Moromi e Champonzu

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Creio que todo mundo conhece o shoyu mas ele só é a parte líquida de uma mistura de soja, trigo, água e sal. A parte sólida que sobra depois da filtragem é o moromi que, creiam, é saboroso.

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É salgado, claro, mas o sabor é mais intenso e rico em “umami”. Uma pontinha dele em um pepino ou mesmo sobre o arroz branco deixa tudo mais gostoso. Não sei se as importadoras irão trazer, eu ganhei esse potinho.

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Este também é outro produto que não sei se irão importar. Trata-se de um molho à base de shoyu com yuzu, sudachi e outros cítricos. É perfumado, refrescante e levemente ácido. Gostei com carne grelhada. Quem disse que um molho precisa de óleo ou azeite para ficar gostoso?

 

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Panquecas de Brócoli

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Outro dia publiquei uma receita de panquecas bem fofas com queijo. Gostei tanto que experimentei com brócoli cozido e picado. O resultado foi muito bom como acompanhamento.

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Só dispensei o cream cheese, aumentei o creme de ricota para 100 gramas e adicionei 1 xícara de brócoli cozido e bem picado.

Experimentei fritar. Renderam bolinhos bem fofos mas um pouco engordurados demais para o meu gosto.

 

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Agenda: Miso e Yokan

Dia 12/03, às 19 horas,  falo sobre o miso e levo alguns para provarem, além de apresentar o poder transformador dessa pasta de soja em duas receitas bem fáceis.

No dia 19, às 19 horas, conto um pouco da história de um doce muito tradicional japonês: o yokan. Faço uma receita e todo mundo prova.

Mais informações pelo e-mail marisaono@gmail.com

 

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Steam Cheese Cake + Pancake= Cheese Pancake

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Gosto do Steam Cheese Cake e gosto das panquecas fofas japonesas. Resolvi a questão criando um híbrido (aliás, doces híbridos estão na moda no Japão: criaram um tai-yaki com massa de croissant, um donuts envolto em massa folhada e outras coisas engraçadas).

O fato é que as panquecas ficaram muito, muito fofas mas com uma textura mais úmida, lembrando o steam cheese cake, com um sabor bem leve de queijo e elas ficam boas até o dia seguinte, podendo ser feitas com antecedência e reaquecidas na hora de comer. Comi com goiabada derretida mas ficaria boa também com compota de abacaxi, mel ou alguma calda de frutas.

3 gemas

110 ml de leite

90 gramas de creme de ricota (usei a light)

90 gramas de cream cheese

130 gramas de farinha de trigo peneirada

2 colheres (chá) bem rasas de fermento em pó

3 claras

2 colheres de sopa (rasas) de açúcar

Um pouco de manteiga, para untar a frigideira

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Misture as gemas com o leite. Amassa o creme de ricota com o cream cheese e misture ao leite com gemas. Não se importe que fique granuloso, não é preciso bater para ficar liso.

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Junte a farinha com o fermento e misture bem devagar. Não bata, não tenha pressa e não misture demais. É para ficar um pouco carocento e com pontos de farinha nã0-misturada.

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Bata as claras em neve bem firme. Junte o açúcar e bata mais até formar um merengue brilhante e com picos bem firmes. Adicione 1/3 desse merengue à massa e misture com movimentos de baixo para cima. Assim que tudo estiver bem misturado e a massa mais leve, adicione as claras restantes. Misture com muito cuidado, para não amassar demais as claras. Procure manter a leveza. Não se importe se ficarem alguns pontos com as claras aparentes.

Nesse ponto, pode ser guardada na geladeira por 1 hora. Recomendo deixar descansar por pelo menos 15 minutos na geladeira. Enquanto isso, prepare a calda, arrume os pratos, etc.

