Tantan men

Hoje eu estava com vontade de comer um lamen. Fiz esse Tantan men. Para uns, tantan é uma pessoa que não bate bem da bola. Para outros, é um instrumento musical. Este tantan, não é nem uma coisa nem outra, é ardido, temperado com pimenta, gengibre, pasta de soja e com o aroma bom do gergelim torrado.

Outro dia vi um chef japonês dizer que para o tantan men, usa-se a massa de ovos e não a alcalina. Como não entendo nada disso, aceito placidamente. Outro motivo para fazer a massa de ovos é que uma senhora que vive comigo detesta o cheiro de bicarbonato da massa de lamen (que vai kansui). E, por fim, pensei nos muitos leitores que estão a centenas de quilômetros da Liberdade.

Para a massa, usei 280 gramas de farinha de trigo (usei a Fleishman, porque é muito fina) e 120 gramas de semolina (De Cecco, também porque é mais fina), 6 gramas de sal, 2 ovos grandes e água o suficiente para completar 150 ml.

Coloquei as farinhas em uma tigela, bati os ovos, juntei sal e adicionei água. Despejei dentro, misturei, sovei. A massa deverá ficar bem firme. Talvez seja preciso fazer uns ajustes na quantidade de água, dependendo do clima. Fiz uma bola com a massa.

Coloquei a massa dentro de um saco plástico grande e grosso e… pisei em cima. Massageei toda a massa com o calcanhar por uns 10 a 15 minutos, pondo todo o peso do meu não tão esbelto corpo em cima. Depois de ser bem sapateada, a massa ganha outra textura e fica bem lisa.

Embrulhei em filme plástico e deixei descansar por umas 2 horas.

Cortei em porções, cilindrei algumas vezes, afinei a massa. Antes de passar no cortador, polvilhei com bastante amido de milho. Logo depois de cortada, polvilhei com mais farinha de milho. Ao contrário do lamen, esse tipo de massa não é amassada para ganhar a ondulação. Rende de 4 a 5 porções.

Cozinhe a massa em bastante água sem sal. Essa massa cozinha muito rápido, é preciso ficar atento. Se tiver um gato (no caso, gata), peça para ele provar o ponto. Escorra, sacuda com vigor a peneira para retirar o máximo de água e distribua nas tigelas. Despeje caldo quente (um dia desses publico uma receita bem detalhada do caldo). Uso um caldo à base de frango, gengibre e cebolinha, com um pouco de shoyu. Existem uns industrializados que até que resolvem o problema.

Coloco do lado uma colherada de pasta picante de porco, que publiquei há 2 anos, um pouco de cebolinha fatiada, um punhadinho de alga (nori) ou espinafre japonês (horenso) aferventado e espremido, umas gotas de óleo de gergelim e um pouco de gergelim torrado e ligeiramente esmagado (para liberar mais aroma). E coma imediatamente, para a massa não ficar molenga!

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Mancha Amarelada em Camisa Branca

Lá vou eu falar de um assunto desconfortável: mancha amarelada em camisa branca, principalmente na região da cava da camisa (ou axila, ou sovaco, como prefere a Bia Braune). E por mais que se esfregue, deixe de molho em alvejante, não sai. Pode ficar um pouco mais pálido e só. Se você não acha desconcertante vestir uma camisa com mancha de suor, leia o conto da Lygia Fagundes Telles entitulado “Verde Lagaro Amarelo”.

Bem, estou escrevendo sobre isso – e pior, expondo uma camisa que estava encostada no armário! – porque me perguntaram se o Maienza funciona para esse tipo de mancha. Não sei, não testei. Garanto que tira o cheiro desagradável de suor que fica impregnado em umas camisas de tecido sintético. É só diluir na proporção de 1 para 5 de água e pulverizar no local.

Então cá estou eu, com uma solução fácil, barata e eficiente.

Primeiro é preciso fazer um aplicador. Para isso usei um pouco de algodão, um pedaço pequeno de tecido (tirado de uma camiseta velha), um palito (hashi) e uma borracha.É só fazer um bolota, cobrir com o tecido, espetar no palito e prender com o elástico. Fica parecendo um cotonete grande.

