Papa de Arroz

Aqui no Brasil fazemos mingau, pirão. Na Ásia, a papa de arroz é comum. No Japão, feito a partir de arroz cru, água e sal é o okayu ou shira-gayu. Existem versões feitas com bancha (cha-gayu) e com soja tostada (Nara no cha-gayu). A proporção de água varia. Uns usam 1 parte de arroz para 7, 10 ou até 15 partes de água. O arroz é cozido em panela destampada – fogo alto ou baixo, dependendo da textura que se quer obter – até o arroz ficar muito macio. Isso pode levar uns 40 minutos. Algumas panelas elétricas para cozinhar arroz também fazem okayu. Pode ser servido com uma ameixa salgada (umeboshi) ou flocos de bonito seco ou tirinhas de alga nori ou uma gema crua.

Outra papa de arroz comum no Japão chama-se zosui. Ao contrário do okayu, é feito com arroz já cozido. Essa papa permite outros ingredientes: em vez de água, caldo (dashi ou caldo de galinha), um pouco de shoyu para dar um gosto, cebolinha, mitsuba (um tipo de trevo), suco de gengibre, ovos… Ou seja, até certo ponto, lembra a nossa canja.

E quando são comidos? Bem, há quem prefira comer de manhã, no desjejum. Confesso que nunca consegui comer muito pela manhã. Na verdade, não é raro eu não comer nada. Outros preferem no jantar, para terminar o dia com uma coisa leve. E, por fim, alguns só comem (ou tomam? afinal, é quase líquido…)  quando estão gripados, doentes.

E por falar em gripes, resfriados, alguns ingredientes têm fama de ajudar na recuperação desses males. São o alho, o gengibre e a cebolinha. Meu pai costumava comer dentes de alho cru com pasta de soja. Eu gosto de chá de gengibre em dias mais frios. Fiz um zosui com alho, um tanto incomum no Japão, para quem estiver gripado. Quem sabe não funciona?

Na verdade, não é bem receita, é uma orientação. Usei caldo de galinha – galinha mesmo, peguei uma carcaça e as asas de uma galinha velha, escaldei com água quente, escorri, lavei e cozinhei até que ficasse bem macia. Separei os ossos, desfiei as carnes. Nesse caldo com pedacinhos de galinha, adicionei arroz cozido e levei ao fogo. Deixei cozinhar um pouco e adicionei vários dentes de alhos inteiros. Inteiros, assim, não vão deixar um gosto de alho muito forte na papa. Para dar uma cor, juntei alguns aspargos cortados em rodelas, bem no final. Temperei com um tiquinho – cerca de 1 colher de chá de shoyu para cada porção – e verifiquei o sal.

É para comer os dentes de alho, sim. O alho vai ter um gosto meio forte, afinal, é alho. Alguns gostam, outros não. No entanto, cozido, é bem mais suave que o alho cru.

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Revista Menu

Na revista Menu de outubro, mais uma reportagem sobre o alho negro. Além de receitas elaboradas pelo chef Carlos Bertolazzi, palavras mais que gentis dos chefs Laurent Hervé (Eau French Grill) e José Barattino (Emiliano).

Também tem uma reportagem sobre os piqueniques da Neide Rigo (do Come-se). Eu acho a iniciativa maravilhosa. Conheço pouco São Paulo mas sei que tem grandes espaços públicos que poderiam ser mais aproveitados. Eu levaria uns onigiris…

Para quem for procurar nas bancas, a capa é esta aí. Aliás, eu e dona M ficamos com uma vontade de comer esse bolinho de tapioca da capa…

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Fermento Natural de Passas – Parte 2

Comecei a falar sobre o fermento natural de passas aqui:

http://marisaono.com/delicia/?p=2766

Agora vamos à segunda parte do processo, que é fazer a massa-mãe.

Para cada 100 ml de caldo fermentado de passas, misturei 100 gramas de farinha de trigo. Misturei e deixei descansando por cerca de 8 horas. Em dias mais quentes pode demorar menos, é preciso ficar de olho.

Depois desse tempo, a massa estará cheia de bolhas.

Adicionei mais 100 ml de água e outras 100 gramas de farinha e misturei. Novamente deixei descansando, coberto, por 8 horas.

Depois desse tempo – que vai variar conforme a temperatura embiente – a massa-mãe vai apresentar bolhas visíveis.

Agora, mão na massa, literalmente. Misturei à massa-mãe mais 200 gramas de farinha de trigo, 200 gramas de farinha de centeio, 6 gramas de sal e água suficiente para formar uma massa macia (cerca de 250 ml). Sovei por 10 minutos. Cobri e deixei descansar por 8 horas. Dividi ao meio, modelei e tornei a deixar crescer.