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Unte ligeiramente uma frigideira com manteiga. Leve ao fogo e aqueça. Usando uma daquelas colheres para sorvete (ou uma concha), despeje uma porção sobre a frigideira aquecida. Não alise, não achate. Deixe que ela naturalmente se espalhe um pouco. Cozinhe em fogo baixo até dourar de um lado e vire. Para testar se estão cozidas, apalpe o centro com o dedo: deve de estar tão firme quanto as laterais.

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Sirva com calda, geléia, mel, frutas. Rende 10 panquecas fofas e macias. As minhas ficaram bem amarelas por conta dos ovos caipiras que uso.

 

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Salada de Sashimi e Pasta de Pimenta Coreana

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Comi uma salada com peixe cru no Seok Joung que gostei. Era fresca, levemente picante, aromatizada com gergelim. Resolvi fazer algo parecido em casa, mais ao meu jeito. Ficou bom e, na verdade, serve como uma refeição. A porção serve 2 pessoas.

1 pedaço de peixe preparado para sashimi (usei atum)

Shoyu

1 porção de harusame (compro um pacote que vem com umas cinco porções amarradas por um barbante; um pacotinho basta)

Folhas verdes (usei acelga em tiras, alface em tiras); poderia ter acrescentado pepinos em tiras finas, se tivesse, assim como tomates e outros vegetais.

1 colher de sopa de pasta de gergelim

1 a 2 colheres sopa de vinagre – depende do seu gosto

1 a 2 colheres de chá de pasta de pimenta coreana (Gochujang) – depende do gosto

1 colher de sopa de shoyu

Sal à gosto

Gergelim tostado

Regue o pedaço de peixe com shoyu e deixe marinando por uma hora. De vez em quando vire, para que marine por igual. Mantenha na geladeira até a hora de usar.

Enquanto isso, deixe o macarrão harusame de molho em água fria por uns 15 minutos. Feito isso, cozinhe em água fervente até ficar transparente. Escorra e lave sob água corrente, até esfriar. Escorra.

Para o molho, misture a pasta de gergelim com a pasta de pimenta e vá adicionando vinagre e shoyu aos poucos, misturando sempre. A quantidade poderá variar, conforme seu gosto, tanto de um com de outro. O molho será cremoso, denso e não muito picante.

Coloque as folhas e vegetais em uma tigela ou prato, faça um monte com o harusame no centro.

Enxugue bem o pedaço de peixe marinado e, com uma faca afiada, corte em fatias. Quanto mais macio o peixe, mais grossas precisarão ser as fatias, senão irão rasgar. Então, a espessura dependerá do peixe utilizado.

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Arrume as fatias sobre a salada. Despeje o molho. Para comer, misture tudo e sirva-se.

 

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Defumados

Algumas pessoas perguntaram – desculpem-me, não me lembro de todos e não sou tão organizada assim – sobre como fazer defumados. Estou pensando reservar o dia 8 de março para isso, grupo de 5 a 6 pessoas, apenas. Quem vier, irá acompanhar todo o processo de preparo do bacon e de um pernil defumados (salga, cura e defumação) e, em seguida, almoçar: pão, defumados, uma salada ou talvez alguma verdura da horta, sobremesa, chá e água.

Começaria às 10 da manhã e terminaria aproximadamente às 14 horas.

Mais informações pelo e-mail marisaono@gmail.com

 

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O Koji de Ontem

Eu sempre fico um tanto quanto tensa quando falo para um público. Principalmente depois que parei de beber.

Mas ontem foi uma noite agradável. Estourei completamente o tempo combinado, perguntas surgiram sobre questões que não pensei (e foi ótimo, aliás, isso me obriga a estudar ainda mais) e sugestões vieram.

A internet permite uma troca rápida de informações mas o contato face-a-face ainda é importante. A conversa pode tomar um rumo diferente mas que, não raramente, nos abre os olhos para outros ângulos do cenário.

Obrigados a todos que compareceram, obrigado Lucio pela oportunidade e já estou pensando nos próximos encontros.

