Comida é Comida

Não tenho escrito muito nos últimos dias. Continuo cozinhando e até que bastante. Não comemoramos o Natal mas o Ano-Novo é sinônimo de muito mochi, doces, congelador cheio de alguma coisa que possa ser frita ou assada para quem aparecer. Mas não andei fazendo nada de novo. Hoje ganhei alguns ingredientes bem interessantes que vou testar e comentar.

Amigos vieram, talvez venham outros aqui em casa nos próximos dias.

Quem me acompanha pelo Instagram, Twitter ou Facebook viu fotos do que andei cozinhando. Fiz donuts, coxinha, daifuku (só que em vez de rechear com chocolate, foi pasta de castanha portuguesa), yokan de castanhas. Fiz também um pouco de bacon, pastéis com a massa folhada rápida,  frango frito à japonesa (tori no karaague) e pipoca caramelada (não, por favor, não chame de pipoca gourmet). Por conta do calor tomei muito chá gelado e água fresca.

Ou seja, andei fazendo comida para agradar tipos diferentes de pessoas, de diferentes culturas. Comida para comer, sem ideologia, sem interpretações. Comida apenas. Quando recebo gente em casa quero que fiquem à vontade, comam bem e saiam satisfeitos. Não espero transformar em uma experiência gastronômica, embora acabe apresentando uma coisa ou outra que possa ser novidade para um ou outro.

Obviamente sei que comida tem muitos outros significados. Pode ser prêmio, pode ser símbolo de status, pode agente identificador de um grupo, pode ser cultura. Mas no caso vence o espírito de hospitalidade.

 

 

 

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Miso: Tsukemonos

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A pasta de soja é mais conhecida como tempero. A pasta de soja fermentada, no entanto, também é utilizada em marinadas e em um tipo de conserva. Fazemos aqui em casa com certa frequência.

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É muito fácil de ser preparada. Pepinos podem ser cortados ao meio ou, se forem finos, basta arranhar a casca com um garfo. Pode ser feito com melões verdes, nabos, creio que ficaria bom até mesmo com rabanetes. É só enterrar no miso, tampar o pote e guardar na geladeira até o dia seguinte. Antes de consumir, retiro o excesso de miso passando rapidamente na água e corto em fatias.

O miso tem sal e confere um sabor distinto aos vegetais. A textura também é alterada, fica mais crocante. E dizem que as enzimas do miso fazem com que o pepino fique mais fácil de ser digerido. O fato é que conservas desse tipo não faltam em uma refeição japonesa. E há quem goste tanto que coma como um petisco.

 

 

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Quem Quer Aprender a Fazer Panetone?

Então acompanhem o blog da Neide Rigo. Ela está ensinando a fazer o fermento natural, um passo a cada dia:

http://come-se.blogspot.com.br/2014/12/vamos-continuar-fazendo-o-levain-para-o.html

 

 

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Doces Japoneses

Uma amiga dispôs a casa dela para que eu pudesse ensinar doces japoneses (anko, yokan, daifuku e dorayaki) no próximo sábado, em São Paulo. A duração é de cerca de 2 horas e haverá degustação, por R$80,00.

Mais informações pelo e-mail marisaono@gmail.com

 

 

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Refogado de Carne, Salsão e Pimentão

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Ontem eu estava lidando com um salsão enorme. Geralmente já deixo um tanto refogado, separado em porções, para enriquecer um futuro ensopado ou caldo, guardado no congelador. E no meio da tarefa me dei conta que por aqui não temos o costume de comer salsão refogado; ou vai no molho ou vai na salada. Espero que provem. Tem uma textura crocante, um aroma bom e combina muito bem com carnes.  Recomendo cortar em fatias não muito grossas porque é muito fibroso. A carne que vai é pouca. Pense que é mais um item, quase um tempero.

Para 2 pessoas

Cerca de 150 gramas de carne bovina em fatias finas ou tiras. Usei coxão mole, poderia ser alcatra ou patinho

1 ou 2 colheres de sopa de shoyu (molho de soja)

1 colher de sopa de amido de milho

3 talos de salsão, cortados em fatias de mais ou menos meio centímetro

1 cebola média cortada em pétalas

1 ou 2 dentes de alho triturados

1 pimentão verde médio, cortado em tiras de 1,5 a 2 cm

Shoyu, sal, óleo, amido de milho e óleo de gergelim

Tempere a carne com shoyu e deixe pegando gosto enquanto prepara os vegetais.

