Mesa Tendências 2012

Mais do que ouvir a opinião dos palestrantes, ver o preparo de algumas receitas, ter contato com ingredientes novos, para mim foi uma oportunidade de conversar. Sim, acabei passando mais tempo fora do auditório, ouvindo. Ouvindo sobre a dificuldade em se comprar peixe direto do pescador ou até mesmo encontrar peixe fresco. Da dificuldade em equilibrar os custos do restaurante de um hotel. Da dificuldade em se comercializar um produto artesanal. Não sei, talvez nunca saiba, de todos os problemas que um produtor passa para vender seu produto. Mas é algo que estou tentando entender.

Foram 3 dias em que encontrei muita gente interessante. E melhor: pessoas de diferentes partes do Brasil. Também foi uma oportunidade para matar saudades de amigos que, por conta disso e daquilo, só tenho mantido contato via e-mail, Twitter ou Facebook.  Virtualidades…

Fiquei feliz em constatar que, pelo menos por enquanto, ainda há gente interessada em fazer miso, shoyu, defumados, alimentos curados e outras tantas coisas que estão se tornando quase exclusividade da indústria. Pode ser romantismo meu, mas temo uma homogeneização do paladar. A indústria é eficiente em manter um padrão, distribuir e reduzir custos, mas espero que sempre exista quem queira fazer e comer um pouco diferente desse padrão.

Alimentos orgânicos, gado confinado otimizando o uso do solo, consumir localmente, tudo muito interessante, mas que acabou gerando mais perguntas que respostas, pelo menos para mim. Não posso evitar, é minha natureza. Sim, é possível plantar dentro do perímetro urbano. Vi isso no Japão, onde as cidades cresceram de tal forma que fica impossível dizer onde é área urbana e onde é área rural. Mas aqui é Brasil e as coisas são diferentes. Plantar é possível mas vender é impossível, por conta da legislação. Até onde sei, a agricultura urbana e periurbana só é regulamentada no Estado de Minas Gerais. O agricultor urbano não existe.

E a constante  pergunta, de onde sairá alimento para 7 bilhões de pessoas? Gostaria de acreditar que na agricultura orgânica, mas será que nessa escala seria viável? Enquanto não me convenço que sim, fico com o uso consciente, na capacitação de agricultores, na orientação para os pequenos.

Eu não tenho as respostas. Mas acredito que um dia teremos.

 

 

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Semana Mesa SP – Terceiro Dia

No último dia do Mesa Tendências, assisti à palestra de Checho Gonzales,  Lourdes Hernandez e Dagoberto Torres (da esquerda para a direita) sobre comida de rua. Comida de rua tem sua estrutura própria. É comida portátil. Lourdes apresentou alguns utensílios da cozinha mexicana, como a prensa para modelar tacos. Checho lembrou que mais que algo rápido e barato para se comer, é trabalho, é sustento de famílias. Acredita que a melhor opção é registrar e capacitar os ambulantes.

No Japão existe comida de rua. Podia encontrar vans ou barraquinhas no estacionamento de supermercados, vendendo batata-doce assada, takoyaki, okonomiyaki, yakitori. Nada disso compete com a loja,  pelo contrário, atrai clientes e pode até aumentar as vendas. Em festivais – como queima de fogos de artifícios no verão – ruas são fechadas e dezenas de barraquinhas vendem um pouco de tudo. No Brasil, um país de imigrantes, as opções poderiam ir muito além do pastel com caldo de cana. No entanto, isso é uma questão que envolve alteração de leis e muito mais do que cabe agora neste blog.

David Chang veio falar sobre o aspergillus oryzae, fungo responsável pelo aroma frutado de muitos sakes e que é usado na produção de miso, shoyu e mirim. No caso dele, o interesse se voltava para o “umami”. Aliás, defendeu o ácido glutâmico, porque além da sensação de “gostosura” que sentimos, é algo que nosso cérebro precisa e afirmou que não existe alergia a ele, só sensibilidade. Passou pelo Garum e Liquamen, molho de peixe tão antigo quanto o império romano. Falou do bonito seco (katsuobushi), que passa por um longo processo (2 anos) de maturação para desenvolver mais umami e dos cogumelos e algas que são utilizados no preparo de caldos (dashi). Tudo umami.

