Kudzu?

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Estive na Liberdade. Na mercearia Meishin achei uma raiz estranha. Perguntei para a mocinha do caixa. A resposta foi: “Batata Chinesa. Sopa. Bom pla saúde.” Perguntei o nome em chinês mesmo. Não soube me dizer. Trouxe mesmo assim.

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Eu trouxe porque achei que era kudzu. Mas não posso dizer com toda certeza, já que não vi a folha, não sei o nome. O fato é que se parece com ele em tudo.

Aliás, já me perguntaram se tenho kudzu (kuzu) plantado em casa. Não, nunca vi uma muda e não pretendo plantar, já que é uma planta que se alastra muito e não tenho tanto espaço assim.

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Experimentei tirar o amido. Aliás, extrair amido é uma coisa bem simples. Basta triturar a raiz ou tubérculo com água, coar e esperar o amido se acumular no fundo. Eu preferi passar na peneira, lavar novamente o bagaço para extrair o máximo de amido e depois coar em um pano.

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O caldo que se formou era branco, denso, como leite.

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Depois de horas, o amido acumulou-se todo no fundo da tigela. Depois disso, foi só escorrer a água e deixar secar. Estava pronto o amido de “batata chinesa boa pla saúde”.

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Resolvi testar, para saber se a textura era boa. Fiz um pudim de baunilha cozido. A textura ficou bem cremosa, muito mais delicada do que um pudim feito com amido de milho ou fécula de batata. Aliás, nem parecia um pudim cozido na panela, parecia algo feito no banho-maria.

40 gramas de amido de (talvez) kudzu

500 ml de leite

3 gemas

Açúcar à gosto

Baunilha à gosto

Misture o amido ao leite, até dissolver. Leve ao fogo e cozinhe em fogo brando, mexendo sempre, por 10 minutos.

Bata as gemas com o açúcar. Pegue algumas colheradas de mingau e adicione à mistura de ovos. Mexa bem. Retire o mingau do fogo, adicione as gemas e misture. Volte ao fogo por uns instantes, apenas para cozinhar as gemas. Aromatize com baunilha.

Divida em 4 potinhos e leve para a geladeira.

Sirva com calda de caramelo ou outro que gostar.

Por fim, o amido de kudzu (kuzu) japonês tem uma textura um pouco diferente. Mas pelo que sei, as raízes são primeiro secas ao sol e depois trituradas. Dizem que assim o amido fica de melhor qualidade. Por outro lado, não fiz isso porque como essa raiz é muito fibrosa, não teria como triturar no liquidificador.

 

 

 

 

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Nakata Café

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Estive até agora há pouco na inauguração do Nakata Net Cafe, que vai estar aberto no Octavio Café (Avenida Brigadeiro Faria Lima, 2.996 ) por duas semanas. 

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O ex-jogador de futebol  Hidetoshi Nakata veio para a inauguração. A intenção é apresentar um pouco da cultura e hospitalidade japonesas durante a Copa, como já foi feito em Londres, durante as Olimpíadas. 

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Trouxeram 14 rótulos de sakes e sochus. Segundo me disseram, nem todos entrarão no mercado brasileiro. Portanto, é uma oportunidade única para prova-los.

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Um dos sakes que provei foi este, de menor teor alcóolico, sabor mais suave e aroma sutil de melão.

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O cardápio foi criado por Makoto Okamoto do La Bombace (uma estrela Michelin). As cerâmicas são Mino Yaki de Toki (Gifu). Na foto ele finaliza um prato de porco cozido no vapor com molho picante, atum com matcha e alga nori (que me impressionou bastante, pela combinação de sabores0, berinjelas, shiitake, shimeji com molho de soja e gengibre.

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Os pratos serão executados pelo chef Shinya Koike (Sakagura A1, Aizomê). Na foto, frango frito com molho tártaro temperado com raiz-forte (delicioso), kimpira de bardana, cenoura e calamar seco e peixe grelhado com misso doce.

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Ou também pode optar por um sukiyaki-don, uma tigela de arroz coberta com sukiyaki.

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Ou o domburi de carne, vegetais e molho de gergelim.

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O chef Shinya Koike também será responsável pela execução dos sushis e sashimis.

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E também será possível provar os wagashi, doces japoneses tradicionais. Acima, nama-wagashis e mizu-yokan, um doce à base de feijão azuki e gelatina de alga de textura muito branda, quase um flan. Os doces são de Makoto Okamoto, do Suetomi, casa de doces fundada em 1893 em Kyoto.

