Nishime

Em casa, nishime era um cozido que quase só aparecia em dia de festa. Como na década de 70 e 80 vários produtos orientais eram raros e caros, a versão mais rica, com rolinhos de alga kombu (kombu-maki), pasta de peixe (chikuwa), cogumelos shiitake, etc, era feita somente no Ano-Novo. Uma versão mais simples aparecia com um pouco mais de frequência.

Andei pesquisando o que seria exatamente o nishime e não cheguei a um consenso. Trata-se de um nimono (cozido), mas os ingredientes podem variar e variam muito! O que  eu concluo é que cada família usa sua receita, com seus ingredientes e as regras são poucas. Diferente do oden, os ingredientes não são pré-cozidos. Vão entrando na panela conforme a ordem de cozimento – primeiro, ingredientes mais duros e de cozimento demorado.

O que vou passar não é exatamente uma receita, apenas uma orientação.

Usei carne de porco, mas poderia ser carne de frango ou até mesmo boi. No caso do porco ou frango, costumo escaldar. Coloco os pedaços de carne em água fervente, espero que mudem ligeiramente de cor, escorro e lavo. O cheiro é amenizado.

No caso do konnyaku (uma massa gelatinosa feita de uma batata especial), eu prefiro cortar, levar em uma panela com água e sal e deixar ferver por alguns minutos. Desligo o fogo, deixo descansando enquanto preparo outros ingredientes e depois escorro e lavo bem, para eliminar o cheiro de soda cáustica.

O ague (tofu frito) recebe um banho de água quente, para que perca o excesso de gordura.

Na panela, para cada litro de dashi (ou água com hondashi, kombudashi, caldo industrializado), usei 1/2 xícara de sake e 1/4 de xícara de mirim. Coloquei a carne escaldada, o ague, o konnyaku. Também juntei pedaços de nabo descascados, bardana raspada e cortada em toletes, rodelas de broto de bambu e cenouras. Cozinhei em fogo brando, coberto com um otoshi-buta. Na falta, use uma tampa menor que a panela ou uma folha de papel alumínio. Cozinhei assim até o nabo ficar ligeiramente translúcido. Adicionei shoyu (molho de soja) do tipo mais claro (usukuchi), porque queria que os vegetais ficassem com uma cor mais clara. Mas isso é uma questão de gosto. Se preferir, use o shoyu comum.

Acrescentei então o inhame. Este foi o meu erro, porque usei o inhame roxo (taro) e ele esfarela. Deveria ter usado o inhame comum ou batatas. Esperei que cozinhassem e conferi o sal e  o açúcar.

Poderia ter acrescentado outros ingredientes, como vagens, cogumelo shiitake, rolinhos de alga kombu, chikuwa… Mas somos só duas aqui em casa e iria acabar sobrando comida. Um nishime mais rico, só quando tiver companhia para dividir.

Em casa, vai tudo para uma tigela e cada um se serve. Claro que ficaria muito mais bonito se disposto em porções individuais, com um pouco de caldo no fundo.

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Torresmo “O Fino do Porco”

Ganhei da Bia, há algum tempo,  um balde cheio de pele de porco desidratada, cortada em tirinhas e mergulhada na banha. Comentei neste post:

http://marisaono.com/delicia/?p=2500

O modo de preparo é simples. Basta despejar parte da banha que está no balde, esquentar bem e fritar as tiras. Poucas de cada vez. Eu despejei um punhado e quase tive um  transbordamento de pururuca no fogão! Crescem feito mandiopã.

Depois é só escorrer, salgar e comer. Perfeitos! Dava para ouvir o barulho do torresmo crocante de dentro da boca de dona M. Todas as tirinhas estufaram perfeitamente e não espirrou óleo. Rendeu muito, ainda tem torresmo para meia dúzia de vezes. Para os ‘”porcólatras”, é um prato, digo, balde cheio.

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Kidoairaku

Eu não sou a primeira a publicar a foto da parede com nome de pratos (que, aliás, só são servidos no jantar), lá do Kidoairaku. A minha preocupação era almoçar em um lugar que agradasse a mim, à dona M, Neide Rigo e Ananda. Principalmente dona M, que volta e meia sofre com as minhas escolhas exóticas. Chegamos perto das 12 horas. Ainda havia uma mesa livre e o balcão. O cardápio do almoço consta de vários teishokus e pratos de massa (udon, soba, somen, yakisoba), omuraisu (arroz refogado envolto por uma omelete) e tcharam (arroz frito, yakimeshi).