Em um recipiente de vidro ou inox, misture 1 parte de bicarbonato de sódio para 2 de alvejante líquido. No caso, usei do tipo indicado para roupas coloridas.

Com o aplicador, passe o produto na área manchada. Não use os dedos para fazer isso, a solução é alcalina e pode provocar lesões na pele.

Agora vem a parte realmente divertida. Exponha a parte manchada, já com o produto aplicado, a vapor de água. Uma chaleira proporciona um vapor direcionado, o que facilida. Aproxime do vapor por alguns segundos e retire. Em contato com o vapor, a mistura espuma (não sei se dá para ver direito na foto as bolhas subindo). Mas tenha cuidado: não aproxime os dedos do vapor porque você pode se queimar. Tenha cuidado para não queimar a camisa na chama do fogão. E mantenha o rosto longe do vapor, que pode ser irritante.

A mancha desaparece imediatamente. Confira se não ficou algum ponto amarelado. Se necessário, reaplique e passe novamente no vapor. Depois lave a roupa normalmente, tendo o cuidado de enxaguar bem, porque resíduos de sabão na roupa também deixam manchas em camisas claras.

Bem, quanto à lógica da coisa, confesso que só desconfio. E confesso que estou com um pouco de preguiça para investigar a fundo. O que posso dizer é que o princípio ativo do alvejante para roupas coloridas é o peróxido de hidrogênio, que reage com moléculas orgânicas, liberando oxigênio. Tanto o peróxido de hidrogênio quanto o bicarbonato são utilizados produtos para clareamento dentário. Agora, como tudo isso funciona, ou fica para um outro dia ou, se alguém souber explicar, por favor.

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Kanten com Café (ou Koohii Zerii)

Confesso que quando morei no Japão, não dava muita atenção à essa sobremesa “de adulto”. Anos depois, mais velha, devo ter mudado de paladar. Para nós, brasileiros, a idéia de café gelado é um tanto quanto estranha. Quando falamos em café, logo pensamos em uma xícara fumegante.

Outra coisa engraçada é que existem receitas que acerto na primeira tentativa. Outras, são resultado de algumas tentativas e erros. Tentei fazer uma gelatina de café com café coado. A maioria sugeria usar café solúvel. Uma vez, ficou mole demais. Noutra, amarga demais. Acho que acertei desta. É muito simples e refrescante. Para quem já foi ao Kidoairaku, deve de ter provado dessa sobremesa. Lá no Japão é mais comum servi-la com creme. Mas estamos no Brasil e gostamos dos doces mais doces. Um pouco de leite condensado também cai bem.

500 ml de água

7 gramas de kanten

Açúcar ou adoçante culinário à gosto.

Café coado forte: faça meio litro de café com a quantidade de pó que usaria para fazer um litro. Isso fica a critério de cada um. Eu gosto de café forte e acho que fica melhor nessa receita. Coe e mantenha aquecido.

Misture o kanten (gelatina de alga) com açúcar ou adoçante culinário em pó e misture. Adicione água, misture e leve ao fogo, mexendo eventualmente. Ferva por 3  minutos. Adicione o café quente e misture, ainda no fogo. Despeje em uma forma retangular, deixe esfriar, leve à geladeira e corte em cubos.

PS: Eu usei pouco adoçante. Como iria servir com leite condensado, não quis sobrecarregar. E é até interessante  sentir o amargo do café. Confesso que não presto muita atenção ao café. Tomo café porque sou realmente viciada em cafeína. É um ato mecânico e diferente de quando vou tomar um chá, por exemplo. Então, o que tenho em casa, geralmente é uma marca de café bem popular.

Outra opção para servir é cortar em cubinhos e servir em uma tacinha, com creme ou leite condensado. Fica bonito. Mas, definitivamente, não é um doce que vá agradar à maioria das crianças.

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Outra Receita de Donuts

Essa trancinha costumava aparecer com frequência em lojas de conveniência e padarias japonesas. Simples massa torcida, frita e polvilhada com açúcar. E precisa de mais? Confesso que não sou fã de donuts cobertos, decorados. Só uma massa de pão doce e frita já faz minha alegria. Usei fermento de pão fresco por acaso – tinha uma quantidade enorme que sobrou de outro experimento. E achei que o resultado ficou melhor do que com o fermento biológico seco. A massa ficou macia, com um cheiro característico.