No entanto, ele anda experimentando miso feito com outros grãos além da soja: pistache, grão-de-bico, amendoim. Segundo ele, cada um apresenta sabores distintos. Mas o grande tesouro do processo todo é o “tamari”. Tamari é o caldo, rico em aminoácidos, que se separa da massa do miso após um bom tempo de fermentação. É o precursor do shoyu.

Também falou do kimchee e do sauerkraut, similares em tantos aspectos e tão distintos. E, por fim, falou da fermentação da azeitona. Só que, no caso, o interessante não seria o azeite e sim o que é descartado: o caldo fermentado. Ou seja, umami, umami e umami. Não vou escrever sobre miso, kimchee, koji, etc. Já falei sobre isso, basta dar uma busca no blog.

Atala subiu ao palco ao lado do pecuarista Ricardo Sechis e do ambientalista Roberto Esmeraldi. Lembrou do desafio de alimentar 7 bilhões de pessoas e que é preciso encontrar um uso mais racional do solo. A pecuária tem sido criticada nos últimos anos, acusada de ser a causadora de desmatamento e por conta da extensa área que ela consome, por exemplo. Ricardo Sechis voltou-se para outro lado, para a criação de gado confinado. Mais que isso, adotou também um outro manejo do boi, que inclui água limpa e salário justo para quem trata dele. Para garantir a qualidade da carne, usa um recurso que os produtores de wagyu também recorrem: o utrassom para analisar as fibras musculares. Roberto Smeraldi lembrou que não basta um produtor desenvolver um gado premium, mas é preciso ter para quem comercializar e que pague pela excelência. Trata-se de uma cadeia.

Atala lembrou também que muita gente não consome as partes menos nobres do boi e que muita coisa é simplesmente descartada. Concordo. Compro rebarba, retalhos para fazer comida de cachorro, na base de um pacotão por R$5,00, separo tendões e encontro até a capa que cobre a costela (matambre?). Infelizmente  muita gente exige mignon, contrafilé, picanha, etc quando vai jantar fora, esquecendo que um corte de segunda pode ser muito saboroso e não é raro ter um preparo demorado. E ainda há a questão de aproveitar o máximo do alimento -seja ele animal ou vegetal.

Se por um lado é bom que alguém que atrai tantos ouvidos trazer duas pessoas para falar – de pontos de vistas bem distintos – sobre uma questão que envolve alimento e sustentabilidade, por exemplo, terminei com mais questionamentos que respostas. Afinal, de onde sairá a comida para os 7 bilhões de humanos? A resposta não é tão fácil. Ou melhor, respostas, porque pessoas e situações diferentes precisam de soluções diferentes. É algo que ficou para se pensar.

 

 

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Semana Mesa SP – Segundo Dia

No segundo dia assisti a palestra dos irmãos Guilherme (acima) e Alberto Landgraf. O primeiro, biólogo, falou do fato de que ainda não sabemos quantas espécies nativas são comestíveis. Pior que isso, é que provavelmente perdemos a oportunidade de aprender com quem sabia: silvícolas, mateiros, detentores desse conhecimento que não foi registrado. Enquanto há interesse em catalogar plantas que têm potencial medicinal, pouco se pesquisou sobre o que é ou não de comer. Acrescente a isso o encolhimento da Mata Atlântica nos Estados de São Paulo e Paraná, onde ele tem trabalhado.

Já Alberto, do Epice, contou sobre a experiência de acompanhar o irmão nas matas e do fato que muitas receitas, da mesma forma, estão se perdendo por falta de registro. Lembrou do doce de jaracatiá, que muita gente não tem a menor ideia do que seja. Na minha infância, era comum fazerem doce da polpa do tronco, que lembrava o coco. Não sabia eu que era um sub-produto do desmatamento. Creio ele se referia ao doce dos frutos.

Lamentei horrores não ter assistido à palestra dos irmãos Thiago e Felipe Castanho por conta do rodízio – cheguei tarde demais.

Durante a tarde haviam também as aulas do Mesa ao Vivo.  Acima, arte em açúcar, resultado da parceria do Senac com a escola Lenôtre.

Haviam também degustações de vinhos, café, geléias, queijos, etc. Mais tarde falarei sobre os expositores.

Também houve a degustação do Melhor da Cidade. Nesse dia, foram os melhores bares. Acima, o bolinho de feijoada do Aconchego Carioca. Confesso que eu estava com um pé atrás. Afinal, feijoada, para mim, é caldo. Quando topei com a couve verdinha, pedacinhos de linguiça, foi uma surpresa.