Fomos informadas de que a sugestão do dia era Ebi Fry (camarão empanado na farinha panko e frita). Como o teishoku era farto, acabamos escolhendo 3 (ebi fry, yakiniku e tonkatsu) para nós 4.

O yakiniku teishoku veio com várias fatias de carne macia, tostada e acompanhada com um molho saboroso.

O tonkatsu era uma fatia de copa empanada e frita. Veio suculenta, macia, acompanhada de uma pitada de mostarda forte.

Todos os pratos vieram acompanhados de uma porção do que eu acho que era um tamagodofu, um flan de ovos e caldo dashi.

Também veio um sunomono com harusame, pepino, cenoura e kombu em tirinhas.

E também veio uma porção de nimono (cozido) com batata, cogumelo shiitake, vagem, cenoura, konnyaku, em um caldo leve e não muito escuro. Ah, e a sopa de pasta de soja, com vôngoles.

E ainda veio uma porção de arroz, para repetir! Nem preciso dizer que a mesa ficou lotada…

E, para terminar, uma gelatina de café com leite condensado. A gelatina era amarguinha, feita com kanten, que dona M disse “que eu poderia fazer em casa”, sinalizando que gostou.

Resumindo, eu gostei. É muito raro eu almoçar com tanta variedade. Alías, não é raro eu almoçar um prato único. Tudo estava bem-feito. Dona M disse que voltaria e ela costuma ser bem conservadora (para não dizer chata, mesmo). No restaurante, clientela japonesa falando japonês. E a conta ficou em R$105,00, com 6 bebidas não-alcóolicas. Só lamento não poder ir lá jantar. Gostaria de provar a língua com molho ponzu e o buta kakuni…

PS: A Neide perguntou sobre minha versão da salada de harusame e pepino; a receita eu publiquei aqui:

http://marisaono.com/delicia/?p=2240

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Karinto de Arroz

Já falei sobre o karinto (ou karintou) aqui.  Dessa vez, fiz uma receita com farinha de arroz. Porquê? Bem, já faz algum tempo que tenho visto e lido sobre o uso da farinha de arroz em diversas receitas, lá no Japão. Embora não seja novidade, muitos doces tradicionais usam essa farinha, os japoneses estão usando também em receitas ocidentais: bolos, pães, biscoitos. Alguns consomem farinha de arroz por motivo de saúde; celíacos não podem ingerir glúten. Mas, ao que parece, é por questão de gosto, mesmo. Os japoneses amam o arroz. Então resolvi tentar algo com a farinha de arroz e ver no que dava.

Outro motivo foi por conta da minha mãe. Ela é uma senhora de certa idade e percebi que preciso adaptar algumas coisas para a condição dela. Embora ela goste de coisas crocantes (e quem não gosta?), ela tem tido dificuldade em mastigar alguns alimentos. Esse biscoito, por não conter farinha, tem uma textura mais macia, sem ficar borrachento. Usei açúcar mascavo e gengibre, uma combinação que sempre me faz pensar na região sul do Japão.

Massa

300 gramas de farinha de arroz

60 gramas de açúcar

3 gramas de fermento em pó

1 ovo pequeno

1 pitada de sal

Leite

Caramelo:

150 gramas de açúcar mascavo

50 ml de água

1 colher de sopa de gengibre ralado

Para a massa:

Misture a farinha de arroz, o açúcar, sal e fermento em pó. Bata o ovo com um pouco de leite (apenas algumas colheres) e acrescente à mistura de farinha. Vá misturando e adicionando leite o suficiente para formar uma massa maleável.

Forme rolinhos e corte em toletes com cerca de 5cm de comprimento. Como a massa é um pouco chata de se trabalhar, untei levemente a tábua e as minhas mãos, para que ela não grudasse.

Frite em óleo quente, fogo moderado para baixo, até ficarem bem dourados. Escorra sobre papel toalha .

Para o caramelo:

Misture o açúcar, a água e o gengibre. Leve ao fogo em uma frigideira larga, misturando de vez em quando, até a calda ficar bem espessa, formando uma “trilha” quando a colher de pau (ou espátula) passa pelo meio dela.

Acrescente os biscoitos já fritos. Misture com cuidado, para que os biscoitos não se quebrem. Continue misturando até que os karintos fiquem cobertos com a calda e a calda fique bem grossa, pegajosa. Despeje em uma assadeira forrada com papel impermeável ou untada. Espalhe-os enquanto estão quentes. Depois de frio, a calda irá açucarar.