150 ml de água morna

2 ovos pequenos

100 gramas de açúcar

85 gramas de manteiga – não vale margarina light

30 gramas de leite em pó

10 gramas de emulsificante – opcional

Aromatizante (usei baunilha mas, se preferir, use casca de limão, laranja ou outro qualquer)

600 gramas de farinha de trigo

30 gramas de fermento de pão fresco

Dissolva o fermento na água morna e adicione os demais ingredientes. Prefiro usar a máquina de pão para sovar. Se não tiver, trabalhe bem a massa, até ela ficar macia. Talvez seja preciso acrescentar mais farinha ou mais água. Vai depender muito da umidade do ar. A massa deverá ser muito macia, quase pegajosa.

Deixe crescer até dobrar de volume.

Divida a massa em porções, abra com um rolo e corte em tiras. Forme rolinhos, dobre-os ao meio e enrole em tranças. Deixe crescer novamente, antes de fritar em óleo aquecido, porém não muito quente, até dourar bem.

Escorra e passe em açúcar e canela.

Com metade da massa fiz esses sonhos. Foi só abrir a massa em quase 2 cm de espessura, cortar com discos, esperar crescer e fritar. Depois de frios, recheeei com creme de baunilha, feito com leite, gemas de ovos caipiras, açúcar, farinha, amido de milho e essência.

Isso me lembra de uma padaria – não me lembro o nome, embora me lembre perfeitamente do lugar. Fui lá em uma manhã de domingo – curiosamente, a padaria ficava aberta das 7 às 15 horas. Escolhi um pão alongado, sem ter idéia do que era. A balconista pegou meu pão, levou à cozinha e o recheou com um creme gelado! Eu adorei, claro. E não seria má idéia se alguma confeitaria resolvesse fazer algo assim.

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Um Pouco Mais Sobre o Yomogi

O yomogi ou losna é uma planta daninha. Eu diria danadinha, já que cresce sem exigir maiores cuidados. Uma vez plantada, trata de se espalhar com ligeireza. Gado come. Provavelmente isso também colabora para que ela se espalhe ainda mais. Apesar de poder encontra-la o ano todo, as folhas são mais tenras na primavera.

De um lado da folha, a cor é brilhante. Doutro, opaca. O cheiro me lembra um quê de Jintan – umas bolinhas que diziam para eu consumir porque fazia bem. Mas prefiro a erva à tal bolinha.

No Japão é usado no preparo de mochi verde, bolos chiffon, alguns doces. Há quem coloque algumas folhas em sopas e ensopados. Dizem que auxilia a digestão e talvez seja por isso que entre na composição de alguns licores. Ainda vou brincar mais com essa folha, só preciso de algum tempo.

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Yomogi Mochi ou Kusa Mochi

Que vinho combina com kusa mochi? A resposta está no suplemento Paladar, do jornal O Estado de São Paulo de hoje. Tudo começou com o Luiz Horta, do Estadão,que  comentou que estava comendo mochi verde. Não resisti e disse a ele que mochi verde bom era feito com losna, conhecido por lá como yomogi. Bem, no final, minha mãe fez 3 receitas diferentes de yomogi mochi e que foram parar na redação do jornal.

O tradicional é feito com arroz glutinoso (mochi-gome ou arroz para mochi), cozido no vapor e pilado com a erva também pré-cozida, no vapor. Hoje em dia quase ninguém mais usa ou tem um pilão. Aqui em casa usamos uma máquina que bate a massa vigorosamente. É um equipamento caro (mais de R$1.000,00) e não vale a pena comprá-lo se não pretende usá-lo com certa frequência. Existem vários modelos. Alguns, como o que tenho, também serve para sovar massa de pão. Esse mochi, sem recheio, pode ser comido com kinako (farinha de soja torrada) e açúcar.