 

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Milk Pan

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No post de ontem apresentei a receita de um pão de forma de leite à japonesa. Mas quando recebi o e-mail e li o artigo sobre ele, senti que havia alguma coisa errada. Depois, conferindo em uns livros que tenho por aqui, entendi o que era. É que o pão de leite japonês que eu conheço é um pão moldado, bem dourado, que recebe um pouco de manteiga em toda superfície assim que sai do forno, para que a casca seja brilhante e macia. O pão tem uma textura bem diferente do pão de leite daqui. É macio, mas firme e úmido. Bom para o café da manhã (aguenta uns 2 dias, pode ser congelado) com manteiga ou até mesmo para acompanhar uma refeição, apesar de ser adocicado. O leite em pó confere um aroma de leite e ajuda a manter a massa macia por mais tempo.

400 gramas de farinha de trigo

40 gramas de açúcar

40 gramas de leite em pó

50 gramas de creme de leite

6 gramas de sal

6 gramas de fermento biológico instantâneo seco

Leite o quanto baste

30 gramas de manteiga e mais manteiga para pincelar a superfície

1 gema, para pincelar

Misture a farinha, o açúcar, o leite em pó, o sal e o fermento. Acrescente o creme de leite e leite, misturando até formar uma massa macia. Unte a tábua com manteiga e sove por uns 10 minutos. A massa é um pouco pegajosa e bem elástica.

Forme uma bola, coloque em uma tigela, cubra com filme plástico e deixe crescer até dobrar de volume.

Depois desse tempo, abra a massa com um rolo e dobre em 3. Repita a operação algumas vezes, para retirar as bolhas de ar maiores.

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Dê o formato cilíndrico e deixe crescer até dobrar de volume.

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Pincele com gema e faça 5 cortes profundos ao longo do pão.  Leve ao forno quente pré-aquecido por 10 minutos. Abaixe um pouco a temperatura e asse até dourar. Assim que retirar do forno, pincele com manteiga toda a superfície. Deixe esfriar antes de servir.

 

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Milk Shoku Pan

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Um amigo passou um link de um artigo estrangeiro, falando do pão de forma com leite japonês. Parece que os pães japoneses estão agradando pessoas de outros países. No caso dos pães de forma, entendo completamente. São pães macios e úmidos, mas que não esfarelam, são ótimos para sanduíches ou para serem tostados ligeiramente e comidos no café da manhã com um pouco de manteiga.

Bem, a receita que testei não ficou tão boa e tentei fazer à meu modo. O resultado foi bom, apesar de ter sido sovada na batedeira. Certamente ficaria melhor numa máquina de pão. Funcionou com farinha comum, dessas que a gente encontra no supermercado, mesmo. É preciso ter uma forma para pão de forma, com tampa. O pão é macio, com aroma de leite e manteiga.

500 gramas de farinha de trigo

30 gramas de leite em pó

30 gramas de açúcar (se bem que eu achei que ficou um pouco doce, poderia tentar com apenas 20 gramas)

6 gramas de sal

8 gramas de fermento biológico seco instantâneo

Leite

60 gramas de manteiga, mais para untar a forma

Misture a farinha com o leite em pó, açúcar, fermento e sal. Vá adicionando leite até formar uma massa macia. Se for usar a batedeira com o gancho para as massas pesadas, trabalhe a massa por uns 10 minutos antes de adicionar a manteiga. A massa será um tanto pegajosa.

Se for sovar a massa à mão, misture todos os ingredientes menos a manteiga. Unte a tábua com manteiga e sove. A manteiga irá impedir que a massa grude na tábua. Sove a massa por uns 10 minutos.

Deixe crescer até dobrar de volume.

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Coloque a massa em uma tábua enfarinhada e abra com um rolo. Dobre em 3 e torne a abrir e dobrar por algumas vezes. É para tirar todas as bolhas grandes de dentro da massa. Enrole o pão e coloque em uma forma para pão de forma untada com manteiga. Deixe crescer até quase atingir a borda da forma. Coloque a tampa e leve ao forno pré-aquecido até dourar bem.