Outro petisco que provei foi o pastel de costela com borda de requeijão do Bar do Veríssimo.

Novamente peço que comprem a revista, não tenho foto e não provei todos os petiscos.

E peço desculpas pelo texto sem-graça. Tive uma crise de enxaqueca hoje e ainda não estou tão bem, mas não queria deixar o registro para amanhã.

 

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Outro Caracol Marinho – Zidona dufresneyi

Eu pretendia continua escrevendo sobre a Semana Mesa SP mas faço uma pausa para falar desses caramujos que comprei hoje. Creio que são os mesmos que o Alex Atala comentou na sua coluna na Prazeres da Mesa:

http://prazeresdamesa.uol.com.br/exibirMateria/4899/mar-do-brasil

Encontrei no varejão do Ceagesp a R$5,00 o quilo. Escolhi e trouxe o equivalente a R$6,50. Infelizmente não recebi muita informação de como cozinhar, exceto um “vá espetando com um garfo”. Deveria ter telefonado para o Edson Croce (do Shopping da Roça, que aliás, identificou para mim a espécie) ou lido o artigo, que recomendava purga-lo em água, sal e vinagre primeiro. Joguei em uma panela com água e sal, deixei por uns 3 minutos e tentei tira-los das conchas. Infelizmente não consegui tirar todos integralmente.

Outro pequeno inconveniente é que esse molusco solta uma “baba”.  Depois de retirado das conchas, voltei a cozinhar em água e sal e fui testando o ponto com um garfo. Não cozinhei por muito tempo, não, talvez uns 5 minutos.

Aproveitei apenas o “pé” do caramujo. Confesso que fiquei com receio e não experimentei as vísceras. Como ainda restava um pouco de “baba”, coloquei em uma mistura com água, sal e vinagre e deixei por algumas horas. Ocorreu algo um pouco curioso: o caramujo desbotou. Não que isso seja ruim, pelo contrário, acho até que ficou com uma aparência melhor.

Resolvi experimentar num su-miso: cortei em fatias finas, misturei vinagre de arroz e miso branco. Um pouco de cebolinha bem picada para dar cor e sabor extra. Não estou inventando nada, esse prato pode ser feito com sardinhas, polvo e até konnyaku. O caracol tem uma textura parecida com a do polvo e um sabor muito mais delicado. Por isso mesmo preferi usar o miso branco, que é mais jovem, tem um sabor mais suave e um pouco de doçura.

Aproveitando a textura e o sabor delicado, resolvi também fazer um baata-yaki: foi só saltear em manteiga e adicionar um pouco de shoyu. Cebolinha para enfeitar e o aspargo aí entrou de gaiato porque era o que tinha na horta. Comi com arroz. Poderia ter feito um ceviche. Poderia ter feito uma salada avinagrada, com pepino (um sunomono). Enfim, poderia ser aproveitado de várias maneiras. Se encontra-los novamente na feira, irei comprar para testar outras maneiras de prepara-lo.

Bem, quanto ao custo: de  1,3 kg, obtive quase 340 gramas de caramujo pronto para consumo. Ou seja, cada kg dele, limpo, ficaria em R$19,00, bem mais barato que um polvo, por exemplo.

Infelizmente, esses caramujos são pescados juntos com peixes ou camarões e não é raro serem descartados. Talvez alguma indústria use esse descarte para produzir adubo orgânico.

 

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Semana Mesa SP 2012 – Dia 06/11

Antes de tudo, vou explicar a foto acima, minha ao lado de Thomas Troisgros e Roberta Sudbrack. Minha mãe vive reclamando que eu tiro fotos, converso com chefs famosos, mas nunca tiro uma foto ao lado deles. Atendi ao pedido dela. Provavelmente não irei repetir isso com muita frequência, não sou tão bonita assim.

Em seguida, gostaria de agradecer ao convite da Prazeres da Mesa e a In Press pelo convite.

Na terça-feira começou o ciclo de palestras do Mesa Tendências, tendo como tema a América. Eu não assisti à todas palestras e sugiro que comprem a próxima edição da revista, que terá as receitas e a cobertura completa. Também não vou descrever item por item do que foi apresentado. Creio que posso fazer melhor discutir e apresentar a minha opinião sobre o que foi apresentado.