Esta outra versão dispensa o uso dessa máquina ou pilão. Usa-se arroz triturado. O arroz para mochi é deixado de molho para hidratar e depois é triturado no liquidificador ou processador. A proporção é 1 de arroz (em volume) para outra de água. Ou seja: 1 xícara de arroz hidratado para outra de água. Depois de bem triturado, adicione uma porção de açúcar e um punhado de losna cozida no vapor e triture mais um pouco. Para intensificar a cor, usamos yomogi em pó (que não encontro por aqui).

Antes (digo, há vários anos, coisa de 20 ou 30 anos), costumávamos cozinhar essa massa no vapor, sobre um pano fino, molhado e torcido. Mas estamos em outro século e usamos o microondas, com vantagens. É só despejar a massa em um refratário, cobrir com um filme, fazer alguns furos com um palito para deixar escapar parte do vapor e cozinhar por cerca de 6 minutos, mexendo a cada 2 minutos. A massa deve ficar ligeiramente translúcida e sem gosto de arroz cru. Despeja-se sobre uma assadeira polvilhada com amido de milho e, depois de amornada, ela pode ser modelada e recheada. A vantagem desse tipo de mochi é que se mantém macio por mais tempo.

E, por fim, outra versão, feita com farinha de arroz glutinoso. Como a farinha é bem fina, ela resulta em uma massa mais lisa e pegajosa. Mistura-se 1 porção de farinha, outra de água, outra de açúcar e um punhado de losna cozida no vapor. Tritura-se no liquidificador, despeja-se no refratário e a massa é cozida no microondas, coberta com um filme plástico, tendo o cuidado de misturar a cada 2 minutos, até a massa ficar cozida, pegajosa e sem gosto de arroz cru.

Como não usamos neste o yomogi em pó, a cor ficou mais pálida. Por outro lado, os pontinhos da erva ficaram mais evidentes.

E porque não vejo mais o kusa mochi nas feiras e lojas de produtos orientais? Bem, pelo que me informaram, antes usavam essa erva que cresce com facilidade em qualquer quintal ou horta. Só que, como ela se alastra, toma espaço, foi eliminada. Pouco a pouco foram deixando de fazer, seja por falta da erva, seja por falta de quem faça ou conheça. Outro motivo talvez seja o gosto. Não é ruim, não, mas creio que possa causar estranheza para alguns. Tem um aroma característico. Eu sou suspeita, já que o hábito é antigo aqui em casa.  E, por fim, creio que seja mais fácil usar apenas corante do que uma erva cozida. No Japão há a praticidade do yomogi desidratado, em pó ou em grânulos.

Só para finalizar, é um doce típico da primavera, quando essa planta brota vigorosamente. Disseram-me que era típico de Hokkaido, mas não tenho como afirmar com certeza.

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Maienza

Você já ouviu falar na Maienza? Até outro dia, nem eu. Mas já havia visto o belo trabalho do professor Yoshiaki Sogabe na recuperação de um rio no Japão. Ele desenvolveu um produto à base de fermento de pão, iogurte e natto. Contando com a colaboração da comunidade local, todos os dias despejavam uma quantidade bem pequena desse preparado ralo abaixo. Como a água da pia das cozinhas japonesas normalmente não é tratada, isso tudo ia para o rio. Pelo que entendi – e me lembro, porque essa reportagem já tem vários anos – o objetivo era povoar o desgastado rio com microorganismos benéficos. Naturalmente os ruins não suportariam a competição e isso proporcionaria o crescimento de outras formas de vida. Ou seja, foi preciso começar com os pequenos para chegar nos grandes. Claro que na época, achei a idéia fabulosa. E também fiquei muito impressionada com o comprometimento da comunidade. Mas recuperar um rio não é só isso. Foi preciso limpar as margens, tirar entulhos, plantar, re-introduzir espécies… Para mim, ficou a lembrança de que nosso meio é responsabilidade de todos e que pequenos gestos contribuem.