Refogue a cebola em um pouco de óleo. Junte o salsão e refogue mais um pouco. Retire da frigideira e reserve.

Misture o amido de milho à carne e refogue em um pouco do óleo. Adicione o alho triturado e espere levantar um pouco de cheiro. Junte a cebola e o salsão, cerca de 1 xícara de água ou caldo de galinha e espere levantar fervura. Adicione o pimentão.

Não cozinhe demais, o pimentão tende a ficar molengo. Dissolva um pouco de amido de milho em água fria e adicione ao refogado. Se preferir um molho mais denso, adicione mais, se preferir mais fluido, menos. É uma questão de gosto.

Prove, tempere com shoyu, sal e finalize com algumas gotas de óleo de gergelim. Sirva com arroz.

 

 

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Hidromel e Fermento de Mel

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Michael Pollan em Cozinhar comenta sobre a experiência de fazer hidromel com micro-organismos selvagens. Apelou para um figo feio que tinha em casa e deixou fermentando. Eu poderia ter apelado para fermentos domesticados, tenho alguns aqui, liofilizados, um é até utilizado na produção de sake. Mas resolvi usar uva passa e deixar a contaminação acontecer.

Aliás, vale lembrar que em um ambiente completamente limpo não vai acontecer nada ou pouca coisa. Para fazer hidromel não lavei as passas. Não usei água clorada. Fermentação, sob certo aspecto, envolve alguma “sujeira”, seja vindo o ar, da farinha, de alguma fruta passada.

E me perguntam: É seguro? Costumo descartar tudo que tenha um cheiro muito estranho, como esgoto ou acetona e tudo que tem o gosto muito ruim. No mais, estou vivendo. Li em algum lugar uma história sobre uma senhora que fazia carnes curadas em casa. Antes de comer, oferecia para o cachorro. Se ele recusasse ou passasse mal, ela descartava.

No caso do hidromel, creio que é sim, seguro fazer em casa. O gosto é bom, o cheiro também e, afinal, é uma das bebidas mais antigas da humanidade.

Na verdade é bem simples. Para cada xícara de mel, adicionei 4 xícaras de água fervida, já fria e algumas passas (sem lavar). Coloquei em uma garrafa PET limpa e tampei. Quando começaram a surgir bolhas, afrouxava um pouco a tampa para que escapasse um pouco de gás – só um pouco, não todo, a intenção é não deixar o ar entrar – e deixei por dias.

Na primeira experiência, deixei fermentar por uma semana. A bebida tem um pouco de álcool e um pouco de gás, mas ficou muito doce.

Na segunda vez, deixei fermentar por duas semanas. Ficou menos doce, com mais álcool (pena que não tenho como medir o teor alcoólico) e um pouco de gás. É uma bebida agradável sim, mas o sabor vai depender muito do mel utilizado. E é possível adicionar ervas e especiarias, mas aí já muda o nome, é chamado de  Metheglin.

Agora estou deixando fermentar para ver até onde o fermento selvagem vai trabalhar. Na pior das hipóteses, acabarei com um vinagre de mel. Dizem que dificilmente passará dos 5% de álcool, ou seja, nunca será uma bebida forte.

Peguei um pouco desse hidromel e testei em um pão. Sim, se faz bolhas, se produz gás, deve de servir para fermentar pão. O mesmo faria se tivesse cerveja não-pasteurizada.

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Simplesmente misturei hidromel com farinha e deixei fermentando em um canto da cozinha. Depois de 12 horas a fermentação era bem evidente.

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As bolhas formadas eram bem pequenas. Alguns fermentos que eu tenho produzem bolhas bem maiores.

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Depois de fermentada essa “isca”, medi 200 gramas dela e misturei a 300 gramas de farinha, 7 gramas de sal e água o suficiente para formar uma massa macia. Untei uma tábua com bastante azeite (cerca de 1/4 de xícara) e sovei por uns 10 minutos. Depois deixei descansando, até dobrar de volume. O dia estava quente, só levou umas 5 horas.

Enrolei em um cilindro longo e fiz duas bisnagas (carioca não fala bengala, a minha infância desconhecia a baguette) e deixei crescer em um ambiente úmido (deixei uma tigela de água quente dentro do forno) para que o pão não resseque demais. Fiz cortes e assei.