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E os doces “secos”: cristais de açúcar, biscoito e rakugan (doce à base de arroz triturado e prensado). Na foto, Akemi Matsuda, embaixadora Kawai.

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Foi um evento que atraiu a imprensa japonesa, vi muitos jornalistas japoneses. Curiosamente, quase não encontrei jornalistas brasileiros, o que faz de mim a única blogueira a cobrir o evento.  E, claro, haviam fãs do jogador aguardando lá fora a oportunidade de tirar uma foto com o ídolo.

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Cerâmica, bebida e parte dos ingredientes vieram do Japão.

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Os produtores de sakes vieram apresentar suas bebidas.

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Ikebana por Tamako Yoshimoto

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O cliente poderá escolher entre 2 bebidas e um prato (que podem ser porções de petiscos ou domburis ou sushi e sashimi), por R$90,00.

Abre às 11 e fecha às 23:00.

 

 

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Warabi Mochi

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Já publiquei uma receita de warabi mochi, um pouco diferente. É gostosa mas um pouco mais trabalhosa. A textura da outra é mais firme, mais “jujubenta” e eu gosto. Desta é mais branda. Minha mãe gostou mais desta. De qualquer forma, warabi mochi é um docinho leve, que é para ser comido frio, feito com amido de batata-doce. Encontrei na Liberdade. Creio que algumas mercearias orientais terão a fécula para warabi mochi, não tenho certeza. Se não encontrar, pode fazer a sua própria fécula: triture batata-doce com água, coe em um pano, recolha o líquido e deixe o amido assentar no fundo. Isso pode levar algumas horas. Depois seque, seja no sol, seja na geladeira.

200 gramas de fécula de batata-doce

50 gramas de açúcar

1 litro de água

Kinako (farinha de soja torrada, tem pronto em lojas orientais ou produtos naturais; tem um sabor que lembra um pouco amendoim torrado)

Açúcar a gosto

Misture tudo e leve ao fogo, mexendo sempre. Vai formar uma “cola”, uma massa espessa e pesada. Continue mexendo e cozinhando em fogo baixo por mais 5 a 10 minutos.

Despeje em uma assadeira molhada, alise com as mãos molhadas e espere esfriar antes de cortar em cubinhos e passar em uma mistura de kinako e açúcar. Ou só kinako mas aí é bom regar com um fio de melado.

PS: infelizmente esse doce precisa ser comido em menos de 24 horas. Dizem que a textura se perde com o tempo, nunca deixei para ver como fica. Se preferir mais firme, diminua um pouco a água. E não é comido como sobremesa, não, é servido no lanche.

 

 

 

 

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Tarde de Autógrafos do Livro O Chá

Já falei sobre o livro O Chá, de Cristina Ruiz aqui:

http://marisaono.com/delicia/?p=5896

Leiam. Primeiro porque é um livro cheio de informação e fotos fabulosas. Segundo porque é o primeiro original, no Brasil, sobre o assunto. E porque acabou de receber o título de 3° melhor livro sobre o assunto no mundo.

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Ela também lançou há pouco tempo o livro O Café. Por isso, a tarde de autógrafos contou com ambas as bebidas, no Teakettle (rua Alexandre Dumas 1049. Chácara Santo Antonio).

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Tive uma aula sobre cafés com o Léo do Café Mantissa. Nem desconfiava dos elementos que saem do café (ácidos e minerais primeiro, cafeína no final). Também soube da tecnologia envolvida na produção de um café gourmet, assim como o método empregado na seleção. O café Mantissa é um café de altitude, produzido próximo a Poços de Caldas. Devido a características da própria fazenda, foi possível desenvolverem microlotes também.

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Também pude ver uma Hario em ação e saber o que tem de tão diferente nesse método de extração. Enfim, aprendi, provei, cheirei muito.

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Um chá de cerejas e canela preparado pela dona Sílvia acompanhou o biscoito de matcha e chocolate feito pelo Toshi Akuta. O sabor do matcha estava bem presente e fiquei um pouco surpresa pela cor ter se mantido. É que eu já andei brincando um pouco com matcha e já aconteceu do verde tornar-se meio amarelado com o calor. E, bem, matcha combina demais com chocolate.

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Também provei um chá de erva-mate, sem tostar. É herbal, aromático mas não se parece com o chá mate tostado que costumamos tomar, uma surpresa para mim.

E, por fim, uma curiosidade: conheço a Cristina Ruiz há mais de uma década, sem nunca tê-la visto pessoalmente. Essa foi a primeira vez que nos vimos, depois de alguns desencontros.