Andrea Kauffmann do AK Vila apresentou técnicas de cura. Hoje, mais que uma maneira de conservar carnes, é uma maneira de valoriza-las, melhorando seu sabor, mudando a forma de apresenta-la. Não comemos carnes curadas porque não temos carnes frescas e sim porque gostamos. De necessidade, passou ao hábito.

Ela apresentou a maneira dela de preparar o bacon. Mas não sem antes explicar a necessidade de utilizar o sal de cura (basicamente, nitrato e/ou nitrato de sódio ou potássio e sal). Muitos condenam o uso do salitre porque é considerado cancerígeno. Ela lembrou que o sal de cura é fundamental para impedir o desenvolvimento da bactéria causadora do botulismo, que é fatal. Por outro lado é preciso cuidado para não usar a quantidade que exceda as orientações da Anvisa. E eu acrescentaria o fato de que o “salitre”  não é exclusividade dos produtos cárneos. Vários vegetais folhosos, como o espinafre, tendem a acumular essa substância. Aliás, vegetarianos podem ingerir até 3 vezes mais salitre que os não-vegetarianos. Mais informações aqui:

http://www.dcs.ufla.br/hidroponia/acumulo%20de%20no3.PDF

Depois seguiu para o pastrami, prato com o qual ela tem um forte vínculo por conta de sua origem judaica. E, curiosamente, depois de pesquisar tanto, testar tanto, rendeu-se à uma receita familiar que obteve de um parente.  Não digo que todas as receitas familiares são as melhores. Mas acredito que esse conhecimento deve ser preservado. Depois eu retomo esse tema.

Ao contrário das carnes de porco ou boi, o peixe não necessita de sal de cura. Peixe e ovas são curadas no sal – sal puro, temperado ou em salmoura – em diferentes culturas, inclusive a japonesa. E, novamente, o que foi necessidade, hoje é hábito. Eu gosto muito de peixes salgados, que passam por um tipo de cura, modificando a textura e o sabor, sobretudo peixes menos valorizados, como a sardinha, a cavala e o chicharro.  Esses peixes podem ser defumados também, como no caso do salmão e da truta, no hemisfério norte.

Thomas Troisgros e Rafael Costa e Silva vieram para falar de um assunto preocupante: o desperdício no mar. Para quem sempre criticou o consumo de carne bovina por conta do desperdício de espaço e recursos, ficou o alerta: para retirar 1 kg de camarões grandes, até 50 kg de outros organismos são retirados do mar. Muitos deles não têm interesse comercial e são descartados no próprio mar. Não há fiscalização. Juntando a isso à má manipulação do que é pescado, inclusive falta de refrigeração, a pesca comercial acaba provocando impacto no nosso litoral que ainda não sabemos a extensão.

Abro um parênteses para comentar o que ouvi, conversando com outros participantes. Uma pessoa veio contar-me que no litoral catarinense o camarão desapareceu. Não sei se por conta do tipo de pesca praticado. O Edson Croce, do Shopping da Roça,  que já me acudiu sobre a identificação de um caracol marinho,  já havia comentado que caracois desapareceram de muitos pontos do litoral brasileiro, assim como a pescada bicuda e o peixe-espada. Novamente não posso ter certeza se isso é por conta do tipo de  pesca realizada na região ou da poluição ou de outro fator. O fato é que não sabemos o mal que estamos causando com a nossa maneira de explorar o mar.

Ambos levantaram a questão da re-educação do consumidor. O brasileiro, infelizmente, consome quase sempre os mesmos peixes: sardinha, pescada, robalo, badejo, salmão, um eventual linguado ou tainha ou anchova. Carapaus, peixe-galo, pescada bicuda e até mesmo o tamboril são rejeitados nas feiras. Digo isso porque vi.  O consumo deve mudar – não só no Brasil, infelizmente – e entender que não podemos tirar do mar apenas o que queremos. Temos que aceitar o que ele tem a oferecer ou iremos ter apenas ter peixes de cativeiro.

Também falaram da dificuldade – por questões legais – de comprar de pequenos pescadores. Eu gostaria de dizer que, além de incentivar a pescaria artesanal, feita à vara ou arpão, é preciso também dar outra opção para os que trabalham na pesca de arrastão. Não adianta condenar, repreender esse indivíduo. É preciso capacita-lo e abrir uma opção para que ele deixe esse tipo de atividade.

