atlântica.

Manu Buffara falou da relação dela com produtores  paranaeses e dos esforços que estão sendo feitos para legalizar mel de abelhas nativas. Ela partiu para uma prática até que comum no Japão: paga para um agricultor produzir seus vegetais e ela ou alguém da equipe vai buscar na horta o que precisa.

Voltei para casa com um vidrinho de mel (desculpem-me, esqueci o nome da abelha que produz). Por via das dúvidas, está na geladeira, já que contem mais água que o mel de abelha comum.

E assim foi o que pude ver no primeiro dia.

 

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Pão da Semana: Filone

Essa receita vi na revista Sabor, versão brasileira da Saveur. Aliás, achei a revista um tanto quanto esquisita, confesso. Fotos com uma cara dos anos 70, que me fizeram lembrar da coleção Boa Mesa. Mas tem texto da Neide Rigo sobre a Amazônia e sobre pimentas. A matéria sobre pães é assinada por William Alexander.

Esse pão exige que se faça uma massa fermentada (biga) com antecedência. Usa-se pouco fermento e essa fermentação longa confere um sabor e textura diferentes.

Biga:

1/3 de xícara de água

2/3 de xícara de farinha

1/2 colher de chá de fermento biológico seco instantâneo

Misture tudo e amasse um pouco, por uns 2 minutos. Deixe fermentar por 1 hora (ou mais, se estiver frio) fora da geladeira, até que fique aerada. Cubra com um filme plástico e guarde na geladeira por 12 horas.

No dia seguinte, misture essa biga com cerca de 1 xícara de água (240 ml), desmanchando um pouco a massa. Adicione a 400 gramas de farinha de trigo e misture. Provavelmente irá precisar de mais água, eu precisei. Fui adicionando até formar uma massa pegajosa. Deixe descansar por 20 minutos, mais ou menos, para hidratar.

Adicionei então 2 colheres de chá de sal e sovei um pouco. É um pouco difícil, creio que seria bem mais fácil com uma batedeira ou máquina de pão, mas não tenho nem uma nem outra, ambas quebraram.

Adicionei 1/3 de xícara de azeite e tornei a sovar. A massa vai ganhar uma certa elasticidade conforme é trabalhada. Deixe descansar até dobrar o volume, coberta com um filme plástico. Vai demorar um pouco mais que a maioria dos pães.

Tire da tigela, abra em um retângulo e dobre em três. Repita a operação algumas vezes. A massa vai ganhar corpo, ficará mais fácil de modelar.

Divida em duas partes, forme filões. Eu fiz com cerca de 40 cm de comprimento. Deixe crescer bem antes de levar ao forno pré-aquecido, bem quente.

Na revista dizem para colocar uma frigideira de ferro ou chapa grossa de ferro dentro do assoalho do forno, desde o início, para que fique quente também. Na hora de colocar o pão, despejar meia xícara de cubos de gelo e fechar. Isso formará vapor, o que fará o pão ficar com uma crosta melhor. Fiz isso, mas não me pareceu que fez tanto vapor assim.

Asse até dourar. O pão vai ficar com uma crosta mais grossa e bem crocante na primeira hora. Depois vai amolecer um pouco. Por dentro, a massa é firme, sem ser farelenta. Talvez eu devesse ter deixado crescer mais um pouco, a julgar pelas bolhas.

De qualquer forma, ficou um pão bem gostoso, sim.

Como a farinha pode afetar no resultado, a farinha que usei foi esta, que comprei no Wallmart. Na embalagem informa que tem 13% de proteína, mais do que a maioria das marcas.

 

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Batedeiras Elétricas

Depois de uns 15 anos de trabalho bem-feito, minha batedeira Braun faleceu. Comprei por uns 10 dólares, não era muito potente mas tinha duas vantagens: era portátil, o que me permitia usar em qualquer tigela e tinha ganchos para massas pesadas. Creio que perdi de vez, o cheiro de queimado que exala não é animador.

Aproveito para perguntar aos leitores: vocês têm uma batedeira? Qual recomendam?

Estou à procura de uma que bata também massas pesadas.

 

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O Cará-Moela que Não Comi

Guardei alguns cará-moela (cará-do-ar) pensando em fazer um pão ou seguir a sugestão de um senhor que mora aqui perto e cozinhar com frango. A Natureza tem o seu tempo, que nem sempre está em sintonia com o meu. Os carás brotaram.

Alguns já queriam alcançar o céu. Apesar do clima que tem feito, do frio fora de época, olhando para esses carás tive que reconhecer que é primavera. Agora o jeito é arrumar um lugar para planta-los e deixar que se espalhem.

 

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Daigaku Imo (Batata-Doce Caramelada)

Esta receita estou devendo aos leitores há muito tempo. Porque não publiquei antes? Primeiro porque não fiz. Segundo porque é uma receita quase banal de tão simples. Trata-se de batata-doce frita, coberta com um caramelo à base de shoyu. É consumido como um lanche, no que seria o nosso café da tarde. No Japão há o hábito de se comer algo doce. Mas não pensem que exageram no consumo de açúcar. É que não se costuma comer doces nos finais das refeições.