O livro O Chá é da Biluma Cultural:

http://www.bilumacultural.com.br/publicacoes.html

 

 

 

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AK Vila

Um dia desses precisei ir até à Vila Madalena. Descendo a rua, procurando um lugar para estacionar, notei que o AK Vila ficava próximo do lugar onde eu precisava ir. Pensei que seria uma boa oportunidade para comer na barraquinha em frente do restaurante, coisa que há muito eu ensaiava fazer.

O lugar que eu ia era, na verdade, do lado do AK. Ora, vejam só, que coincidência. Mais coincidência foi ter encontrado a Andrea Kaufmann no vizinho. Não a via desde o Mesa Tendências. Almocei no AK.

Não tirei foto.

Serviram-me felicidade no prato. Não conheço a cozinha judaica, que influencia o restaurante. Comi um bolinho de pato com um molho picante e doce. Pastrami de língua tenro, suculento e saboroso. Coalhada. Ovo Feitiço da Lua. Botarga feita na casa. Varenikes de batata-doce com haddock. Tudo tão bom e, para mim, tudo novo.

E aproveitem que tem cardápio especial no jantar dos dias 11, 12 e 13.

Rua Fradique Coutinho 1240, Vila Madalena, (11)3231-4496

http://www.akvila.com.br

 

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Nikujaga Express

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Estou explorando opções para cozinhar comida gostosa e mais rápido. Um dos utensílios que ando testando e usando mais é a panela de pressão. Ela deixou de cozinhar apenas feijão e galinha velha. Passei a olha-la com olhos de cientista e joguei fora um bocado de crenças fora. A panela de pressão cozinha a uma temperatura mais alta e ponto. Por isso a comida fica pronta em menos tempo. Só que essa temperatura alta pode queimar alguns aromas e arranca o colágeno da carne (por isso carne de panela na pressão fica fibrosa e não suculenta). A questão é saber usar.

E já aviso que se alguém colocar algum comentário do tipo: “cozinheiro que se preza não usa panela de pressão” será imediatamente classificado com spammer e nunca mais irei ler algo dele. Não é porque eu estou usando panela de pressão, microondas, multiprocessador e outros equipamentos. É porque cozinheiro que se preza cozinha e serve. Se eu tiver que cozinhar em um fogão de duas bocas, ótimo. Se eu tiver que cozinhar em um fogão de indução também. Se só me restar um bico de Bunsen, pode não sair grande coisa mas vai sair. Sou uma cozinheira e não uma pop star para exigir fogões à lenha como quem exige 50 toalhas no camarim.

Bem, voltemos ao nikujaga. Já publiquei uma receita bem tradicional e boa (sim, é bem simples mas é gostosa) há muito tempo aqui:

http://marisaono.com/delicia/?p=151

Então que tal uma receita que fica pronta em bem menos tempo?

É só seguir a receita, reduzindo o dashi para 2 xícaras. Depois de ferver e retirar a espuma, tampe a panela. Deixe pegar pressão e abaixe o fogo. Conte 3 a 4 minutos (depende um pouco da panela; algumas atingem 117°C, outras 120°C). Tire do fogo, coloque a panela sobre a água da torneira (mas não jogue água na válvula, vá jogando água em volta) até esfriar e perder a pressão. Abra. Confira o ponto de cozimento. Se as batatas ainda estiverem um pouco duras, cozinhe mais um pouco, sem a pressão. Adicione ervilhas (ou, no caso, usei edamame), desligue, tampe e deixe descansar por 10 minutos para absorver um pouco o caldo.

Classifico como “Cozinha do Desespero” porque fica pronto em pouco tempo, leva poucos ingredientes e para completar uma refeição basta arroz, misoshiru (hoje em dia tem uns instantâneos muito bons, feitos com misso liofilizado) e talvez uma conserva ou algo que tenha na geladeira.

 

 

 

 

 

 

 

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Agenda: Dia dos Namorados, Macarrão, Café e Chá

É, o dia dos namorados vai coincidir com o dia da abertura da Copa. Por isso restaurantes estão oferecendo opções na semana. Sem desculpas para não sair com o namorado ou namorada e jantar. No Aizomê (Alameda Fernão Cardim, 39, (11) 3251 5157), o cardápio especial para os namorados estará à disposição do dia 9 ao dia 14, a R$350 o casal.

EntradasSalmão selvagem do Alaska marinado, com folhas, brotos e chips de raiz de lótus ou Sugaki (ostras frescas com caviar ao molho ponzu)

Sushi e sashimi

Tempurá de lulas ao aïoli de sua tinta

steak de wagyu com cogumelos do Aizome

Prato Principal: Robalo com creme de siri ao molho de lichia, algas e siri mole ou Steak de wagyu com cogumelos e legumes (na foto acima, de Henrique Peron).