Roberta Sudbrack fez Eliane André (da Casa da Li) ler um trecho da carta de Pero Vaz de Caminha e creio que foi o momento mais emociante de todo o Mesa Tendências. Ela leu com a voz trêmula de emoção.

Roberta Sudbrack falou do ingrediente. Que nenhum cozinheiro deveria querer aparecer mais que o ingrediente. Disse ter receio do que chamou de “pasteurização”, ou seja, a comida padronizada, todo mundo fazendo a mesma coisa do mesmo jeito. Em uma cozinha autoral, tudo tem que ser pensado, analisado, avaliado. Isso em parte me remeteu à palestra do chef Toshio Tanahashi que disse que já que o homem é o único animal que precisa cozinhar seus alimentos, a culinária é uma atividade que exige intelecto humano. E em alguns casos, o melhor é não fazer nada ou manipular o ingrediente ao mínimo, como ela demonstrou, usando palmito cru e o miolo de tomate, também crus.

E, por fim, ela falou de uma experiência na Itália. E a questão era de que nem sempre é importante criar algo novo, mas fazer bem e cada dia melhor o velho.

 

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Curtas Desta Semana

Agora há outro quiosque da Bombay no Shopping Mueller. Agora os curitibanos podem comprar com facilidade o alho negro e uma centena de especiarias, mix, pimentas.

Esta semana acontece o Semana Mesa SP, desta vez contando com chefs e palestrantes das Américas. Provavelmente só comentarei no final de semana.  Não vou poder assistir a todas aulas e palestras, mas espero trazer informações interessantes.

 

 

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Shio Sake no Yakizuke (Salmão Salgado, Grelhado e Marinado)

Confesso que salmão não é meu peixe favorito. Pensando nisso e, graças ao fato de ter ganho meio salmão, resolvi encarar de outra maneira essa questão. Será que eu não gosto de salmão porque não sei trabalhar com ele?

Bem, também esse post é um pretexto para tocar em uma técnica de preparo de peixes gordos. Creio que vocês sempre ouviram falar que não podemos salgar peixes muito antes de assa-los, grelhar ou fritar. Bobagem. Isso depende muito do peixe. Em alguns casos uma salga leve pode melhorar a textura e o sabor dele. E aí esteja a maior dificuldade: domar o sal. Nessa técnica, a intenção não é apenas acrescentar sabor salgado ao prato. O sal desidrata, a textura do peixe fica mais firme. Com menos água, o cheiro do peixe também muda. Mas quanto sal? Vou decepciona-los. Não sei. A quantidade varia muito conforme o tipo e a espessura do filé. O máximo que posso dizer é que raramente uso mais que 1% de sal  por kg de carne nos meus preparados. Uso essa técnica em peixes como o salmão e a cavala.

Fatiei o salmão. Não cortei em postas, e sim diagonalmente. Salguei levemente de ambos os lados e deixei por 2 horas. Na verdade, poderia deixar mais tempo. Parte vou congelar amanhã.

Assei na frigideira, sobre uma folha de papel vegetal. O peixe frita em sua própria gordura, sem grudar. Sim, ele vai ficar bem dourado e muito bem cozido.  Enquanto isso, ferva 70 ml de sake por 1 minuto. Desligue o fogo e adicione 50 ml de shoyu e um 3 colheres (de chá) de extrato de kombu. Caso não tenha o extrato, adicione um pouco de dashi industrializado (kombu-dashi, katsuo-dashi ou hondashi). Coloque em uma travessa funda.

 

Assim que o salmão estiver pronto, coloque-o bem quente no molho. Deixe por 30 minutos antes de servir. É servido à temperatura ambiente.

Esse prato, apesar de ter os mesmo ingredientes, tem um resultado bem diferente de marinar o peixe cru em molho e depois grelha-lo. Costuma ser consumido como um petisco, algo para se comer enquanto se bebe uma cerveja ou sake, mas pode fazer par com uma tigela de arroz.

 

 

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Hom Sui Gok

Me falaram de um lugar que faz um “pastel de mochi”. Claro que fiquei curiosa. Mas ainda não fui conferir. Na verdade, nem tenho certeza de onde seja, tirando o fato que é no bairro da Liberdade. Há uns dias li um artigo sobre dim-sums, petiscos que acompanham chá e uma coisa foi levando à outra. Na verdade, não é um pastel de mochi e sim um bolinho feito com farinha de arroz para mochi.