Na semana passada, assistindo à tv japonesa (NHK), lá estava novamente o senhor Sogabe. Mas desta vez, não estava só falando da restauração de um rio. Na verdade, o tema era natto. Esse feijão fermentado, odiado e amado por tantos, tem várias propriedades interessantes. Pulo a parte sobre nutrição, que não é a minha praia e também porque não quero criar mitos. O Bacillus subtilis, presente naturalmente no solo e na água, tem uma capacidade enorme de multiplicação, não-patogênico e já é usado no controle de pragas e doenças em plantas. O fermento de pão – Saccharomyces cerevisiae – é um fungo que também tem capacidade de sintetizar antibióticos e – adivinhem? – também está sendo usado no controle de pragas nos campos. Por fim, o iogurte, outra bactéria que não nos provoca mal. Também vi que já se usa tanto a bacteria do natto quanto do iogurte em tratamentos de pele. Pelo visto, a onda não é matar todos os microorganismos e sim, estimular os mocinhos para que eles acabem com os bandidos. Mas afinal, o que é a Maienza? É um produto de limpeza orgânico, feito a partir do fermento de pão, iogurte e natto. É comercializado no Japão através deste site: http://heart-ai.org .

O professor Yoshiaki  Sogabe aparece aqui: http://heart-ai.org/developer e os empregos desse produto estão aqui: http://heart-ai.org/howto/index.html. Tudo em japonês. Infelizmente não encontrei nada em inglês.

Bem, mas isso não significa que é preciso encomendar esse produto no Japão. Durante o programa Asaichi do dia 11/10, ele pode ser feito em casa. As instruções estão nesta página (em PDF): http://www.nhk.or.jp/asaichi/2010/10/11/images/101011.pdf Ah, mas está em japonês. Bem, eu também não entendo muito esse idioma! Mas dou meus tropeços e como é um folheto ilustrado, dá para entender. E como não fiquei completamente satisfeita, fui procurar na origem, onde tudo costuma ser melhor explicado: na página da cidade de kasaoka, onde tudo começou (lembram do rio, etc? Pois é) http://www.city.kasaoka.okayama.jp/0048/0008_ehimeAI.pdf

Bem, para quem quiser tentar o produto de limpeza orgânico, aqui vão as medidas para preparar 1,5 litro dele: 45 gramas de açúcar 15 a 18 gramas de fermento biológico seco (no verão, use menos, no inverno, use as 18 gramas) 75 gramas de iogurte natural 3 grãos de natto (isso mesmo, só 3 carocinhos de soja fermentada) 750 ml de água morna E você também vai precisar de uma iogurteira. Poderia sugerir uma caixa térmica, com um saco de água morna ou uma garrafa térmica, mas ambas as opções são meio chatas para controlar a temperatura em torno de 35 graus. Se mora em uma região muito quente, esqueça a iogurteira.

Meça e misture o açúcar com o fermento biológico.

Adicione o iogurte. Misture.

Adicione os grãos de natto. Como podem ver (borrado, é verdade), são só 3 grãos mesmo. Bata. A mistura vai espessar e você poderá notar uns filamentos bem finos. É isso que queremos. Na verdade, o grão de soja importa pouco, o interessante é essa “baba”. Adicione a água, tampe o pote e leve à iogurteira.

No começo, vai fermentar, borbulhar. É normal.

Depois de 24 horas (ou um pouco mais), a mistura vai estar amarelada e haverá um sedimento.

Conferindo o pH, que deve estar entre 3 e 4.

Coe e despeje em uma garrafa pet de 1.5 litros. Complete com água. Deixe em local protegido do frio por mais uma semana. Eventualmente, abra e deixe escapar o gás que se forma. Em uma das páginas li que era para deixar aquecido durante 1 semana. Enfim, não tenho certeza qual é o procedimento mais correto… Se alguém realmente lê japonês, por favor, esclareça essa dúvida para nós. Pronto. Mas será que limpa mesmo? Não resisti a um teste tipo antes e depois. Dizer que limpa o chão, ótimo, mas é um tanto quanto subjetivo. O teste da panela engordurada, sebenta e queimada é bem melhor. Ou, pelo menos, impressiona mais.

Digamos, tipo esta panela aí. Claro, eu também tenho panelas que escondo da humanidade. No caso, só a apresento por um bom motivo: está realmente suja, um caso perdido.

Coloquei o produto em um frasco com spray, pulverizei toda a panela e cobri com filme plástico para que não secasse. E deixei por umas 4 horas.