Sobremesa a escolher da carta. E duas taças de espumante. É melhor telefonar e fazer a reserva.

Já para o dia 12, o Tian (Rua Jerônimo da Veiga, 36, (11) 2389-9399) vai oferecer dois cardápios, sendo um vegetariano.

A R$190 o casal:

Ma Haw (Tradicional canapé tailandês) Abacaxi ,porco e camarão moído, Açúcar de palma, molho de peixe, coentro.

magret de pato tian

Magret de Pato marinado marinado em cardamomo e anis estrelado com salada mangetout (na foto acima, do Victor Moriyama).

Curry Verde de frango

Salada de camarões e manga

Pad Tai – Macarrão de arroz com frango, camarão, broto de feijão e amendoim

Ou, por R$165 o casal:

Poke Vegetariano: Arroz de Sushi Crocante,Salsa de Tomate,Creme de Avocado, Nori e Chipotle

Gnocchi Tian, feito com nabo, servido com ovos, broto de feijão e molho doce-picante

Curry verde de vegetais

Thai Tofu Salad, com alface, mizuna, bifum, pepino, tomate e vinagrete de capim limão

Pad Thai vegetariano com tofu

E ambos encerram com Chili Lava Cake, um petit gateau de chocolate com pimenta e sorvete de coco e coco queimado

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Segunda-feira Sauro Scarabotta do Friccò adminstrará uma aula gratuita na FNAC da AV. Paulista 901 as 19:00hs com o tema macarrão: A Viagem Do Macarrão Da Itália Para O Brasil

Inscreva-se através do e-mail: fricco@fricco.com.br

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cultura e sabor

No sábado Cristina Ruiz autografa os livros O Chá (que ganhou o título de terceiro melhor livro sobre o chá do mundo este ano) e o Café (o próximo concorrente) na Teakettle (Alexandre Dumas 1049, Chácara Santo Antonio) a partir das 15 horas. Ambos os livros são da Biluma Cultural.

 

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Ovo Cozido Salgado

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Indústria de ovo cozido? A conversa surgiu outro dia, expliquei que no Japão existem empresas que fazem… ovo cozido. E vendem em lojas de conveniência. E quem compraria ovo cozido? Bem, muita gente. Porque lá muita gente gosta de ovos cozidos, seja como lanche, seja no café da manhã (eles comem arroz de manhã), seja na marmitinha diária, enfim. Mas tem uma outra coisa. O ovo cozido das lojas de conveniência já vem salgado.

E não, não é descascado, é com casca, inteirinho. Como é que colocam o sal lá dentro? Bem, tem um pouco de Ciência nisso, mas não é necessário um reator nuclear.

Primeiro ponto é que ovos frescos não descascam bem. Tem a ver com a acidez da clara, presença de gases, uma série de coisas. Essas indústrias usam ovos de 21 dias, conservados em temperatura controlada. Pois é, não consomem ovos frescos.

O segundo ponto é aumentar a porosidade da casca. Manter os ovos crus em uma tigela com água e vinagre (meio-a-meio) por 10 a 20 minutos ou até a película externa do ovo se soltar dele. Como podem ver na foto acima, o ovo está manchado em alguns pontos, por conta disso.

Depois é só cozinhar no ponto desejado (fique misturando e rolando os ovos com delicadeza, para que a gema fique no centro), retirar da panela e mergulhar numa solução de água com sal (tão salgado quanto o mar ou mais) e deixar por uma noite ou mais. Eu deixei por cerca de 8 horas, achei que ficou no ponto, mas há quem prefira mais salgado.

E então é só descascar e comer.

 

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Shoyu Branco

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A experiência surgiu por conta do Ivan Ralston Bielawski, do ainda não inaugurado Tuju. Ele me perguntou se eu não havia tentando fazer shoyu branco, que ele conheceu no Japão. Pois bem, pus a mão na massa e fiz.

Afinal, o que é shoyu branco? Nos supermercados e mercearias vemos shoyus escuros, nenhum é de cor clara, amarelada. A diferença está na proporção de trigo e soja. O shoyu comum é feito com uma proporção grande de soja cozida e um pouco de trigo torrado. Ambos são contaminados por um fungo, que cresce sobre essa mistura em temperatura controlada e depois recebem uma salmoura. Depois disso, a mistura fermenta e envelhece. Um shoyu artesanal demora até 4 anos para ficar pronto.