Não fiquei totalmente satisfeita com essa receita e vi que existem muitas variações. É que eu gostaria que ficasse mais crocante por fora e tivesse uma cor mais uniforme. Isso vou ter que aprimorar. Enquanto bem quente tem uma casca durinha por fora e macia, pegajosa no interior, lembrando o mochi. O recheio é o mesmo que usei no post anterior. Mas se quiserem tentar, aqui vai a receita:

1 xícara de farinha de arroz para mochi (ou arroz glutinoso)

1/3 xícara de polvilho doce

Água fervente

2 colheres de sopa de açúcar

Sal à gosto

Misture a  farinha de arroz ,  polvilho., sal e açúcar Adicione água fervente e misture, adicionando água quente até obter uma massa macia. Vai mais que meia xícara e menos que uma, para ter uma idéia. Amasse um pouco para uniformizar e formar uma massa lisa.

Divida a massa em dez porções. Abra com a mão e recheie, dando o formato de um kibe ou uma bola de futebol americano. Não faça muitos de cada vez, vá fritando conforme modela 3 ou 4 unidades.

Frite em bastante óleo e em temperatura moderada. Cuidado, porque se a temperatura for alta demais ou fritar por tempo demais, os bolinhos podem rachar e explodir. Retire quando estiverem dourados. Escorra em papel toalha.

Depois de frios são comíveis, mas perdem a textura mais durinha da parte exterior.

 

 

 

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Shui Jiao Bao ou Pães no Vapor Feitos na Chapa

Pão frito é uma delícia. Veja o sonho. Se não for frito, sem aquela crosta dourada, não é muito mais que um pão de hamburguer. Agora pense na textura de um pão feito no vapor, macio, porém um pouco pegajoso. E um recheio adocicado, combinando carne de porco, vegetais e “five spices”. Isso é o Shui Jiao Bao.  Como não temos uma farinha ideal – por aqui não vejo farinha para bolo, com menos gluten – fiz uma adaptação para que a massa ficasse mais macia.

170 gramas de farinha de trigo

30 gramas de polvilho doce

3 gramas de fermento biológico seco instantâneo

10 gramas de açúcar

Água (cerca de 220 ml)

1 colher de chá de sal

1 colher de chá de fermento em pó

1 colher de óleo

Recheio

100 gramas de carne de porco moída ou picada bem miudo

2 cebolas pequenas, picadas

15 gramas de cogumelo seco, reidratado. Pode ser shiitake ou kikuraage

3/4 xícara de broto de bambu cozido e picado

Five Spices, combinação de anis-estrelado, canela, pimenta de Sichuan, cravo e funcho. Use com moderação.

2 colheres de sopa de cebolinha verde picada

Amido de milho

Sal, pimenta-do-reino

Shoyu, açúcar, óleo de gergelim

Prepare a massa. Misture a farinha, o polvilho, o açúcar e o fermento biológico. Adicione a água e amasse. Deverá formar uma massa macia, mas que não gruda nas mãos. Adicione o sal e sove até obter uma massa lisa. Forme uma bola, unte uma tigela com óleo e deixe a massa descansando até dobrar de volume.

Prepare o recheio. Refogue a cebola em um pouco de óleo, em fogo baixo, até que ela fique macia. Adicione a carne de porco  e refogue até ficar cozida. Adicione o cogumelo picado e o broto de bambu. Adicione um pouco de água e deixe cozinhar em fogo baixo. Tempere com five spices, shoyu, açúcar. Corrija o sal. Engrosse o molho com amido de milho diluído em um pouco de água. Adicione a cebolinha e o óleo de gergelim no final. Deixe esfriar.

Depois que a massa fermentou, dilua o fermento em pó em um pouco de água. Pouco mesmo, algo como 1 ou 2 colheres de chá. Adicione à massa e sove um pouco. Deixe descansar por mais 10 minutos. Divida em 10 porções.

Abra cada porção em disco e recheie com um pouco da mistura de carne e feche. Coloque em uma frigideira grande, com revestimento anti-aderente e bem untada de  óleo. Observe que a emenda fica para cima. Deixe crescer.

Depois de crescidos, leve a frigideira ao fogo médio, até dourar o fundo dos pães. Cuidado ao conferir, não amassar a parte de cima do pão. Despeje 1/2 xícara de água na frigideira, pelas bordas, não sobre os pães. Tampe imediatamente, para o vapor não escapar. Mantenha em fogo médio. Quando secar, adicione mais 1/2 xícara de água . Deixe secar e dourar bem o fundo.