O pão me lembrou alguma coisa que comi na infância, no Rio, numa época em que as padarias de lá eram, na grande maioria, de portugueses. O miolo era macio mas consistente, a casca fina e crocante. Poderia ter obtido uma côdea mais grossa, bastava assar por mais tempo, até ficar bem mais escuro. Sim, não ficou muito diferente do pão frances. Mas um pão francês do tempo em que as padarias faziam a própria massa e não compravam de uma indústria que os vende enrolados e congelados. Não tem a complexidade de alguns fermentos naturais, que conferem ao pão um sabor levemente ácido. Mas gostei do resultado. No dia seguinte continuou bom.

 

 

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Pão Recheado Feito Na Chapa

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Eu gosto muito de pão. Pão simples, pão de forma, pão de fermentação natural. Só que resolvi tirar da equação uma coisa: o forno. Não estou inventando nada, a humanidade começou a assar pão em chapas, placas de pedra ou até mesmo sobre areia aquecida por uma fogueira. Claro que não fica um pão com a crosta uniforme. Mas não ficou ruim como um lanche rápido. A massa também não vai muita coisa, não, basicamente é uma massa de pizza. E o recheio pode ser qualquer coisa que gostar. No caso, queijo e presunto. Só não exagere na quantidade e evite coisas que soltem muita água, pode deixar o pão com uma textura “encruada” por dentro.

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Para a massa:

2 xícaras de farinha de trigo

1 colher de chá de fermento biológico seco instantâneo

1 colher de chá de açúcar

Sal à gosto

Água

1/4 de xícara de chá de azeite ou óleo

Misture a farinha, o açúcar, o sal e o fermento. Vá adicionando a água aos poucos, misturando até formar uma massa bem macia, um pouco pegajosa. Regue com o azeite e sove por uns 5 minutos, até ficar um pouco mais lisa, homogênea. Cubra com um filme plástico e deixe descansar até dobrar de volume.

Abaixe a massa com o punho fechado e divida em 8 porções. Abra cada porção (talvez precise de um pouco de farinha para não grudar na mão) e recheie, fechado bem a emenda. Achate um pouco cada pãozinho, porque cozinha melhor achado que redondo.

Não precisa fermentar novamente. Acomode em uma frigideira levemente untada os pães (fiz 4 de cada vez) aquecida, mas não fumegando. Usei uma frigideira de fundo grosso, poderia ser uma chapa de ferro. Assei em fogo baixo até dourar bem de um lado e virei, para dourar de outro.

Da próxima vez irei fazer sem recheio mesmo. Ou misturar alguma erva seca à massa.

 

 

 

 

 

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Togan, Subui, Abóbora D’água

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Creio que já comentei sobre esse cucurbitácea. Encontrei na feira, pode ser oferecida com diversos nomes. Essa era arredondada mas há também uma variedade alongada, lembrando uma melancia Santa Bárbara.

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O feirante concordou em vender metade. Não é muito comum, geralmente querem que a gente leve ela inteira, mas é muito. Esse pedaço tinha quase 2 kg. A polpa é branca, as sementes lembram a de uma abóbora comum.

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A casca é dura e precisa ser retirada. Para terem uma ideia, parece com a casca de uma melancia, cerosa. Por isso mesmo dura muito depois de colhida. No Japão e China costuma ser comida na inverno exatamente por sua boa conservação. Se não parti-la irá durar meses, o que garante comida durante os meses nos quais quase não se colhe nada na horta.

Ela é consumida em ensopados, sopas. Solta muita água, portanto, cuidado para não usar água demais no cozimento. E encolhe um pouco também. Reconheço que não tem muito gosto, é algo como o chuchu. Tem uma textura muito macia, suculenta e absorve o sabor do caldo em que foi cozido. Gosto de fazer com camarão ou só em um caldo leve e temperar com miso. Em pedacinhos, numa sopa de ovos ou frango também é bom.

E, apesar de ser muito comum na Ásia, para nós é uma PANC (Planta Alimentícia Não Convencional). E para quem quiser plantar, ela cresce no final da primavera e se desenvolve no verão. Como a maioria das cucurbitáceas, é sujeita a ataque de fungos nas folhas, principalmente em regiões quentes e úmidas. É melhor se plantada em lugar com bastante espaço e terreno com boa drenagem.

 

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Tofu e Arroz: Duas Dicas

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Tofu é bom mas tem um prazo de validade curto. Costuma estragar com facilidade. Fazer em casa dá um certo trabalho. Esse tofu vem em embalagem tetrapack, é importado dos Estados Unidos e se mantém fresco por muito tempo.