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Retire da forma e deixe esfriar antes de cortar. É que esse pão é muito macio e pode amassar se cortado ainda quente.

PS: Quando topei com o artigo sobre o Milk Shoku Pan alguma coisa me incomodou na hora. Depois lembrei o que era. Outro dia conto essa história.

 

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Para Não Dizer Que Não Falei De Sushi

Quando criei o blog, há muitos anos, decidi que não iria escrever sobre sushi. Voltando do Japão, depois de 16 anos, vi que as únicas coisas que o brasileiro conhecia da cozinha japonesa eram o sushi e o sashimi. Há um mundo de outras coisas boas além desses dois pratos, coisas que muitos jamais iriam ter a chance de provar, pois são pratos domésticos, que não costumam aparecer no cardápio dos restaurantes.

O outro motivo é que já havia gente demais escrevendo bobagens a respeito do sushi.

De vez em quando alguém me pergunta se já fui em um rodízio, que rodízio de sushis eu recomendo. Diante do meu olhar, houve quem dissesse: “Ah, você precisa deixar o preconceito de lado, é só um fast-food.”

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O sushi, mais ou menos como conhecemos agora, surgiu como fast-food. Eram bem maiores do que os nigiri de hoje mas era comida de rua. Como o mestre Masayoshi Kazato lembrou, “Era fast food muito antes de surgir o Mc Donald’s.” Sob esse aspecto, tenho experiência. Trabalhei 2 anos em uma indústria de alimentos e uma das minhas tarefas era o de produzir inarizushis (o tal sushi “de saquinho”) e makizushis (sushis enrolados). A quantidade era absurda. Em alguns dias chegava a produzir 3 mil inarizushis e 600 rolos de makizushis. De vez em quando tinha a companhia de uma outra pessoa mas às vezes eu trabalhava sozinha.

Como era possível? Automação. Uma outra unidade produzia todo o arroz cozido que usávamos, inclusive o arroz para sushi. Uma máquina estendia o arroz sobre um rolo contínuo de alga e os operadores tinham que observar se havia falhas na distribuição, acomodar o recheio, conferir o peso das amostras e contagem das porções. No caso do inarizushi, um operador colocava os pedaços de ague de um lado e outro retirava, conferindo o pêso e dando o formato final. Nessa máquina quase perdi meu dedo.

Esses sushis eram acomodados depois em bandejas e embalados. Eram comercializados em lojas de uma rede de fast-food. De certa forma se assemelham às bandejinhas que encontramos nas mercearias da Liberdade.

Alguém estará pensando: “Feito por máquina, deve ser horrível”. Não eram ruins, não. Melhores que os que já provei dessas bandejinhas, aqui no Brasil. Afinal, lá era feito com arroz Koshihikari, vinagre de arroz bom, alga nori de uma qualidade que não costumamos encontrar aqui. E lá o público é mais exigente, tem mais conhecimento e se for muito ruim, simplesmente não compra, porque existe muita oferta. Esses robôs já chegaram ao Brasil há muito, é provável que já tenha comido algo feito por um desses por aqui.

Por falar em oferta, esses tipos de sushis podem ser encontrados em supermercados, peixarias ou lojas de redes. São bem convenientes. O almoço leve e barato está sempre garantido. Ou o lanche para o piquenique. É algo que quase todo mundo come mas ninguém irá discutir apaixonadamente por isso. Eu gostava do que faziam em uma peixaria, pena que era um lugar meio fora de mão, do outro lado da cidade.

“Ah, mas obento não é a mesma coisa que comer num restaurante”.