Eu preferi deixar que crescesse sobre uma folha de papel impermeável. Dobrei as laterais do papel para formar uma parede lateral e evitar que o pão se esparramasse muito. Depois de crescido, fiz cortes, pulverizei água e levei para assar em forno bem quente. Depois de 10 minutos abaixei a temperatura, até corar.

O pão ficou com bolhas pequenas e irregulares. A textura, macia, porém firme. O pão ficou úmido e com sabor adocicado.

Quanto ao restante do starter, acrescentei 100 ml de água e 30 gramas de açúcar, mexi e tampei. Continua vivendo lá na geladeira. Todos os dias abro um pouco a tampa para deixar escapar o gás que se forma.

Também poderia ter separado parte da massa-mãe que fiz para esse pão, alimenta-la com mais farinha e água e deixar na geladeira como amostra, até o próximo pão ser feito. Mas isso fica para outra vez.

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Cogumelos Rosados

Essas belezinhas apareceram de repente no tronco de um coqueiro caído, depois desses dias de chuva.

A cor, rosa-salmão, é linda.

Olhando de perto, ela apresenta uns veios mais claros

Parece ser o Pleurotus salmoneo-stramineus, que é comestível. Mas como ter certeza? Provei um pedaço mínimo, achei ligeiramente salgado. Não fiquei doidona e, passadas 8 horas, ainda não morri. O cheiro é bom. Enfim, eu gostaria de saber, eu gostaria de cozinhar…

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Bottarga de Pobre

Quem me acompanha por aqui sabe que eu amo ovos. Ovos frescos são uma coisa deliciosa. Infelizmente não temos a felicidade de contar com ovos do dia, a não ser que se crie uma galinha no quintal ou tenha um produtor por perto. Não sei se repararam, mas nas caixas, só consta a data da embalagem e nenhuma informação sobre a data da postura.

E não pude deixar de ler o que a Mari Hirata escreveu sobre os ovos em “Segredos do Tamago”:

http://prazeresdamesa.uol.com.br/exibirMateria/176/segredos-do-tamago

A receita que ela dá, chamada de “Bottarga de Pobre”, chamou minha atenção. Fiz com gemas de ovos de pata, maiores, mais gordurosos. Ficaram gelatinosos, untuosos, um delírio. Na hora pensei: quero arroz! Combinaria bem e serviria para um assagoham (café da manhã japonês) rápido e gostoso.

Cortando, ele é translúcido, brilhante, vibrante. Marinado na pasta de soja, a gema perde água, fica durinha e com uma consistência de meio cozida. Se conseguir pôr a mão em ovos realmente frescos, vale a pena experimentar.

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Fermento Natural de Passas – Parte 1

Há algum tempo cansei dos pães com fermento natural. A obrigatoriedade de alimentar, mimar para que se mantivessem vivos cansou-me.  E também constatei que essas amostras podem ser contaminadas e, depois de algum tempo, desenvolver um cheiro meio estranho, um sabor muito ácido. Enfim, desisti.

Só que a gente muda de idéia. No meu caso, mudei de idéia para mudar a idéia inicial. Em vez de ter uma massa-mãe que precisaria ser alimentada com frequência, será que não poderia ficar só no starter? Por starter, chamo a mistura – que pode ser de maçã, batata, farinha, etc, água, açúcar, etc, que inicia a fermentação. Aquela água turva cheia de bolhas, que depois misturo com farinha, deixo fermentar e que vira a massa-mãe.

Pesquisando aqui e ali topei com uma receita de starter nesta página (em inglês):

http://www.thecookinginn.com/yeast.html

Ótimo, pensei.

Para cada 100 ml de água (não use água de torneira, o cloro pode atrapalhar a fermentação; use água mineral), usei 50 gramas de passas, 25 gramas de açúcar e 5 gramas de extrato de malte (na falta de xarope de malte). Misturei, coloquei em um pote com tampa e deixei na pia. Misturava 2 vezes por dia, sem amassar. Depois de uns 4 ou 5 dias (não me lembro bem), começou a borbulhar, como dá para ver na foto acima. Muitas bolhas!

As passas ficam inchadas, gordas. O aroma é alcóolico, mas a mistura continua docinha. Ela pode ir morar na geladeira, desse ponto em diante. Preferi usar um pote plástico com tampa e todo dia abro para deixar escapar o gás que se forma. Em um vidro, poderia estourar, se fosse bem tampado.

Fiz um pão com esse fermento, ficou gostoso e sem cheiro de azedo. Mas como não tomei medidas, fica para outra vez. Daqui uns dias escrevo mais, explicando como isso vira pão.