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Para abrir, basta cortar as pontas (tem instruções com desenho em um dos lados). Vem nas versões “macio”, “firme” e “extra firme”. É do tipo “sedoso”, ou seja, tem uma textura de flan e não tem coágulos, como no tipo “momen”.

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É feito com soja não-transgênica e o coagulante também é retirado de um vegetal. Provei. Não vou dizer que é tão bom quanto um bom tofu fresco. Certamente já comi melhores. No entanto, pela praticidade, pela possibilidade de ter esse ingrediente na dispensa e poder fazer um misoshiru (sopa de soja fermentada) a qualquer hora, achei bom. É importado pela Sakura.

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E outro dia eu estava arrumando os pacotinhos de arroz e lembrei que não comentei isso ainda.

Aqui em casa somos só duas pessoas que não comem tanto arroz assim. Para evitar desperdício e economizar energia elétrica (fazemos arroz na panela elétrica) eu divido as porções em pacotes, envolvo em filme plástico, fazendo placas achatadas. Quanto mais fino, mais rápido irão congelar e descongelar.

Congelo e na hora de comer descongelo no microondas (cerca de 3 minutos). E raramente congelo por muito tempo, já que fazemos arroz com frequência.

Para quem mora sozinho seria uma opção de fazer uma quantidade maior de arroz e congelar as porções para a semana, por exemplo.

 

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Sobre Alex Atala

Outro dia me perguntaram assim, na bucha, se eu achava que o chef Alex Atala merecia toda a atenção que recebe da mídia.

Vamos por partes. Conheço-o mas não tanto. Conversamos algumas vezes, poucos minutos. Nunca tive uma conversa longa, tardes calmas, café na caneca, pé no chinelo, muitos cigarros. Quem já veio aqui em casa entende. Sou uma pessoa que gosta de conversar e (espero que muitos concordem) que gosta de ouvir.

Também nunca fui ao D.O.M. Não tenho dinheiro nem roupa para isso. Fui uma vez ao Dalva e Dito mas não comi a comida dele e sim a do Thiago Castanho. O que provei em aulas, palestras, etc é só um pequeno vislumbre da cozinha dele. Acho que não dá para dizer muita coisa em cima disso.

Quando me perguntaram sobre a importância dele, veio à minha mente não só ele, mas muitos.

Sim, acho merecido. Pode até não ser pela comida (a afirmação irá indignar muita gente, eu sei). Mas pela influência que ele é.

Como muitos sabem, vivi muitos anos no Japão. Quando se falava sobre o Brasil por lá, as imagens que as TVs japonesas exibiam eram do Carnaval do Rio, da floresta Amazônica, dos jacarés do Pantanal. Povo e natureza exuberantes. E só. Mesmo quando Carlos Ghosn assumiu a Nissan, as TVs se recusavam a admitir que ele era brasileiro de Porto Velho.

E um dia vejo uma jornalista japonesa entrar no D.O.M, provar a sobremesa que leva chocolate e curry. Queria saber mais desse lugar que estava listado entre os melhores restaurantes do mundo. Também vi em outro dia ele no Japão, provando caldos feitos com alga kombu, bolando combinações com ingredientes brasileiros. Só por isso já acho que ele fez muito pela imagem exterior do Brasil.

Também é inegável a influência na gastronomia brasileira. Estamos vivendo o momento do ingrediente. Tem gente pesquisando cogumelos amazônicos, tem gente dando novos usos aos frutos do cerrado, tem gente usando mel nativo. Tem também muita gente usando PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais). Ou seja, já que ele colocou formiga no prato, todo mundo se animou a morder, provar e usar ingredientes que saem da floresta, do “mato”, do quintal. Nenhum ingrediente é menos nobre. E eu estou gostando dessa diversidade, dessa curiosidade toda.

Recentemente ele recebeu o prêmio de Personalidade do Ano do “Pintou Limpeza”, prêmio das rádios do grupo Estadão (Eldorado e Estadão) por conta do instituto ATÁ e seu comprometimento com a biodiversidade, sociodiversidade e agrodiversidade.

Por tudo isso eu disse “sim”. Porque é possível que um dia as atenções não estejam mais focadas nele. As coisas mudam, modas, costumes. Mas ele já deixou uma marca.

 

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