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Choux-prise

Chouxprise

Eu gostou de bombas (choux). Também gosto de mil-folhas. E, pelo visto, não sou a única. Vi em um dos meus livros uma receita alemã que usava placas de choux intercaladas com creme. Troquei o creme amanteigado por creme de baunilha e o damasco por morangos, porque eles estão bons e acessíveis. Ri comigo mesma chamando esse doce de “bomba de preguiçosa”. É diferente e bom para matar aquela gula de doce não muito doce.

Massa:

100 ml de água

45 gramas de manteiga

60 gramas de farinha de trigo

Sal

2 ovos grandes

Recheio:

500 ml de leite

4 gemas

150 gramas de açúcar

25 gramas de farinha de trigo

25 gramas de amido de milho

Baunilha à gosto

Para a massa, leve a água, a manteiga e o sal ao fogo até ferver. Adicione a farinha de uma vez e misture. Abaixe o fogo e continue mexendo até formar uma fina crosta no fundo da panela.

Transfira para uma tigela. Bata com um batedor. Adicione os ovos batidos aos poucos, batendo sempre. A massa deverá enrolar nas pás. Se parecer muito dura, adicione uma colher de sopa de cada vez.

Espalhe sobre uma assadeira, formando um retângulo. Como vai ser cortada em 4 porções, depois de assada, calcule mais ou menos o comprimento. Tente espalhar de maneira fina e uniforme, com cerca de 1 cm de espessura ou menos.

Leve para assar em forno bem quente, até crescer. Quando começar a dourar, abaixe a temperatura e deixe secar.

Depois de fria, corte com uma faca afiada em 4 partes. Não se preocupe se trincarem. Tente ter ao menor uma folha inteira.

Para o creme, bata as gemas com o açúcar até formar um creme claro e espesso. Adicione a farinha e o amido e bata mais um pouco.

Leve o leite ao fogo até ferver. Adicione ao creme de gemas, batendo para misturar bem. Leve ao fogo brando, mexendo sempre, até engrossar. Cozinhe por 1 ou 2 minutos. Retire do fogo e aromatize com baunilha. Deixe esfriar.

Monte camadas de massa assada, creme e fatias de morango. No começo, vai parecer que não vai assentar, as placas são rígidas. Termine com uma placa de massa. Cubra com um filme plástico e leve para gelar. Depois de algumas horas, a massa absorve a umidade e amolece um pouco.

Polvilhe com açúcar de confeiteiro e sirva em fatias.

Eu fiz uma receita dupla, que renderam muitas porções. O creme está com essa cor linda porque usei gemas de ovos caipiras.

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2° Premio Blog Books

Confesso que não sei aonde isso vai me levar. Inscrevi por impulso e já bateu um certo arrependimento.

Confiram no endereço abaixo os participantes:

http://blogbooks.com.br/categorias/participantes

E se acharem que algum blog merece virar um livro, votem.

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Pastel de Forno de Espinafre

pastel de espinafre

Ter uma horta é ter comida ao alcance da mão. Bem, mais ou menos. A farinha e os ovos dessa receita, eu precisei comprar. Mas o requeijão, manteiga e os tais espinafres, foram feitos aqui em casa mesmo

Normalmente faço espinafres (depois de lavados e rapidamente aferventados e escorridos) com shoyu e ovos. É um prato da minha infância e parece que da família toda, só eu acho graça nele. Mas desta vez havia muito espinafre e eu queria algo diferente. Lembrei de um pastel recheado com espinafre de origem russa, mais – ai – a massa é folhada, feita com banha, coisa que eleva as calorias de qualquer prato à terceira potência. Resolvi improvisar uma massa mais leve. Renderam 40 pastéis. Não comi todos, congelei uma parte para comer outro dia.

Massa

500 gramas de farinha

200 gramas de manteiga gelada

1 colher de chá de fermento em pó

Sal

1 ovo

1 colher de sopa de vinagre

Água o quanto baste

Recheio

Espinafre (bastante, algo como 3 maços limpos ou mais)

Requeijão – eu usei um caseiro, mais firme, parecido com o catupiry

Misture a farinha com o fermento, sal e manteiga cortada em cubinhos. Com duas facas ou com mas mãos, vá misturando a farinha com a manteiga, formando uma farofa grosseira. Não trabalhe demais, devem ficar pedacinhos visíveis de manteiga.