Depois deste tempo todo, só esfreguei com uma palha de aço (daquelas mais grossas), seca, sem sabão, sem água, sem nada. E foi tirando quase toda crosta… Talvez funcionasse ainda melhor se eu tivesse deixado a panela mergulhada em uma solução morna. Mas acho que o experimento foi bem-sucedido.

Também usei no forro do teto do carro. Pulverizei (diluí na proporção de 1 parte do produto para 4 de água) e tirei a sujeira com um pano seco. Na caixa de areia das gatas, tirou parte do cheiro, mas isso é um tanto quanto subjetivo. Limpei o fogão (produto puro em spray e depois, um pano úmido), passei no chão (30 ml em um balde de água) e em pontos de mofo, debaixo da pia. Neste caso, o resultado foi impressionante. Borrifei o produto puro nas manchas escuras e tirei com um pano úmido. Em superfícies ásperas não funcionou tão bem. E, por fim, estou testando nas plantas. Reguei umas cebolinhas tristes (na proporção de 1 para 500) e pulverizei as roseiras, sujeitas a pragas e fungos. Mas isso leva algum tempo para eu constatar se vai surtir efeito ou não. Quanto ao cheiro, tem um cheirinho de coisa fermentada, sim, mas não é persistente. Também é interessante despejar no ralo e torcer para que mantenha a caixa de gordura limpa. Em fossas, dizem, também evita o mau-cheiro, assim como em compostagens. E há quem tome banho com uma solução bem fraca dela. Eu usei uns 30 ml em um balde de água e finalizei o banho do totó. Ele tem um problema de pele persistente e o resultado disso é um cheirinho desagradável. Ele não gostou, mas o cheiro sumiu. E ainda por cima, o pelo dele ficou macio e brilhante.

Bem, é ótimo que um produto de limpeza limpe de verdade. Mas para quê tanto trabalho? Bem, a vantagem nisso tudo é que usamos menos detergentes e substâncias agressivas. Vai menos detergente para o esgoto e, pelo que sei, é um grande problema para a reciclagem da água. O risco de alergia a ele é menor, talvez nulo. E, por fim, são organismos que já estão à nossa volta, contribuem para a disponibilização de nutrientes no solo, ajudam a controlar pragas em plantas e o custo é baixo.

Quero finalizar com um aviso muito importante: apesar de ser bom, apesar de ser feito com bactérias e um fungo que consumimos, este não é um produto para ser bebido. É para ser usado externamente. Não pingue no olho, não faça gargarejos.

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Docinhos de Festa

Eu sou de um tempo em que certos docinhos, só em dia de festa. Comia doce de batata-doce, doce de leite, paçoca, esses doces de quitanda ou “venda” (depende da região do país). Quando eu era pequena, minha mãe batia um bolo. Depois, na adolescência, se eu queria comer um doce, tinha que fazer eu mesma. Também havia doce de goiaba em calda – que me rendeu um trauma para o resto da vida, odeio goiaba – doce de abóbora na cal, arroz-doce…

Mas brigadeiros, olhos-de-sogra, cajuzinhos, beijinhos, desses docinhos que são servidos em forminhas de papel ou de celofane, ah, só em festa de casamento ou aniversário. Ou nem em festa de aniversário, porque depois de certa idade, a moda era fazer baile na garagem e só. Quase não se comia.

Não nego, gosto desses docinhos. Por algumas vezes comprei uma bandejinha de doces sortidos. Em uma confeitaria, para minha decepção, os doces eram feitos com doce de leite enlatado misturado com alguma coisa. Misturam achocolatado com doce de leite, enrolam e chama de brigadeiro. Se trocam o achocolatado por coco ralado, virou beijinho. Ou seja, muito doce, monótono e descuidado.

E, paradoxalmente, gosto desses docinhos mas sempre acho que poderiam conter menos açúcar. Sei que o açúcar dá o ponto de enrolar, que o brasileiro tem o hábito do doce bem doce – raramente faltou açúcar no país – mas acho que açúcar demais mascara o sabor.

Hoje recebi uma caixinha cheia dessas gulodices da Marcia. Bolinhas pequenas, coloridas, enfeitadas à mão. Um primor. Do tipo da coisa que me dá canseira só de ver. Para quem me conhece, sabe que não tenho paciência alguma para coisas mini-mini. E nem tenho habilidade para manejar um saco de confeiteiro.