Já o shoyu branco leva uma quantidade de trigo cozido e um pouco de soja torrada. Da mesma forma que o shoyu, recebe esporos de um fungo, que se desenvolve sobre a mistura, para depois receber salmoura e envelhecer. Só que fica pronto em menos tempo, de 4 a 6 meses. A etapa seguinte é coar, decantar, pasteurizar. O resultado é um molho mais suave, menos ácido, com aroma mais alcóolico. Tem a vantagem de conferir sabor sem tingir de escuro. E mesmo no Japão não é tão comum; nos supermercados predominam o shoyu escuro, que pode conter mais sódio, menos sódio, ser koikuchi ou usukuchi .

E, falando nisso, vocês sabem a diferença entre shoyu, tamari e molho de soja?

No Japão, shoyu é um molho que leva soja, trigo, sal e água. A indústria controla a temperatura para que fique pronto em 9 meses, mais ou menos. Um shoyu artesanal pode levar muito mais tempo, por conta da flutuação da temperatura ambiente. No entanto, essa flutuação proporciona outros sabores e aromas, já que diversas enzimas presentes trabalham em temperaturas diferentes.

Já o tamari é feito com soja, arroz, água e sal. É resultado do envelhecimento do misso, pasta fermentada de soja. Leva também muito tempo para ficar pronto e costuma ser caríssimo. Nos Estados Unidos chamam de tamari o shoyu que é feito com fermentação natural, uma confusão.

Por fim, o molho de soja que não é bem shoyu. Antigamente, no Japão, chamavam de “amino-san shoyu”. É um produto barato, que fica pronto em poucos dias. Soja e arroz são misturados a ácido clorídrico e, depois de horas, é filtrado, neutralizado e ganha corante caramelo, sal, açúcar, glutamato monossódico. A invenção não é nova, pelo que li, já existia na década de 20. O resultado é um molho escuro, opaco e com sabor e aromas bem diferentes.

Também existem outros molhos de soja que não são shoyu. São outras técnicas de fermentação, outros ingredientes. Contaram-me que, durante muito tempo, os descendentes utilizaram um molho feito com misso (pasta de soja fermentada), água e escurecido com caramelo. Tenho registrado aqui um molho que nem soja leva: água, sal, caramelo, glutamato. Coisas de um tempo em que não existia shoyu no Brasil e, como muita gente nem sabia como era feito, foram inventando.

Por fim, não sei como é a legislação brasileira. Pelo que parece, permite chamar molho de soja de shoyu, mesmo que não seja feito com soja, trigo, sal e água, mesmo que seja resultado de uma reação com um ácido, mesmo que receba corantes e aditivos.

PS: não, não vou publicar receita de shoyu, ele depende de esporos de um fungo que não é comercializado no Brasil, tentar contaminação espontânea é um risco (conhecido japonês tentou e se deu mal), são várias etapas, é longo, demorado e chato.

 

 

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Resumo da Semana: Aulas, Encontro de Blogueiros e Dor nas Costas

Pois é, não escrevi a semana toda. Sofri um pequeno acidente, nada grave, mas acabei machucando as costas e reavivou uma lesão antiga. Muita dor em determinadas posições, estômago um pouco irritado por conta do analgésico. Uma semana depois, estou um pouco melhor.

Ainda não posso dizer onde nem quando, mas está quase tudo acertado para umas aulas – diferente das conversas que andei promovendo – em um ambiente bem equipado, com estrutura para inclusive “pôr a mão na massa”. Por enquanto estou separando os tópicos e escrevendo a respeito de cogumelos e algas na cozinha japonesa. Aguardem.

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Na segunda-feira fui até a avenida Jaguaré, na Editora Globo, para o encontro de blogueiros promovido pela revista Casa e Comida. Para quem ainda não conhece, a revista tem uma linha editorial diferente das revistas sobre gastronomia. O foco é receber em casa, seja organizando uma festa de casamento, seja um almoço de domingo.  Aliás, eles estão com um espaço para o leitor publicar fotos de pratos e arranjos do leitor. É o movimento #amocaseirices. Confiram aqui:

http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/noticia/2014/03/amocaseirices.html

Foi bom. Fomos recebidos com um bom café, gostosuras, ficamos sabendo de umas novidades da revista e pude encontrar com algumas pessoas conhecidas e conhecer pessoalmente outras, que só havia tido contato virtual.

Para quem quiser ver quem foi e como foi o encontro, acesse aqui:

http://revistacasaejardim.globo.com/Casa-e-Comida/Galeria-de-fotos/fotos/2014/05/1-encontro-de-blogueiros.html#F20

Quase não tirei fotos, havia quem fizesse isso melhor que eu e havia muito o que conversar.

 

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