Vire sobre um prato, para que a parte dourada fique para cima.

Provei depois de frio. O pão continuava macio, não estava borrachudo. A parte dourada perdeu textura.

 

 

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Pão de Maçã, Caramelo e Pecan

Há muito tempo publiquei uma receita de massa de pão sem sovar. Fez um bocado de sucesso mas acabei deixando de lado. Pelo que andei lendo, tem muita gente procurando e fazendo pães que não precisam de sova, dispensam uma panificadora elétrica. Pensei um pouco e lembrei de uma massa que quase não precisa ser trabalhada para ficar boa. Está mais próxima a uma massa de brioche. É macia mas requer uma boa quantidade de manteiga.

Coloquei no recheio maçãs cozidas. Mas se não tiver, não use. Creio que ficaria bom com passas, por exemplo. Quanto à cobertura, eu ia usar apenas glacê de açúcar de confeiteiro. Só que descobri que não havia açúcar de confeiteiro em casa. Acabei fazendo uma cobertura de caramelo. Pecans entraram por causa da crocância. Não use, se não gostar.

Para a massa:

2 ovos

300 ml de água

80 gramas de mel

500 gramas de farinha de trigo

5 gramas de fermento biológico seco instantâneo

5 gramas de sal

60 gramas de manteiga amolecida

Para o recheio de maçãs:

3 maçãs grandes, descascadas e picadas em cubos de 2 cm de lado

1 colher bem cheia de manteiga

Açúcar a gosto

Para o caramelo:

3/4 xícara de açúcar cristal

1/2 xícara de água

1/2 xícara de glucose (comprado em lojas de confeitaria, é um xarope bem pegajoso e transparente)

3/4 xícara de creme de leite fresco

1 colher de sopa de manteiga

Prepare a massa com bastante antecedência. Misture ovos com mel, adicione a água. Misture o fermento à farinha e adicione aos líquidos. Bata com uma batedeira ou com as mãos, até formar uma mistura pegajosa. Junte o sal e a manteiga, misture mais um pouco, até ficar bem incorporado.

Deixe a massa crescer, coberta com um filme plástico, em uma tigela untada, até dobrar de volume. Abaixe a massa com a mão fechada e leve à geladeira por 6 horas ou mais. A massa ficará mais fácil de trabalhar depois de gelada.

Para o recheio:

Refogue as maçãs na manteiga. Se necessário, adicione um pouco de água e cozinhe até que fiquem macias. Adicione açúcar à gosto, mas não exagere. A cobertura de caramelo também é bem doce. Cozinhe até quase secar, mas sem caramelizar.

Para a cobertura:

Misture o açúcar, a água e a glucose e leve ao fogo até ficar em uma cor caramelo não muito escura. Adicione o creme de leite. Tome cuidado, pode espirrar. Misture devagar, até dissolver todo o açúcar e formar uma calda espessa. Adicione a colher de manteiga e retire do fogo. Quando o caramelo esfriar, formará uma calda pegajosa, quase na textura de um brigadeiro.

Retire a massa de pão da geladeira, divida em duas partes e abra com um rolo em uma superfície ligeiramente enfarinhada. Use a menor quantidade de farinha possível. Distribua os pedaços de maçã sobre a massa, enrole como rocambole e corte em pedaços com cerca de 3 cm. Coloque os rolinhos em pé em duas assadeiras redondas, untadas, deixando algum espaço entre elas.

Deixe crescer até dobrarem de volume. Asse em forno bem quente nos primeiros 10 minutos e depois abaixe até dourar.

Eu cobri os pães assados, ainda quentes, com a calda fria. Ela derrete e escorre, entra pelos vãos. Poderia ter feito diferente: esperado o pão esfriar e despejar a calda morna sobre ele. Creio que o resultado seria uma cobertura mais pegajosa.

Sim, é um trabalho considerável. No entanto, não significa que vai passar horas na cozinha. Cada etapa toma poucos minutos, o que demora mesmo é a fermentação. Outras opções seriam dispensar a calda de caramelo, fazer o pão recheado com passas ou açúcar e canela. O resultado, de qualquer forma, será um pão macio, com uma textura entre o brioche e o panetone.

 

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