Claro que provei todos. Olho-de-sogra feito com coco de verdade. Nenhum deles estava excessivamente doce. Minha mãe parou e ficou olhando para o enfeite minúsculo do docinho perolado de nozes. E teve até doce com alho negro!  Claro que não é a primeira vez que provo das doçuras da Marcia. Ela faz uns bolos lindos, com massa leve, tudo feito muito fresco.

O site dela é este:

http://www.marciaeventos.com.br

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Meu Bolo de Aniversário

Tenho escrito pouco nos últimos dias. Andei ocupada com umas coisas – na verdade, as coisas de sempre: trabalho, por exemplo, umas pesquisas e experiências.

Meu aniversário foi há alguns dias. Obrigada pelas mensagens de parabéns. Fiquei devendo a receita do bolo que fiz para mim mesma.  A receita não é minha, é do David Lebovitz. É o Chocolate-Espresso Mousse Cake. Como ele diz, é difícil conseguir uma fatia bonita. A não ser – talvez – se congelado. Mesmo usando uma faca passada em água quente, sempre gruda um bocado. É um bolo cremoso – sei que alguém dirá que não é bolo, é pudim – e, ao mesmo tempo, aerado. Gostoso tanto à temperatura ambiente quanto gelado. Mas é muito, muito rico. Recomendo cortar em fatias pequenas. Creio que seria uma boa idéia fazê-lo em porções individuais. Resolveria o drama da faca.

Aqui vai a receita. Confesso que fiz algumas pequenas alterações, não na proporção, mas na maneira de fazer.

340 gramas de chocolate meio-amargo

100 ml de creme de leite

160 ml de café (espresso ou, na falta de uma cafeteira, coado bem forte)

5 ovos grandes

1 pitada de sal

100 gramas de açúcar

Eu cortei papel impermeável. Tirei um molde do fundo da forma (cerca de 25 cm de diâmetro) e cortei outra tira da largura da forma. Para facilitar na hora de desenformar, cortei mais duas tiras de papel, compridas o suficiente para sobrarem da assadeira. Coloquei-as no fundo, formando uma cruz e deixei as pontas para fora da forma. Coloquei o disco de papel sobre elas e a tira cobrindo toda a lateral. Mas pode seguir a orientação do David Lebovitz e usar uma forma desmontável untada, tendo o cuidado de forrar do lado de fora com papel alumínio.

Ele diz para colocar o chocolate picado, o creme e o café em uma tigela e levar para derreter em banho-maria. Eu preferi levar ao microondas em potência média-alta (número 7 no meu aparelho) por 2 minutos. Misturei com uma espátula e estava derretido.

Bati os ovos com uma pitada de sal e o açúcar, até ficar leve e claro. Isso leva um certo tempo, mesmo na batedeira.

Adicionei metade da mistura de ovos ao creme de chocolate e misturei. Depois de bem incorporado, adicionei o restante.

Despejei na forma e levei ao forno médio em banho-maria. Levou cerca de 1 hora para ficar pronto. Ele forma uma crosta na superfície, fica firme nas laterais mas dá para sentir que está cremoso no centro. Retirei do banho-maria e deixei esfriar antes de desenformar.

Não sei quantas calorias tem e nem quero saber! É muito bom. E creio que funcionaria bem com outra bebida no lugar do café. Quem sabe, um pouco de licor?

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Alho Negro no Mais Você

Dizem que foi ao ar uma entrevista minha, com o chef Carlos Bertolazzi, sobre como nasceu a idéia de produzir o alho negro. Eu estava na rua, levei minha mãe à uma consulta médica, despachei umas coisas no Correio, peguei o microondas que tinha ido para a assistência técnica, enfim, coisas. Não assisti. Confesso que estou até aliviada, sou uma tímida tagarela. Gosto muito de conversar mas, por favor, não me obriguem a ver uma foto minha, que dirá um video.

Coincidentemente, hoje é meu aniversário de 45 anos. Vou lá comemorar dando banho em cachorro, batendo um bolo de chocolate (vi uma receita que parece ser ótima lá no blog do David Lebovitz) e trabalhar, porque o feriado foi ontem.

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