Sim, existem restaurantes fast food que oferecem sushi no Japão. Podem ser lojas pequenas, atendendo o cliente no balcão, poucos funcionários. O cliente pede, recebe o par em um pratinho e no final, um funcionário contará a quantidade de pratinhos e, conforme a cor deles, fará o cálculo da conta. Também existe o sushi em pé (Tatizushi). Come-se em pé, nem cadeira tem. Em alguns casos, o cliente escolhe o que quer comer simplesmente escolhendo fichas e pagando antecipadamente. Depois é só encostar no balcão e ser servido. Aqui nesta página há um artigo (em japonês) e as fotos dão uma ideia do serviço:

http://trendy.nikkeibp.co.jp/article/pickup/20080512/1010870/

E, claro, os populares kaitenzushi, onde as opções percorrem uma esteira (se não quiser esperar, pode fazer o pedido em um painel digital). E não oferecem só sushis. Como o público-alvo é a família com filhos, costumam oferecer também massas, batata-frita, gratinados, doces. É que sushi não é bem um prato que agrade a criançada. Também costumam ser baratos, geralmente são unidades de rede ou seja, todos os itens utilizados saem de uma unidade central, padronizada. Muita gente frequenta, sai satisfeito, paga pouco (mesmo para os padrões daqui). Não vai ver ninguém enrolando um sushi na sua frente, nem vai ter um atendimento primoroso, mas isso mantém os custos baixos.

A esta altura deve ter gente se perguntando porquê algumas casas de sushi cobram tão caro, se existe tanto sushi barato. Tanta diferença de preço só por causa do ambiente e atendimento?

Não. Em uma casa especializada em sushis, dessas que os japoneses só vão poucas vezes na vida, espera-se algo mais. Espera-se um arroz cozido à perfeição, nem muito mole, nem muito duro e nem tão pegajoso, no ponto certo de cozimento e hidratação. O grão pode ser exclusivo da casa, produzido por um agricultor extremamente comprometido com a qualidade. Espera-se também que cada um seja modelado na pressão certa, de modo que os grãos se soltem na boca. Que nem o vinagre, nem o sal e nem o açúcar estejam em desarmonia. E os frutos do mar, claro, estejam bem tratados.

E não, nem todos os peixes de uma casa de sushis são frescos.

Isso mesmo, nem sempre o peixe do sushi é fresco. Não se espante, você não é o único a ignorar isso. Aliás, a maioria das pessoas não sabe (ou pelo menos, é o que me parece, a julgar pelos comentários sobre diversas casas paulistanas). Muitos peixes ficam melhor depois de maturados, em processo que se assemelha à maturação das carnes.

Claro que partem sempre de peixes frescos porque é possível melhorar as características de um produto já bom. No entanto, nem sempre é possível corrigir defeitos de uma peça ruim. Cada peixe passa por um processo. Primeiro é lavado, filetado, enxuto, num processo chamado “ti-nuki”, ou seja, extração de sangue, já que as vísceras e o sangue do peixe são as primeiras partes a entrar em decomposição e produzir um cheiro ruim. Uma peixaria ou uma casa de sushi no Japão sempre um consumo grande de água.

Em alguns casos, recebe uma certa quantidade de sal e é deixado descansar por um tempo. Em outros, é marinado em shoyu ou em vinagre. Existem diversas técnicas para diversos peixes, que são utilizadas conforme as características do peixe e que exigem experiência e observação. Não me arrisco a escrever sobre isso. É um conhecimento que não tenho, nem a prática. Só posso dizer que um atum, devidamente curado, torna-se macio, delicado, sem cheiro marinho, rico em “umami” e muito agradável. Muitos ficariam surpresos se soubessem que é um peixe de vários dias.

Uma pausa porque me lembrei de um lugar onde exibia no balcão uma posta grande de atum cinzento, uma aparência muito triste. Não, um atum devidamente curado tem cor bonita e viva, aquilo era outra coisa.

Obviamente alguns itens são melhores quando bem frescos, como camarões e ouriços, por exemplo.

Bem, então, e o rodízio?

O rodízio é algo bem brasileiro. Eu classificaria como um fast-food. Mas não de comida japonesa. O que chamam de restaurante “japa” não é japonês, está mais para nipo-americano. Muita coisa veio da América do Norte. Não que no Japão não existam umas coisas estranhas, como sushi com hamburguer. A diferença é que lá continua sendo mais uma esquisitice que talvez não pegue. Aqui já virou padrão, como o sushi com queijo cremoso, que consegue destruir a textura de qualquer arroz, transformando-o em uma massa grudenta e engordurada.