É melhor comê-los enquanto estão quentes. A batata-doce fica com as bordas crocantes e o caramelo, pegajoso. Depois de frio perde na textura e o caramelo endurece. Prefiro usar o gergelim preto por conta do contraste de cores e porque é mais aromático e saboroso.

1 batata-doce grande, cortada irregularmente. Eu prefiro cortar em pirâmides: trabalho com a faca fazendo cortes diagonais, “enviesados”, quase como se estivesse apontando a batata.

Óleo para fritura

5 colheres de açúcar cristal

5 colheres de mirim (é melhor não substituir; o mirim confere uma cor mais avermelhada e brilho)

2 a 3 colheres de shoyu (depende um pouco, algumas marcas são mais salgadas que outras)

Gergelim preto torrado (torre um punhado em uma frigideira seca, sem óleo, até começar a pipocar; despeje imediatamente em um prato frio para que esfrie logo e não queime)

Corte a batata e frite em bastante óleo. Não deixe que a temperatura suba demais, é preciso que ela cozinhe bem. Retire do óleo quando os pedaços estiverem dourados e, espetando um palito, ele entre com facilidade. Escorra sobre papel-toalha.

Misture o açúcar, o mirim e o shoyu em uma panela. Leve ao fogo até formar uma calda espessa. Teste um pouco da calda morna entre os dedos, deverá ter uma consistência de mel.

Adicione os pedaços de batata-doce frita e misture, para que a calda cubra todos eles. Salpique gergelim preto torrado e sirva.

 

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Curso de Embutidos no Friccó

Ganhei de presente uma aula no Friccó (Rua Cubatão 837, Vila Mariana) sobre embutidos. Foi ontem (dia 26). Embora eu faça linguiças em casa com certa frequência, foi bom poder tirar dúvidas e ter contato com outros tipos de embutidos. Na aula, Saulo Scarabotta e Marcio Kimura explicaram tanto os cuidados com a escolha da carne, manuseio, a função dos aditivos (tanto na indústria como em uma produção artesanal) e conservação.

No caso da linguiça, foram apresentadas opções de especiarias que poderiam ser utilizadas, para personalizar uma receita básica.

Cada um fez sua mistura, encheu as tripas e amarrou. E voltou para casa com meio quilo de linguiça fresca de porco.

Também foi explicado como fazer salsichas e cotechino (que eu nunca havia provado).

Em seguida podemos provar uma coppa de testa

Uma saborosa caponata

As salsichas, que foram servidas com um molho de mostarda que exigiu muito pão para limpar o prato, de tão bom.

A linguiça, feita com e sem conservantes. Sem conservantes ela fica com um tom cinzento.

O cotechino, cozido, me fez lembrar de algo que comi (ou acho que comi) na casa de minha madrinha. Talvez fosse o molho com louro, talvez fosse a consistência.

As linguiças que trouxe da aula fritei para minha mãe provar. E ela aprovou. Eu optei por usar apenas pimenta-do-reino, pimenta calabresa e alho.

Eles também oferecem cursos de pães, massas, etc. O calendário para os próximos cursos está aqui:

http://www.fricco.com.br/campanhas/2013/aulas_calendario_2sem.html

Lá, além de ser um restaurante, tem também uma loja onde vendem pães, embutidos, carnes curadas e alguns ingredientes.

 

 

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Tian

Fui conhecer o Tian ( Rua Jeronimo da Veiga 39 (11) 2389 9399) esta semana. Não fui antes e não foi por falta de convite. Tempo, coisas, enfim. Há muito tempo tenho curiosidade em conhecer a comida de Marina Pipatpan. Muito tempo mesmo, coisa de 30 anos. Foi a minha primeira referência de comida tailandesa na vida. Conheci-a, finalmente, e nos rimos dos tempos passados, quando tínhamos que fazer tudo em casa: eu fazendo missô e folhas de ovos para substituir a alga nori do makizushi; ela fazendo molho de peixe em casa.

O atum com crosta de sembei (biscoito de arroz) muito crocante vem com um molho cremoso, levemente picante, delicioso.

Pad Thai, prato de macarrão de arroz com camarão e frango veio com brotos de feijão bem crocantes e amendoim torrado. Bem equilibrado.

Pãozinho no vapor (bun) com pernil e molho doce e pegajoso, à base de molho Hoisin. Eu gosto, mas reconheço que não é todo mundo que gosta.

Assim como a cozinha, o ambiente mistura elementos tailandeses, chineses, japoneses.

Vale a pena? Se quiser conhecer uma versão mais contemporânea da cozinha asiática e saber porquê o restaurante ganhou o prêmio “Bom e Barato” do guia da Veja, vale. Há opções para vegetarianos e para quem tem mais ou menos fome. Alguns pratos são picantes, mas nada que chegue a assustar.

Para quem quiser conferir o cardápio, o link é este:

http://www.tianrestaurante.com.br/tian/download/cardapio_tian_restaurante.pdf

 

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