Abra uma cova, bata o ovo, junte um pouco de água e o vinagre. Despeje no centro e vá misturando a farinha. Acrescente água conforme o necessário, até conseguir fazer uma bola com a massa. Ela não deverá ser muito dura, é mais para macia.

Sove um pouco. Divida em 40 porções e abra cada uma com um rolo, formando discos de massa fina, com cerca de 12-15 cm de diâmetro.

Para o recheio, só misturei o espinafre, depois de lavado, escaldado, escorrido e picado, com o requeijão. Conferi o sal e pronto.

Coloquei uma colherada bem grande de recheio no centro, dobrei ao meio, fiz as bordinhas e, antes de levar ao forno, fiz um furo no todo de cada um, para que escapasse o vapor.

Poderia ter pincelado com gema, ficaria mais bonito. Ao invés de requeijão, acho que poderia ter usado ricota e um pouco de ovo batido. E se não tivesse espinafre, acho que ficaria bom com uma misturinha de cenoura refogada, ervilhas, ovos cozidos – como no pastel de forno que eu comia em um restaurante ovo-lacto-vegetariano, na época que trabalhava no banco. Enfim, é só mais uma idéia.

No dia, a massa é crocante e durinha. No dia seguinte, por conta da umidade do recheio, fica mais macia, mas continuei achando gostosa.

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Só Umas Fotos

Ultimamente ando escrevendo menos. Mas fiquem calmos que eu pretendo atender às sugestões que recebi e ando com idéias novas. Por hoje, só umas fotos de vegetais que encontrei. Os daí de cima são os tomates holandeses, ainda novidade por aqui. Tão lindos que ainda não tive coragem de desmontar o cacho.

Este tipo de almeirão dá espontaneamente aqui em casa, assim como em parques, praças, jardins e calçadas. Mas estas são cultivadas.

E a serralha também é considerada por muitos como “erva daninha”. Mas, como diz a Neide Rigo, come-se. Ambas eu fotografei na banca do casal Ono (que não são parentes), na feira de domingo em Ibiuna.

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Papel Impermeável

Há um bom tempo comentei sobre um papel impermeável. Só que para minha infelicidade, não o encontrei mais para comprar. Esta semana fui ao Wallmart e encontrei esse aqui: Dover Assa + Leve. Segundo as instruções da embalagem, é para deixar a face mais brilhante em contato com o alimento.

Em tamanhos de 40 e 30 cm de largura, cada rolo contém 3 m de papel.

Testei e gostei.

Na embalagem, encontrei esses contatos:

www.dover-roll.com.br

E o telefone: (021)3295-2450

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Soup Kare

Sopa de Curry. Essa versão é típica de Hokkaido, mas é coisa recente. Um restaurante resolveu lançar um prato de sopa à base de curry, com pedaços grandes de vegetais e uma coxa de frango assada. O fato de ser rápido para ser servido, ser nutritivo e com não muito gordo, ganhou seguidores. Confesso que não me lembro do nome do restaurante, mas é curioso como um prato novo pode surgir e tornar-se muito popular em poucos anos.

Nem é receita. Passo a idéia para esquentar o corpo (principalmente o estômago) nesses dias frios.

Fiz um caldo de frango. Escaldei carcaças, lavei e coloquei de volta à panela com mais água limpa. Juntei alho e cebolas picados. Em um daqueles cestos para chá (dos grandes), coloquei uns cravos, umas sementes de cardamomo, fatias de gengibre e um anis estrelado. Queria minha sopa perfumada. Cozinhei lentamente na Shuttle Chef (que, de quebra, economiza gás) e quando as carcaças estavam quase desmanchando, separei as carnes desfiadinhas e coei o caldo.

Cozinhei nesse caldo pedaços de batata, cenoura e couve-flor. Quando estava tudo cozido, temperei com curry em pó.

Refoguei beringelas e cebolas – era o que tinha na horta, mas poderia ter colocado brócolis, cogumelos, ervilhas tortas, etc, acho que vocês já entenderam, é uma questão de gosto de disponibilidade – e deixei de lado. Também cozinhei ovos.

Na hora de montar o prato, era uma colher cheia de arroz cozido, o caldo com pedaços de frango e vegetais e um punhado de beringelas e cebolas refogadas.

Os ovos foram picados grosseiramente. Poderia ter deixado em metades.

Em um prato só tinha arroz, caldo, cozido, refogado e tudo muito cheiroso. Em si, uma refeição completa.

PS: Os vegetais ficam mais bonitos se fritos. Brócolis, pimentões ficam com cores brilhantes. Mas aí são outras tantas calorias.

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