Abro um parênteses para esclarecer que muitos japoneses e descendentes não gostam de ser chamados de “japa”. A expressão remonta a Segunda Guerra Mundial e era uma expressão pejorativa. E descendentes de japoneses (nisseis, sanseis e yonseis) são brasileiros, não são japoneses.

Bem, conheci um rodízio sim. O lugar era bonito. Ofereceram-me pastel, casquinha de siri lotada de azeite de dendê. Nada bom. Coisa para oferecer para quem não gosta de sushi e que foi lá só para acompanhar os amigos. Provei a anchova grelhada, prato que não exige muita técnica. Errei. Exige alguma, sim. Estava sem sal e sem gosto. Com um pouco de cuidado seria algo bom. Não tinha sashimi, só “carpaccio”, com muito limão e azeite. Então vamos ao sushi, certo? Já que todo o resto não era japonês…

Provei um nigiri. O arroz estava pegajoso, o gosto era desagradável. Provei um makizushi. Idem. Parecia que o arroz havia sido sovado, parecia coisa velha e em dois minutos já não queria comer mais nada, tamanha a má-impressão que tive.

A coisa já estava ruim no geral. Mas faltava a cereja do bolo. Um dos sócios veio falar comigo e contou a piada infame no “issei, nissei, sansei e não sei”. Sempre que ouço essa piada tenho vontade de dizer: Eu sou nissei, sei as minhas origens e quem é o meu pai, ao contrário do senhor.

Um restaurante é só um negócio, certo? Não se exige respeito pela cultura alheia para abrir e tocar um.

Agora volte ao segundo parágrafo deste post. Sim, tem muita gente falando besteira. Tanto que o lugar é bem recomendado.

Alguém poderá até dizer: mas tem muito descendente que frequenta rodízio. Claro. Assim como tem muito descendente de japonês que come pizza, feijoada, buchada. Gosto é gosto. E muitos não tiveram contato com a cultura japonesa. Eu mesma, só fui aprender japonês quando fui ao Japão. Cresci distante tanto do idioma quanto da cultura em geral, tirando algumas festas populares. Filmes, programas de tv e até mesmo música japonesa eram coisas difíceis de ter acesso na década de 70, 80. Não é à toa que muita gente achando que é aquilo mesmo. E se convence mais ainda quando lê alguém dizendo que “aquilo” é maravilhoso.

Provavelmente jamais voltarei a tocar nesse assunto. Não pretendo posar de defensora nem ter uma atitude terrorista. Muito pelo contrário, defendo que todos comam o quê e como quiserem. Só não concordo que as pessoas consumam uma coisa pela outra, acreditando que está comendo “num japonês de verdade” e se fiando no fato do “sushiman” (no Japão a expressão é itamae) ter dez anos de experiência. Experiência em rodízio? Pode significar zero experiência em cozinha japonesa.

E para terminar, sim, eu faço sushi em casa. Mas nunca fiz nigirizushi. É algo que demanda muita experiência e prática, não vou me impingir o sofrimento de comer um sushi ruim. Existe um universo de sushis que costumam aparecer na mesa doméstica. Provavelmente o mais popular é o tirashizushi, um sushi espalhado em um prato. Eu gosto muito e permite uma infinidade de combinações. Também costumo fazer makizushis ou seja, os enrolados em nori, que também não são tão difíceis de fazer e fazem parte de muitas confraternizações familiares. Alguns eu gostaria de fazer, como o Sasazushi (embrulhado em folhas de Sasa, uma planta parecida com o Caeté), assim como outros sushis embrulhados em folhas (como folhas de caqui, por exemplo),  sushis prensados, pouco comuns por aqui, o temari, que é uma bolinha, popular em obentôs (marmitas) e que acho que ficam ótimos também em coquetéis.

 

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