PS: Outra receita de fermento natural que talvez interesse é o de água e farinha, que publiquei aqui: http://marisaono.com/delicia/?p=5713

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Duas Saladas

Aproveitando ingredientes da estação.

As batatas continuam boas e baratas. Resolvi fazer essa salada quente de batatas fritas, que é muito simples, fácil e que gosto muito – embora não coma com frequência. Afinal, é batata frita.

Use batatas com ou sem casca. Fica a seu critério. Assim como pode cortar em rodelas, em gomos, cubos. Coloque-as em uma tigela e lave-as com água fria.

Para essas batatas, prefiro usar uma panela grande e bastante óleo. Coloco as batatas em óleo frio. Isso mesmo, óleo frio. Como corto grosso, as batatas vão cozinhar e corar. Não mexa muito, até que comecem a pegar um pouco de cor. Escorra e coloque sobre papel absorvente para retirar o excesso de óleo.

Frito vários dentes de alho bem picado em um pouco de azeite, até dourar. Tiro do fogo, junto sal, vinagre e salsa picada e despejo sobre as batatas, misturando bem. Confira o sal e o vinagre. Sirva imediatamente.

A outra salada é com aspargos. Começaram a despontar aqui na horta, creio que não vai demorar a aparecerem nas feiras também. Eu gosto muito da combinação de aspargos com ovos, seja em uma quiche, omelete ou nesta salada.

Limpe os aspargos. Eu passo um descascador de legumes nos talos, para retirar a pele mais fibrosa. Corte em pedaços regulares e despeje sobre água fervente. Não cozinhe demais. Escorra e mergulhe-os em água gelada. Deixe que esfriem e escorra bem.

Para o molho, cozinhei 2 ovos. Depois de descascados, amassei-os com um garfo. Despejei sobre os aspargos, reguei com azeite, temperei com sal. E só. Irritantemente simples. Gosto dessa salada em temperatura ambiente, mesmo.

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Revista Gula

Na revista Gula que está nas bancas, matéria sobre o alho negro, onde eu e o chef Carlos Bertolazzi fomos entrevistados no Zena Caffè.

Fotos lindas do Studio Oz, que conseguiram a proeza de me deixar apresentável.

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Cuca de Amora com Farofa de Castanha e Chocolate

Resolvi fazer uma cuca com a compota de amoras do outro dia. Por cima, uma farofa de castanha de caju, pouco açúcar e chocolate em pó. A massa feita com fermento de pão ficou macia, rendeu bem – 4 cucas em formas de papel descartável. Poderia ter assado em uma assadeira única, mas resolvi dividir para dividir. E lá se foi uma cuca aqui, outra ali.

Desta vez não usei balança, fiz a receita de lembrança, com xícaras e colheres

Massa

4 xícaras de farinha de trigo

1/2 xícara de açúcar

2 ovos

1 pitada de sal

1 xícara de leite

1 colher de sopa de fermento biológico instantâneo seco

100 gramas (meio tablete) de manteiga amolecida

Cobertura

200 gramas de castanha de caju triturada

4 colheres de sopa de chocolate em pó

Açúcar à gosto

2 colheres de manteiga

Para a massa, misturei a farinha, o açúcar, sal e fermento. Quebrei os ovos, bati e misturei no leite. Despejei sobre a farinha e bati na batedeira, com o gancho para massas pesadas. Depois que ficou uniforme, juntei a manteiga e bati mais um pouco. A massa fica macia, quase pegajosa. Deixe crescer.

Depois de fermentada, despeje em uma assadeira e espalhe com as mãos. Deixe crescer novamente.

Por cima, coloquei um bocado de compota de amoras (poderia ser geléia de outra fruta).

Para a farofa, bati tudo no multiprocessador. Despejei colheradas dela sobre a compota e levei ao forno até assar.

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Gourmet Life

Pr

Não conhecia essa revista. Por acaso vi na banca que fica na esquina da Peixoto Gomide com a Barão de Capanema. Tive um estalo, lembrei que quando estive no Kinoshita, estavam fotografando alguns pratos lá.

Além da foto linda do sashimi de wagyu com alho negro, o comentário:

“A família Ono, de Cotia, produz essa iguaria e outras especialidades japonesas”

Bem, na verdade, estou em Ibiuna, mas isso é um pequeno detalhe, diante de uma foto tão linda e da gentileza do mestre Murakami.

Procurem nas bancas. Ainda não consegui ler tudo, mas tem a história interessante do chef e várias outras matérias e fotos maravilhosas.

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